Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 05, 2009

Abraços Partidos, de Pedro Almodóvar

Implosão criativa

Abraços Partidos mostra que nem Almodóvar está livre de errar


Isabela Boscov

Divulgação

ESTRANGULAMENTO
Penélope Cruz em Abraços Partidos: desgracioso e raivoso


Dezesseis anos atrás, Pedro Almodóvar chegou a um estrangulamento criativo. O espanhol vinha de uma fase vivíssima, durante a qual, com Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, Ata-me! e De Salto Alto, se firmara como um comediante do absurdo e o mais original dos diretores europeus. Em Kika, seus temas e estilo habituais tornaram-se pesados e estéreis. Almodóvar deu a volta por cima: em 1999, com Tudo sobre Minha Mãe (e, depois, Fale com Ela e Volver), iniciou outra fase extraordinária, de um olhar intensamente revelador sobre as pulsões que outros considerariam desvios ou aberrações. Agora a história se repete. Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos, Espanha, 2009), desde sexta-feira em cartaz no país, trata de um roteirista (Lluís Homar, um ator opaco) que antes de ficar cego era diretor e tinha um romance com sua musa (Penélope Cruz). A qual, antes de ser atriz, era garota de programa e amante de um magnata sórdido. Dito assim, o enredo parece dar continuidade à etapa atual da carreira do espanhol – mas é sua implosão. Como Kika, é um filme desgracioso, absorto em si mesmo e algo raivoso. Agora, é esperar que Almodóvar reinicie um novo ciclo. E que também este venha a ser extraordinário.

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