O governo federal deu início a uma campanha destinada a mostrar que Dilma na Presidência da República será garantia de estabilidade econômica.
Ontem, o presidente Lula avisou que, se vencer as eleições, Dilma não abandonará o controle da inflação: Ela tem juízo político e econômico, não rasga nota... Só faltou dizer: ... Ao contrário do Serra, que acha que está tudo errado na atual política econômica e que pretende mudar tudo, sabe-se lá para que direção.
Antes de Lula, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, já vinha advertindo para o que chama de risco eleitoral. Em entrevista publicada no jornal O Globo de domingo, avisou que, ao insistirem em defender reviravoltas na política macroeconômica, certos candidatos à Presidência da República podem criar insegurança e, dessa maneira, prejudicar o processo de tomada de decisões e os investimentos.
O alvo do presidente do BC, hoje no PMDB, partido da base do governo, é o atual governador paulista, o tucano José Serra. Como é quase certo que será o candidato da oposição à Presidência e como tem repetido que está tudo errado no câmbio e nos juros, se for eleito, o governador parece mesmo disposto a montar uma política econômica em bases diferentes das que vigoram desde o governo Fernando Henrique.
Em 2002, as pesquisas de intenção de voto já davam como certa a eleição do então candidato Lula a um primeiro mandato, depois de uma longa pregação de ruptura com tudo o que está aí. Foi o que criou nervosismo nos mercados e exigiu que, em junho daquele ano, Lula assinasse a Carta ao Povo Brasileiro, documento pelo qual se comprometeu a garantir o ataque sem trégua à inflação por meio dos juros e do cumprimento do superávit primário nas magnitudes que viessem a ser necessárias para garantir a estabilidade da economia.
Ao advertir para o surgimento de riscos eleitorais, Meirelles também parece justificar sua política de amealhamento de reservas como defesa contra turbulências que possam acontecer na campanha. No entanto, se reservas de US$ 200 bilhões foram mais do que suficientes para fazer da maior crise desde os anos 30 não mais do que uma marolinha para o barco brasileiro, por que então seguir entesourando?
O que o presidente do BC parece dizer é que o risco eleitoral representado pela candidatura Serra tem potencial ainda mais desestabilizador do que teve a própria crise financeira.
Assim, ao expor a reconhecida fragilidade política de Serra como crítico insistente da atual política econômica, Meirelles mostra ao PT, ao PMDB e ao próprio presidente Lula como poderia contribuir para lançar o candidato da oposição a um confronto perdedor.
De todo modo, Serra parece encurralado. Ou será obrigado, também ele, a beijar a cruz e a assinar uma Carta ao Povo Brasileiro e, nessas condições, dizer que a política do governo Lula está correta. Ou, então, terá de insistir nas críticas que tem feito há anos: que o câmbio e os juros estão errados e que, uma vez eleito, mudará tudo, apesar das advertências de que essa virada de mesa levaria ao risco de desarrumar o setor produtivo.
Confira:
Interdependência - O Financial Times, de Londres, entendeu que a Conferência de Copenhague mostrou mais do que o fracasso das negociações.
Foi o reconhecimento da enorme interdependência entre povos e Estados-nações.
A escolha agora é entre um mundo no qual Estados poderosos são contidos por um multilateralismo cooperativo; ou no qual estarão fortemente divididos pelo nacionalismo estreito. Nesta década tudo mudou. A próxima será determinada por como as grandes potências - as antigas e as emergentes - se tornarão condutoras ou vítimas da nova ordem global.