O GLOBO
Agora que está definido, pelo menos até março, que o candidato do PSDB à Presidência da República é mesmo o governador de São Paulo, José Serra, as negociações políticas para armar os palanques regionais e as coligações nacionais poderão ser feitas por ele sem qualquer constrangimento, a não ser os legais. “Agora é Dilma contra Serra”, anunciou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra. Os tucanos terão que testar para valer a atratividade que seu palanque provoca nos partidos que ainda estão na base do governo.
Tomando-se como parâmetro as atuações do presidente Lula e de sua candidata Dilma Rousseff, os limites para a ação de um pré-candidato estão cada vez mais ampliados, e não seria razoável o TSE exigir do précandidato oposicionista um comportamento menos explícito do que o da candidata do governo.
Ficará ao discernimento do próprio Serra a desenvoltura com que se comportará daqui para adiante, e, se mantiver uma postura mais comedida que sua adversária, será apenas por estilo e conveniência política, para marcar a diferença contra o que podem ser considerados abusos do governo no uso da máquina pública a favor de sua candidata.
Ontem mesmo o presidente Lula falou abertamente em Copenhague sobre a candidatura de Dilma, dizendo que ela vencerá a eleição de 2010 porque tem “grande qualidade”, e disse que o trabalho da oposição será muito difícil devido às grandes obras de seu governo, coordenadas por ela.
Fez lá o que faz aqui quase diariamente, andando de cima para baixo com Dilma debaixo de sua asa, sem que o tribunal considere que as leis eleitorais estão sendo burladas.
O governador Serra já estava deixando a cautela de lado para comparecer a programas populares televisivos, e agora poderá intensificar seus encontros políticos sem causar atritos com Aécio.
O governador de Minas, por sua vez, continua sendo uma peça chave para a sucessão presidencial, dependendo de sua influência no estado o sucesso de uma candidatura tucana à Presidência da República.
Nas duas eleições em que disputou o governo de Minas, Aécio venceu no primeiro turno, sendo que na reeleição em 2006 venceu com impressionantes 77% dos votos.
Os candidatos tucanos à Presidência da República não tiveram, no entanto, a mesma contrapartida. Em 2002, quando Aécio venceu com 57,7% dos votos, o candidato Serra teve apenas 22,9%, e, em 2006, Alckmin teve 40,6%.
Em 2002, Serra ainda teve candidatos fortes em Minas, como Garotinho, que teve 14,4%, e Ciro Gomes, com 9,2%. Em 2006, nem isso: Heloisa Helena teve 5,7% e Cristovam Buarque teve 2,7%.
O aumento da votação do candidato tucano na última eleição presidencial teve mais correspondência com a fraqueza eleitoral de seus adversários do que propriamente com o aumento de transferência de votos do governador Aécio Neves. Lula teve o mesmo nível de votação: 53% em 2002 e 50,8 em 2006.
Se a situação atual é mais favorável, pois Dilma não é Lula, há uma diferença fundamental: o candidato a governador não será mais Aécio, mas seu vice, Antônio Anastasia, o que demandará tanto ou mais esforço do governador quanto o que Lula está fazendo para tentar emplacar Dilma.
Ao mesmo tempo, o governador Aécio Neves não pode se descuidar da eleição mineira, não apenas em termos locais, mas também nacionais.
A candidata adversária, tendo nascida em Minas, pretende ressaltar essa característica na campanha eleitoral.
E o PT tem uma estrutura forte no estado e dois candidatos importantes: o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, “o pai” da Bolsa Família, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.
Há ainda a presença forte do PMDB no estado, com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, liderando as pesquisas para o governo.
Mesmo tendo a eleição para o Senado garantida, de nada servirá a Aécio ser um senador de uma bancada minoritária e fraca, com o PT governando o país e seu estado ao mesmo tempo.
Mesmo elegendo o governador, se a candidata oficial vencer a eleição, com votação forte em Minas, o senador Aécio ficará enfraquecido em Brasília, e o Senado deverá continuar sendo presidido pelo PMDB.
Mas a carta de desistência de Aécio tem alguns trechos significativos e, sobretudo, coisas que não foram escritas por razões políticas importantes.
Ele não se referiu a Serra como o candidato natural, embora tenha dado entrevistas dizendo que resolveu antecipar sua decisão por que sentia uma tendência a favor do governador paulista, devido à sua liderança nas pesquisas.
Com isso, deixa aberta a possibilidade de vir a ser o escolhido em março, caso o governador paulista desista de concorrer.
Mas Aécio também não escreveu que não aceitará ser vice-presidente na chapa tucana, embora afirme isso em entrevistas. Poderia tê-lo feito, e aí estaria colocando um obstáculo sério a uma mudança de posição.
As duas situações estão abordadas em trechos da carta.
Quando ele escreve que, apesar de desistir da pré-candidatura, não abandona as convicções e disposição “para colaborar com meu esforço e minha lealdade para a construção das bandeiras da social democracia brasileira”, está se colocando à disposição do partido, o que pode significar que aceitaria ser chamado novamente para disputar a Presidência, ou que pode vir a aceitar compor a chapa como vice-presidente.
Ou simplesmente garantindo que dará o apoio necessário para que o candidato do partido tenha uma boa votação em Minas.
O fato é que a escolha do candidato tucano desta vez está sendo feita aparentemente sem grandes atritos, e a situação política ficou mais clara para a oposição.
Serra estará exposto a chuvas e trovoadas (com trocadilho e tudo) a partir de agora, mesmo à sua revelia.
Entrevista:O Estado inteligente
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