Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, janeiro 02, 2009

VEJA Carta ao Leitor

Quando a razão é desrazão
Chris Carlson/AP e Dan Bality/AP
Obama e a guerra na Faixa de Gaza
Mundo complicado, não raro sem vasos comunicantes com campanhas eleitorais

O conflito entre Israel e palestinos entrou para a categoria dos fenômenos crônicos, para os quais ou não existe solução ou a solução é árdua demais para ser viabilizada – o que, na prática, dá na mesma. No caso em questão, os nós górdios são a retirada de todos os colonos israelenses dos territórios ocupados em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, a repartição de Jerusalém entre os dois lados, o reconhecimento, por parte dos palestinos, da legitimidade do Estado de Israel e, como corolário desse último item, o fim dos atos terroristas perpetrados contra cidadãos judeus. Um acúmulo de animosidades e ressentimentos históricos impede, no entanto, que tais nós sejam desatados pela lógica da diplomacia. Para piorar a situação, os palestinos dividiram-se entre aqueles que apoiam a Autoridade Palestina, que negocia com Israel, e o Hamas, o grupo terrorista que prega a destruição do estado israelense, fundado em 1948 na esteira do holocausto. É o Hamas o alvo da operação das Forças Armadas de Israel na Faixa de Gaza. O grupo vinha utilizando o território, dominado por seus militantes, para lançar foguetes contra alvos do outro lado da fronteira. Do ponto de vista estritamente militar, a operação é movida por uma causa razoável? Aparentemente, sim. Do ponto de vista humano, ela é desproporcional? Absolutamente, sim.

Eis a essência do problema quando o assunto é Israel e palestinos: ambos os lados conseguem ter razão não tendo, muitas vezes, razão nenhuma. Nesse universo em que reina a falta da racionalidade cartesiana mais comezinha, é provável que tenha entrado no cálculo israelense criar uma situação que inviabilize ao novo presidente americano, Barack Obama, concretizar uma das suas promessas de candidato: a abertura de um canal de conversação com arqui-inimigos de Israel, entre eles o Irã. É outra mostra de como o mundo é um lugar complicado, não raro sem vasos comunicantes com campanhas eleitorais.

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