Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
domingo, janeiro 11, 2009
Augusto Nunes SETE DIAS
Ele sabe até o que fez Capitu
A platéia sempre em luta con- tra o cochilo iminente arregalou os olhos já no começo do discurso do presidente da República. "Hoje é um dia tão marcante para a nossa linda literatura", lembrou em 30 de setembro à platéia reunida na Academia Brasileira de Letras o único chefe de governo do mundo que, faz pouco tempo, confessou que preferia exercício em esteira a qualquer leitura. Dois parágrafos além, o mais cético dos imortais desconfiou de que estava testemunhando uma espantosa reedição do "estalo de Vieira". Segundo a lenda, o padre Antonio Vieira foi um perfeito imbecil até erguer-se da cama onde o atirara a tremenda dor de cabeça transformado no maior orador do Brasil colonial. Segundo a discurseira no auditório da ABL, alguma metamorfose misteriosa operara a conversão do inimigo juramentado de vogais, consoantes, pontos e vírgulas. "Ainda faltam muitos capítulos no acesso à leitura no Brasil", continuou a procissão de sobressaltos, encerrada com a notícia formidável: Lula lê livros. E aprecia Machado de Assis.
Bem no dia do centenário da morte do fundador e primeiro presidente da ABL, os corações imortais entraram em descompasso ao saberem que, entre todos os romancistas, Lula considera "insuperável" esse brasileiro "mulato, filho de lavadeira e neto de escravos alforriados".
"Machado de Assis venceu pelo seu próprio talento individual, mas quantos outros gênios da raça foram impedidos de surgir e de se desenvolver?", perguntou. O escritor a quem se referiu como "o bruxo genial do Cosme Velho" já lhe soprara a resposta. "Disse Machado de Assis que palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo ou uma revolução", caprichou o homem que formalizara a adesão do Brasil ao acordo sobre a reforma ortográfica. "Façamos juntos a revolução do livro e da leitura em nosso país", exortou. Na semana passada, com a publicação da conversa entre o presidente e o jornalista Mario Sergio Conti, da revista Piauí, desfez-se o equívoco. Quem sabe quem foi Machado de Assis é o ministro Luiz Dulci, redator do discurso que o chefe recitou. Lula continua a fugir de livros como o diabo foge da cruz, o vampiro da luz do sol ou o Congresso da decência. Parou até de folhear jornais ou revistas, contou na entrevista à Piauí. "Dá azia", resumiu. Embora também se tenha dispensado de ouvir noticiários radiofônicos ou telejornais, considera-se muito bem informado sobre o país e o planeta. Lêem por ele o ministro Franklin Martins e a assessora Clara Ant. Além dos quatro olhos amigos, Lula conta com o mundão de gente que encontra todo dia. E, em momentos críticos, troca idéias com Deus. Longe dos jornais e da internet, consegue avaliar o desempenho da imprensa, dar notas a colunistas ou indicar blogs e sites. Lula só leu Machado de Assis em placas de ruas batizadas com o nome do escritor. Mas decerto já sabe se Capitu traiu.
Isso sim é que é
coisa de bêbado
Em 2007, o Ministério dos Transportes foi contemplado com uma verba de R$ 7,6 bilhões para tornar menos mortal a malha rodoviária federal em acelerada decomposição. Só aplicou R$ 2,9 bilhões. Em 2008, o governo usou conforme o combinado apenas 15% do dinheiro destinado a obras de manutenção e recuperação das estradas em decomposição. No Rio, por exemplo, o indíce não passou de raquíticos 2%. Confrontados com a multidão de vítimas das rodovias assassinas, os pais da pátria fingem que o Brasil não estaria concorrendo com o Iraque ou a Faixa de Gaza se a Lei Seca fosse aplicada com rigor. Parece conversa de bêbado.
O abraço que
comove o país
Há uma semana na tela da Globo, a minissérie que reconstitui a vida da grande Maysa é um emocionante abraço póstumo concebido pelo filho inteiramente reconciliado com a mãe que já não há. Diretores comuns teriam sucumbido ao acerto de contas imposto por ressentimentos ou escorregado na pieguice nascida da falácia segundo a qual a morte apaga todos os desencontros. O talento e a sensibilidade de Jayme Monjardin permitiu-lhe encontrar o caminho do meio. Imaginava-se que Maysa não era alguém que um filho pudesse decifrar. Sabe-se agora que só o filho saberia reapresentá-la ao Brasil de frente, de perfil e sem retoques.
O Brasil segue financiando a gastança olímpica
O Tribunal de Contas da União constatou que os organizadores dos Jogos Pan-Americanos do Rio estabeleceram um recorde de espantar qualquer especialista em desvio de verbas: o superfaturamento das obras passou de 1.000%. A proeza comandada pelo Ministério do Esporte e pelo Comitê Olímpico Brasileiro, com a ajuda da prefeitura carioca, ofuscou outras façanhas de bom tamanho. Entre 2004 e 2008, por exemplo, o Comitê Olímpico Brasileiro embolsou R$ 1,2 bilhão em recursos públicos. Em outros países, os recordistas tratariam de afastar-se do noticiário por algum tempo. Como isto é o Brasil, os craques não descansaram sequer nos feriadões do fim de ano, informou o Diário Oficial em edições sucessivas. Entre o Natal e o Réveillon, o ministro Orlando Silva e o presidente do COB, Carlos Nuzman, trataram de provar que, por aqui, a crise é mesmo uma marolinha. Fazer do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 é coisa que não tem preço. Qualquer bolada parece troco se investida na candidatura que vai materializar o sonho de todos os cariocas. Em busca de votos, é preciso investir, "no evento Sportaccord 2009, a ser realizado em Denver/Colorado", a módica quantia de R$ 492.116,23, engolidos por "trabalhos de ação e preparação". É pouco diante dos R$ 7.380.106,54 exigidos pela "organização da Visita de Avaliação Técnica do Comitê Olímpico Internacional", prevista para abril de 2009. O dinheiro já está com o COB. Parece muito diante dos R$ 276.247,04 aplicados na "ação de relações públicas internacional, por ocasião de entrega do Dossiê de candidatura em Lausanne". Não é: a campanha em favor do Rio não pode perder palanque nenhum. Nem dispensar o apoio de assessorias e consultorias especializadas em mostrar o maior dos azarões com jeitão de favorito. É por isso que a primeira verba do ano contemplou a "contratação de serviço de Consultoria Internacional especializada em Relacionamento e Marketing Institucional, visando à coordenação e o desenvolvimento da estratégia de Marketing Institucional". Tamanho da conta: R$ 2.312.359,83. O Congresso continua achando que nada disso vale uma CPI. É o Brasil.
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
janeiro
(416)
- A saia-justa de Lula em Belém
- Estragos de um presidente ignorante Mauro Chaves
- Bolsas & famílias Míriam Leitão
- Repúdio ao protecionismo Celso Ming
- Aula magna de Heráclio Salles Villas-Bôas Corrêa
- Uma conta de chegar Dora Kramer
- Lula, a azia e Brown Clóvis Rossi
- Terra de cego Merval Pereira
- VEJA Carta ao Leitor
- VEJA Entrevista Mauricio de Sousa
- Diogo Mainardi Questão de tradição
- MILLÔR
- RADAR Lauro Jardim
- André Petry Lembra-te de Darwin
- J.R. Guzzo O preço a pagar
- Conversa com Diego Hypólito
- Aviação Lobistas cobram 18 milhões da Embraer
- Sarney se compromete com tudo e com todos
- O fim do terceiro mandato
- O PT, finalmente, expulsa Babu
- A cartada de 819 bilhões de dólares de Obama
- Investimentos Pé no freio atinge muitos proj...
- Davos O novo fórum social
- Especial Robinho: dinheiro, fama e confusão
- Tecnologia A banda larga superveloz
- O calendário maia, a nova superstição
- José Alencar: doze anos de luta contra o câncer
- O perdão para os excomungados
- Búzios: bom, bonito e caro
- Cães feios, mas queridos
- As musas do Carnaval 2009 cresceram
- Menos burocracia no dia-a-dia
- Menores, mas eficientes
- As estrelas da religião
- O Leitor, com Kate Winslet e Ralph Fiennes
- Dúvida, com Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman
- Se Eu Fosse Você 2, com Glória Pires e Tony Ramos
- Memória John Updike
- VEJA RECOMENDA
- Forum sexual mundial? Por Ralph J. Hofmann
- Transmutação quântica da consciência das zaméricas...
- Deve ser por isso... Maria Helena Rubinato
- Dora Kramer Tábua rasa
- Números contam Miriam Leitão
- Mau sinal Merval Pereira
- Clipping de 30/01/2009
- Outro mundo - Fernando Gabeira
- O que nos faz diferente desta vez-Luiz Carlos Mend...
- Maldito Estado, maldito mercado- Vinicius Torres F...
- A democracia que queremos - Marco Maciel
- Parque dos Dinossauros - Lula encontra Evo, Chávez...
- Dora Kramer Como Pôncio Pilatos
- Clipping de 29/01/2009
- Crime impune - Mírian Leitão
- Podemos exportar mais Alberto Tamer
- Obama e Lula Eliane Cantanhede
- O paradoxo de Davos Merval Pereira
- O capitalista e o comunista Clóvis Rossi
- O papel da oposição Gustavo Fruet
- O grande estelionato mercadista Vinicius Torres F...
- O governo começou Carlos Alberto Sardenberg
- A lógica circular da crise econômica Paulo R. Haddad
- Battisti, uma questão italiana Roberto Cotroneo *
- O caso Cesare Battisti Almir Pazzianotto Pinto
- Governo corta o vento que não virá por Míriam Leitão
- Burocratas do comércio Celso Ming
- O anacronismo - Mírian Leitão
- O que não faz sentido Dora Kramer
- À sombra de Obama Merval Pereira
- Por que Keynes? Antonio Delfim Netto
- Clipping de 28/01/2009
- Augusto Nunes O bravo vencedor da luta no açougue
- Paul Krugman How late is too late?
- Friedman: conflito entre palestinos e israelenses ...
- Falta governo
- Irmão gêmeo- Xico Graziano
- De lei forte e carne fraca Dora Kramer
- Retrato da crise Celso Ming
- Clipping de 27/01/2009
- Mudança dos ventos Merval Pereira
- Luzes de alerta Panorama Econômico - Mírian Leitão
- Rubens Barbosa,O BRASIL E OS EUA, DE OBAMA
- Um gato chamado ''Prestígio'' Gaudêncio Torquato
- A verdadeira face do presidente Carlos Alberto Di...
- As promessas de Jobim
- Clipping de 26/01/2009
- Clipping de 24/01/2009
- Clipping de 25/01/2009
- A ERA DA ESPERANÇA por Rodrigo Constantino
- LAPOUGE, OBAMA E AS FORMIGAS DE GAZA
- TRANSIÇÃO PARA O SOCIALISMO por Ipojuca Pontes
- FERREIRA GULLAR As razões do ódio
- VINICIUS TORRES FREIRE Lula, BNDES, fusões & aqui...
- Blindagem rompida Paulo Renato Souza
- Eleições e crise na América do Sul Sérgio Fausto
- Dora Kramer Caroço no angu
- Míriam Leitão O ar da mudança
- Celso Ming 100 bi para a mãe do PAC
- Só com palavras não se criam empregos José Serra
- Modelo distorcido Merval Pereira
-
▼
janeiro
(416)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA