Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, dezembro 01, 2005

ELIANE CANTANHÊDE A bengalada de Palocci

FSP
BRASÍLIA - Palocci anda mesmo com azar, e o azar dele é também de Lula. A última notícia ruim foi a queda de 1,2% do PIB no trimestre. A queda era prevista, mas ninguém imaginava tanto. Ruim para a economia e para o país, péssimo para Palocci e pior ainda para Lula.
Assusta os empresários, afeta os empregos e é mais um tranco em Palocci, que já tem o rastro dos Buratti, dos Poletto, dos Barquete, além da oposição pública de Dilma Rousseff. E pior para Lula, porque seu discurso da reeleição perde as loas ao "desempenho da economia".
Sem a bandeira da ética que sempre alavancou o PT e sem o grito de mudança que gerou a onda vermelha de 2002, a campanha de Lula fica pendurada no Bolsa-Família. Ele continua achando, para fora e para dentro, que tudo vai às mil maravilhas. Mas não é isso que a realidade mostra e as pesquisas refletem.
Impossível não fazer a conexão entre Palocci e Dirceu, que foram os dois pilares do governo Lula e devem ficar fora da campanha de 2006.
No primeiro escândalo envolvendo o agora famoso Buratti, dei à coluna o título "O Waldomiro de Palocci", mas mudei na edição São Paulo (que é editada mais tarde), temendo ser injusta com o ministro da Fazenda. Hoje, vê-se que o caso Waldomiro, simbolizado pela propina pessoal de 1%, não chegava aos pés do imenso e ainda nebuloso caso Buratti.
Desde então, Dirceu foi se afundando na arrogância, enquanto Palocci se mantinha na superfície com jeitão de bom moço. Um caiu da Casa Civil, foi acusado e julgado pela Câmara. O outro afunda e emerge, surfando no temor geral, inclusive do PFL e do PSDB, de desandar a economia -a única área razoavelmente tranqüila.
A queda do PIB (segunda maior em dois anos e meio) expõe Lula desfilando de palanque em palanque com um discurso populista, sem a bandeira ética, sem primar pela eficiência e com seus homens-fortes debaixo de bengaladas. Só um Bolsa-Família seria capaz de reelegê-lo? Sei não.

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