FSP
Há 12 meses, havia grande expectativa em relação ao desempenho da economia em 2005 e tranqüilidade em relação a 2006. Do ponto de vista do governo, 2005 seria um ano de crescimento e avanço na agenda do Congresso e 2006 consagraria o projeto de reeleição. Como se sabe, depois disso veio o tsunami. O quadro político foi radicalmente alterado, mas há boas razões para supor que 2006 vá ser um ano mais estável do que 2002.
O ano de 2002 foi marcado por uma explosão do risco. Havia uma grande dúvida acerca daquilo que poderia representar para a economia a alternância de poder no plano político. O prêmio de risco chegou a 2.443 pontos, superior ao da Turquia. Em contraste, o risco nesta semana declinou ao mínimo histórico de 303 pontos. As previsões para 2006 indicam uma média de 350. Não há mais tanta apreensão em relação aos possíveis cenários para a economia em decorrência do resultado das eleições presidenciais.
Por sua vez, o cenário externo parece mais estável. Em 2002, havia mais incerteza em relação à trajetória da taxa de juros nos EUA e a suposto efeito de contaminação da crise Argentina sobre o Brasil. Tais problemas não se materializaram. Neste final de 2005, os prognósticos para a economia mundial são cautelosos, mas preponderantemente otimistas. Tome-se, por exemplo, a ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira: "A despeito de persistirem incertezas relevantes na economia mundial, como as preocupações acerca da evolução da inflação nos EUA e na zona do euro, o Copom permanece atribuindo baixa probabilidade a um cenário de deterioração significativa nos mercados financeiros internacionais". Trocando em miúdos, ninguém espera um tsunami.
Em 2002, a apreensão do mercado repercutiu na taxa de câmbio, e o dólar bateu em quase R$ 4 (R$ 3,95), fechando dezembro daquele ano em R$ 3,53. Ninguém espera trajetória semelhante para o dólar em 2006. As expectativas de mercado apontam para um dólar em torno de R$ 2,42 em dezembro de 2006.
A inflação responde a oscilações na taxa de câmbio. Em 2002, o ritmo de aumento dos preços chegou a nível preocupante, superior a dois dígitos (de 12,5%). A apreciação do câmbio explicou a maior parcela da desaceleração da inflação em 2005. Assim, pelo lado do câmbio, não se espera uma pressão inflacionária forte em 2006. As expectativas de mercado estão próximas à meta do Banco Central de 4,5%.
O clima de instabilidade e a queda da renda real em virtude da aceleração inflacionária comprometeram o desempenho do PIB em 2002 (de 1,92%). Isso não deve ocorrer na mesma escala no próximo ano. As projeções indicam crescimento modesto em 2006, de 3,5%. Esse número está aquém do desejado, porém é superior à expansão estimada para 2005, de 2,5%.
Em 2002, a política monetária do Banco Central reagiu à aceleração da inflação, elevando a taxa de juros. A trajetória de alta começou no mês do primeiro turno das eleições presidenciais. A autoridade monetária continuou a elevar os juros nos meses seguintes, fazendo a Selic chegar a 25% em dezembro daquele ano. Em contraste, o candidato do governo, que muito provavelmente será o presidente Lula, espera boas notícias em relação à política monetária. A expectativa é a continuidade na redução da taxa de juros, dos atuais 18% para 15% em dezembro de 2006.
Note-se, contudo, que em ambos os períodos a taxa real de juros manteve-se alta. Apesar do declínio da Selic, tal indicador encontra-se próximo de 13% reais, mantendo liderança isolada no campeonato dos juros altos no mundo.
Ainda não se logrou crescimento sustentado para a economia brasileira. O nível de expansão permanece baixo. Mas o grau de instabilidade parece menor. É possível fazer contas domésticas e planejar o orçamento de uma empresa em 2006, mesmo sendo um ano eleitoral.
Mas é preciso estar alerta. As grandes crises ocorrem sem aviso prévio. Ontem, fiquei impressionado com o relato de João Sombra, um velejador de Maceió que navegava pelo mundo em busca de tranqüilidade e nesta mesma época do ano passado estava próximo à ilha de Sumatra, um dos locais mais afetados pelo tsunami. Antes de a grande onda passar, ele pensava como a região era paradisíaca. Sombra escapou milagrosamente da catástrofe. Restaram o alívio e a insegurança de que um abalo sísmico pode ocorrer a qualquer momento. Essa sensação parece familiar a todos os brasileiros que viveram sobressaltos da economia nas últimas décadas.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
dezembro
(535)
- Mariano Grondona Sobre el síndrome anárquico-autor...
- Vozes d’África REINALDO AZEVEDO
- Merval Pereira Estranha aliança
- FERNANDO GABEIRA Globalização e as sementes do equ...
- O que sobrou de 2005? GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES Perdas e danos em 2005
- CLÓVIS ROSSI Férias?
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- CELSO MING Mudou o foco
- Rodovias - a crise anunciada por Josef Barat*
- A saúde que faz mal à economia Robert Fitch
- Villas-Bôas Corrêa Do alto o governo não vê
- Merval Pereira Os números do impasse
- Celso Ming - Bom momento
- Não contem ao presidente LUIZ CARLOS MENDONÇA DE B...
- As limitações da política econômica FERNANDO FERRA...
- NELSON MOTTA Barbas de molho
- ELIANE CANTANHÊDE Emergência
- CLÓVIS ROSSI Emprego e embuste
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Não na frente...
- Wagner faz da Viúva militante- claudio humberto
- Sharon, o homem do ano Por Reinaldo Azevedo
- Brasil - Idéias para tirar o Estado do buraco
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Negócio da China? PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
- JANIO DE FREITAS Votar para quê?
- DEMÉTRIO MAGNOLI O fator BIC
- MARTA SALOMON Quem tem medo do caixa um?
- CLÓVIS ROSSI O risco-empulhação
- Editorial da Folha de S Paulo
- CELSO MING A âncora da economia
- Editorial de O GLOBO
- Merval Pereira Soy loco por ti, América
- Tiro no pé abriu o 'annus horribilis' Augusto Nunes
- Sem perder a pose - Blog do Noblat
- Zuenir Ventura Louvado seja o Pan
- Editorial de O GLOBO
- ALI KAMEL Feliz ano novo
- Merval Pereira A turma do mensalão
- ELIO GASPARI O Ano da Pizza começou no Ceará
- Ação brasileira gera importante avanço JOSEPH E. S...
- FERNANDO RODRIGUES Legado do "mensalão"
- CLÓVIS ROSSI A empulhação, em números
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo PÉSSIMA IMAGEM
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Faltou o espetáculo Celso Ming
- O Banco Central e o paradoxo do dólar Sonia Racy
- Augusto Nunes - Essa candidatura parece provoção -
- Cuecão de ouro: absolvição cara - Claudio Humberto...
- Distorções Celso Ming
- Feliz ano novo ALI KAMEL
- RUBENS BARBOSA Crise de identidade
- ARNALDO JABOR Só nos restam as maldições
- Merval Pereira Símbolos e realidade
- O procurador procura toga AUGUSTO NUNES
- Sinais alarmantes ROBERTO BUSATO
- CLÓVIS ROSSI PT x PSDB, perde o Brasil
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Lula tentou abafar investigações, diz presidente d...
- FERNANDO RODRIGUES Ingenuidade ou farsa
- VINICIUS TORRES FREIRE Ano novo, vida velha
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Carlos Alberto Sardenberg A culpa é do governo
- dívida externa e risco Brasil
- AUGUSTO NUNES Nunca se viu nada parecido
- FERREIRA GULLAR Um Natal diferente
- LUÍS NASSIF O "príncipe" dos jornalistas
- História de Natal RUBENS RICUPERO
- Força de Lula deve definir candidato do PSDB
- ELIO GASPARI Um novo estilo: o minto-logo-desminto
- ELIANE CANTANHÊDE Enquanto março não vem
- CLÓVIS ROSSI O sinal e o bocejo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Desigualdade e transferência de renda
- Pobres se distanciam de ricos e dependem mais do g...
- Daniel Piza História da ilusão
- João Ubaldo Ribeiro A qualidade de vida ataca nova...
- CELSO MING De três em três
- Governo amplia Bolsa Família, mas não ajuda benefi...
- VEJA Mensalão:Marcos Valério processa o PT
- VEJA Eduardo Giannetti da Fonseca O fim do ciclo d...
- VEJA Tales Alvarenga O nosso Muro de Berlim
- VEJA MILLÔR
- VEJA Diogo Mainardi Uma anta na minha mira
- Além do Fato: A polarização PT e PSDB Bolívar Lamo...
- 2006 não será 2002 GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES Visão de dentro da crise
- CLÓVIS ROSSI A confissão
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
-
▼
dezembro
(535)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA