Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Negócio da China? PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
FOLHA
Há poucos dias, o Brasil sacou cerca de US$ 15,5 bilhões de suas reservas para liquidar integralmente a dívida com o FMI, antecipando pagamentos que venceriam ao longo de 2006 e de 2007. Não me recordo de ter lido, na grande imprensa brasileira, nenhuma crítica ou ressalva a essa decisão. E, no entanto, ela é discutível -para dizer o mínimo.
Note-se, primeiramente, que o Brasil desembolsou, de uma só vez, quase um quarto de suas reservas de liquidez internacional, que constituem a primeira linha de defesa em caso de turbulências de origem externa ou interna. Com isso, as reservas brutas voltaram ao nível em que se encontravam no final do ano passado (US$ 53 bilhões).
Não se pode dizer que estávamos nadando em reservas. O nosso estoque de ativos de liquidez internacional é baixo quando comparado ao da maioria dos principais países emergentes. A China, por exemplo, tem reservas brutas de quase US$ 770 bilhões (sem contar US$ 122 bilhões de Hong Kong); a Rússia, US$ 165 bilhões; a Coréia do Sul, US$ 207 bilhões; a Índia, US$ 136 bilhões; o México, pouco mais de US$ 70 bilhões.
Outro aspecto pouco comentado: o Brasil antecipou o pagamento de uma dívida relativamente barata. Na verdade, o que o governo fez em 2005 foi substituir reservas baratas por reservas caras.
Do ponto de vista das contas públicas, a acumulação de reservas pode ser viabilizada de quatro maneiras, basicamente: a) com superávits fiscais nominais; b) com ampliação da base monetária; c) com acumulação de dívida externa (com o FMI e outras fontes); d) com acumulação de dívida interna (mobiliária e outras).
Desde outubro de 2004 até o dia da antecipação do pagamento ao Fundo, as reservas brutas registraram aumento de aproximadamente US$ 18 bilhões. Como o governo tem déficits nominais e o crescimento da base monetária é modesto, as principais fontes de financiamento desse aumento das reservas foram a acumulação de dívidas externas (venda de títulos públicos no exterior em excesso dos vencimentos de principal) e, sobretudo, a colocação líquida de títulos dentro do país (dívida mobiliária federal). Essa dívida mobiliária vem crescendo rapidamente, tendo alcançado R$ 960 bilhões em fins de novembro, quase 50% do PIB.
Ora, a dívida mobiliária paga as elevadíssimas taxas de juro brasileiras, muito superiores às que prevalecem no resto do mundo. Carregar reservas internacionais financiadas por dívida mobiliária custa caríssimo para o governo brasileiro: o que se obtém aplicando as reservas de forma segura e líquida no exterior representa uma fração modesta do que o governo paga de juros sobre os títulos emitidos dentro do país.
Em resumo, o que fez o governo? Primeiro: comprou cerca de US$ 18 bilhões em reservas, financiando-se sobretudo com dívida interna caríssima. Segundo: antecipou a devolução de cerca de US$ 15,5 bilhões de reservas relativamente baratas, emprestadas pelo FMI.
Alguma vantagem nisso? Segundo o governo, agora somos "donos do nosso nariz" e não precisamos mais dar satisfações ao FMI. Mas essa afirmação não faz muito sentido. Na realidade, o acordo com o FMI foi encerrado em março de 2005. Desde então, o Brasil ficou sujeito apenas ao "monitoramento pós-programa", muito leve e não muito diferente daquele a que estão submetidos todos os países-membros do Fundo, devedores ou não.
Não podemos esquecer que teremos eleições presidenciais no ano que vem. Admite-se, em geral, que 2006 não será tão turbulento quanto 2002. Mas quem pode garantir que haverá tranqüilidade total? Que o eleitor brasileiro não irá demonstrar inclinação por algum candidato que os "mercados" (leia-se, os donos do dinheiro e do poder) considerem pouco confiável e desestabilizador?
E outra: quem garante que o ambiente internacional, comercial e financeiro, continuará tão favorável como nos anos recentes? Que não haverá choques externos na forma de desaceleração do comércio mundial, aumentos das taxas de juro externas ou dificuldades de acesso aos mercados financeiros internacionais?
Não teria sido mais prudente conservar em caixa as reservas relativamente baratas emprestadas pelo FMI?
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
dezembro
(535)
- Mariano Grondona Sobre el síndrome anárquico-autor...
- Vozes d’África REINALDO AZEVEDO
- Merval Pereira Estranha aliança
- FERNANDO GABEIRA Globalização e as sementes do equ...
- O que sobrou de 2005? GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES Perdas e danos em 2005
- CLÓVIS ROSSI Férias?
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial de O Estado de S Paulo
- CELSO MING Mudou o foco
- Rodovias - a crise anunciada por Josef Barat*
- A saúde que faz mal à economia Robert Fitch
- Villas-Bôas Corrêa Do alto o governo não vê
- Merval Pereira Os números do impasse
- Celso Ming - Bom momento
- Não contem ao presidente LUIZ CARLOS MENDONÇA DE B...
- As limitações da política econômica FERNANDO FERRA...
- NELSON MOTTA Barbas de molho
- ELIANE CANTANHÊDE Emergência
- CLÓVIS ROSSI Emprego e embuste
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Não na frente...
- Wagner faz da Viúva militante- claudio humberto
- Sharon, o homem do ano Por Reinaldo Azevedo
- Brasil - Idéias para tirar o Estado do buraco
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Negócio da China? PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
- JANIO DE FREITAS Votar para quê?
- DEMÉTRIO MAGNOLI O fator BIC
- MARTA SALOMON Quem tem medo do caixa um?
- CLÓVIS ROSSI O risco-empulhação
- Editorial da Folha de S Paulo
- CELSO MING A âncora da economia
- Editorial de O GLOBO
- Merval Pereira Soy loco por ti, América
- Tiro no pé abriu o 'annus horribilis' Augusto Nunes
- Sem perder a pose - Blog do Noblat
- Zuenir Ventura Louvado seja o Pan
- Editorial de O GLOBO
- ALI KAMEL Feliz ano novo
- Merval Pereira A turma do mensalão
- ELIO GASPARI O Ano da Pizza começou no Ceará
- Ação brasileira gera importante avanço JOSEPH E. S...
- FERNANDO RODRIGUES Legado do "mensalão"
- CLÓVIS ROSSI A empulhação, em números
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo PÉSSIMA IMAGEM
- Editorial de O Estado de S Paulo
- Faltou o espetáculo Celso Ming
- O Banco Central e o paradoxo do dólar Sonia Racy
- Augusto Nunes - Essa candidatura parece provoção -
- Cuecão de ouro: absolvição cara - Claudio Humberto...
- Distorções Celso Ming
- Feliz ano novo ALI KAMEL
- RUBENS BARBOSA Crise de identidade
- ARNALDO JABOR Só nos restam as maldições
- Merval Pereira Símbolos e realidade
- O procurador procura toga AUGUSTO NUNES
- Sinais alarmantes ROBERTO BUSATO
- CLÓVIS ROSSI PT x PSDB, perde o Brasil
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Lula tentou abafar investigações, diz presidente d...
- FERNANDO RODRIGUES Ingenuidade ou farsa
- VINICIUS TORRES FREIRE Ano novo, vida velha
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Carlos Alberto Sardenberg A culpa é do governo
- dívida externa e risco Brasil
- AUGUSTO NUNES Nunca se viu nada parecido
- FERREIRA GULLAR Um Natal diferente
- LUÍS NASSIF O "príncipe" dos jornalistas
- História de Natal RUBENS RICUPERO
- Força de Lula deve definir candidato do PSDB
- ELIO GASPARI Um novo estilo: o minto-logo-desminto
- ELIANE CANTANHÊDE Enquanto março não vem
- CLÓVIS ROSSI O sinal e o bocejo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
- Desigualdade e transferência de renda
- Pobres se distanciam de ricos e dependem mais do g...
- Daniel Piza História da ilusão
- João Ubaldo Ribeiro A qualidade de vida ataca nova...
- CELSO MING De três em três
- Governo amplia Bolsa Família, mas não ajuda benefi...
- VEJA Mensalão:Marcos Valério processa o PT
- VEJA Eduardo Giannetti da Fonseca O fim do ciclo d...
- VEJA Tales Alvarenga O nosso Muro de Berlim
- VEJA MILLÔR
- VEJA Diogo Mainardi Uma anta na minha mira
- Além do Fato: A polarização PT e PSDB Bolívar Lamo...
- 2006 não será 2002 GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES Visão de dentro da crise
- CLÓVIS ROSSI A confissão
- Editorial da Folha de S Paulo
- Editorial da Folha de S Paulo
-
▼
dezembro
(535)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA