O Estado de S. Paulo - 23/08/2012 |
E agosto caminha para a última semana do mês. Faltam quatro meses para terminar o ano e a economia continua recuando apesar dos novos estímulos do governo que só irão ser sentidos em 2013. É essa a leitura que o Banco Central colheu na sua pesquisa regular entre as instituições financeiras. Previsão de crescimento do PIB de 1,75% e juros de 7,2% até o fim do ano. Tudo indica que, apesar das últimas medidas de estímulo do governo, 2012 já era e agora é pensar em 2013. É evitar que o cenário se agrave nos próximos quatro meses. Um cenário de desafios, a desaceleração se acentua, mas não desanimo porque o caminho da recuperação pode ter sido encontrado. Tudo aponta este mês para a mudança de rumo da politica econômica. É ousar mais e avançar para salvar 2013. Vai dar? Já vimos que sim. O PIB incomoda, a inflação preocupa, mas não assusta porque a taxa de juros pode recuar ainda mais, estimular a demanda interna, o que ajuda no consumo e reduz o custo da divida do governo, sem pressionar os preços que continuam sendo atenuados pelas importações. Por enquanto, tem surgido apenas pressões isoladas e factuais, soluços, como o aumento de 50% nos preços do tomate, que distorcem o resultado final. O aumento das commodities agrícolas provocado pela seca nos Estados Unidos e outros fatores podem ser contidos pela safra de grãos recorde e a menor demanda externa, principalmente da China, que desacelera. Há espaço ainda para reduzir ainda mais os juros, o que o próprio Banco Central sinaliza, elevar o crédito para mais de 50% do PIB porque a inadimplência recua com os novos prazos de financiamento, antecipar e aumentar os dispêndios, os desembolsos do governo num momento de deflação e risco de recessão na economia mundial. Desafios estão aí. Eles não mudam, se acentuam a cada dia. Estamos entrando agora no último mês do terceiro trimestre e tudo indica que o cenário não deve mudar até o fim do ano, com o PIB oscilando em torno de 0,5%, se tanto. Pode ser menos. O fato é que mesmo faltando quatro meses, 2012 já foi e só resta ao governo preparar a economia para 2013 que surge envolto ainda num cenário mundial sombrio e uma demanda interna que pode não se sustentar por muito tempo. Para terminar o último trimestre com um PIB anualizado, doze meses, de 4%, o que já seria muito, a economia precisaria crescer no mínimo 0,6% nos próximos meses. Não vai ser fácil. Apesar do forte estímulo ao setor privado que o governo continua anunciando, faltam projetos novos para serem iniciados, investimentos oficiais e privados, principalmente em infraestrutura. A realidade é que, atemorizados pela crise externa, ninguém estava preparado para investir. E isso leva tempo para mudar. Não há projetos. Por exemplo, a ideia inicial era construir 7.500 quilômetros de rodovias e ferrovias, havia recursos e espaço para mais 15 mil quilômetros, mas nada foi planejado. E isso enquanto o transporte continua onerando o custo e o preço final. Vai ser preciso agora criar uma nova empresa estatal para tratar do assunto, ver quais as obras viáveis, incluindo as eternas pendências ambientais. É um atraso irreversível que joga tudo para o segundo semestre de 2013. Não seria a hora de contratar empresas privadas nacionais e estrangeiras para analisar as possibilidades de investimentos nessa área enquanto não se constitui a nova estatal? De qualquer forma, as medidas estão aí e agora é só agilizar o novo modelo de concessões. Vai haver interesse dos investidores internos e externos porque o Brasil, onde na infraestrutura tudo está por fazer, é um dos últimos canteiros de obras ainda por se construir. Tudo isso pode evitar que os 1,75% este ano não signifiquem o início de um ciclo de baixo crescimento, que se iniciou no ano passado, sim, mas pode e precisa ser rompido. O cenário decepciona, sim, há um ano, a pesquisa do BC projetava 4,1%, hoje 1,7%. E mesmo assim após 2,7% em 2011. Alguns analistas sugerem ser essa uma evidência de que a capacidade de crescimento do Brasil está comprometida. Depois de um período particularmente favorável entre 2004 e 2010, estaríamos voltando para nossa antiga sina de crescer perto de 2% ao ano, dizem eles. Uma previsão excessivamente pessimista porque o governo está dando sinais de reagir e temos ainda quatro meses para terminar o ano com um crescimento anualizado de 4%. Entre os pessimistas e os otimistas, ficamos na coluna do meio. Os sinais de Brasília são positivos e há razões para esperar que 2013 será melhor. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, agosto 23, 2012
Agora, é pensar em 2013 Alberto Tamer
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