O Estado de S. Paulo - 20/04/2012 |
Uma correta administração das expectativas é essencial para evitar acidentes de trânsito. Por isso, o motorista deve sinalizar previamente seus próximos movimentos por meio de sinais do pisca-pisca, com gesticulação apropriada e, até mesmo, por redução da velocidade e por seu comportamento ao longo da pista. Nesse ponto, o Banco Central do presidente Alexandre Tombini vem se mostrando displicente. Não liga muito para os sinais passados antes nem parece se importar com os movimentos reativos dos demais agentes econômicos ao longo da rodovia monetária. Na ata da reunião do Copom ocorrida em março, ficou dito que "o cenário contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando". Como o tal mínimo histórico foram os 8,75% em que a Selic estava entre julho de 2009 e o março de 2010, já havia ficado claro que, em abril, a Selic ficaria nos 9,0% ao ano e por aí permaneceria por certo tempo. As principais razões para a baixa dos juros haviam sido apontadas pelo Banco Central: a melhora da qualidade da economia tinha derrubado os juros neutros (ou seja, o nível que não produz inflação); a queda relativa da atividade econômica interna; a estabilização das cotações das commodities... e outros fatores mais. Mas o comunicado ontem divulgado logo após a reunião do Copom já não partia do pressuposto de que os juros cairiam em cumprimento aos sinais anteriormente emitidos. Precisou deixar claro que, "neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação" e que os juros caem mais 0,75 ponto porcentual porque "até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido deflacionária". As expressões "neste momento" e "até agora" mostram que o Banco Central já não sustenta o aparentemente forte compromisso anterior de manter os juros estabilizados em 9,0% ao ano. A qualquer momento, pode puxá-los novamente para cima ou prosseguir na trajetória baixista. Além disso, colocou ênfase nas pressões deflacionárias que vêm de fora e não mais na queda do patamar dos juros neutros nem na desaceleração da atividade produtiva econômica, que o próprio Índice da Atividade Produtiva do Banco Central vem confirmando. Enfim, o problema dos comunicados do Banco Central não está nas mudanças de avaliação e de procedimento – fatos normais numa situação de grave crise internacional como a de agora –, mas em ignorar o teor dos comunicados anteriores e, em seguida, puxar por novas justificativas que, por sua vez, podem ser ignoradas na próxima curva. Ainda ontem, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christiane Lagarde, entendeu que precisava carregar nas tintas: "Pairam nuvens negras sobre a economia global", disse. Talvez buscasse convencer os países-sócios do FMI a reforçar as linhas de socorro à sua disposição. Independentemente das razões práticas, sabemos que o rombo orçamentário (e com ele a dívida pública) dos Estados Unidos segue crescendo; que a encrenca não está resolvida na área do euro; que o sistema bancário da Espanha está vulnerável; e que tudo isso pode gerar ainda mais recessão e desemprego. Mas do Banco Central do Brasil se espera que seja mais claro não só a respeito do que pretende, mas também do que deixou de pretender. CONFIRA Aí está a evolução da cotação do dólar no câmbio interno. Apenas nos 15 primeiros dias úteis de abril (até esta quinta-feira), o dólar avançou 3,2%. Mais reservas. O Banco Central parece determinado a puxar as cotações para a altura de R$ 1,90. Apenas em abril (até dia 18), as reservas aumentaram US$ 4,7 bilhões – passando para US$ 369,9 bilhões. Nem toda essa diferença corresponde a compras de moeda estrangeira pelo Banco Central, porque as reservas podem variar tanto em relação a juros recebidos como em relação à variação do valor do mercado dos títulos que as compõem. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sexta-feira, abril 20, 2012
Falha de comunicação Celso Ming
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
abril
(157)
- Brasil tem de se proteger - ALberto Tamer
- Imposto escondido - Miriam Leitão
- Vazamentos - Merval Pereira
- Aprendendo a usar dinheiro - Suely Caldas
- O mundo e a bola murcha na Espanha - Vinicius Torr...
- Reflexão dominical - João Ubaldo Ribeiro
- O velho no novo - Ferreira Gullar
- Entendendo o outro - Danuza Leão
- Indigestão Celso Ming
- A revolta dos inativos Dora Kramer
- Golpes de Estado Roberto Romano
- Cercando a teia da corrupção Gaudêncio Torquato
- Justiça com lentes coloridas - EDITORIAL ESTADÃO
- A Espanha baqueia - CELSO MING
- Estudante branco e pobre é condenado - EDITORIAL O...
- Nas entrelinhas - MIRIAM LEITÃO
- Faz de conta - MERVAL PEREIRA
- Augusto Nunes – A falta que um Francis faz
- Presidenta por decreto - RUY CASTRO
- Veto negociado - MERVAL PEREIRA
- Um dia, no futuro - MIRIAM LEITÃO
- Os juros mais baixos da história - VINICIUS TORRES...
- Vontade da maioria Dora Kramer
- Mais cortes nos juros Celso Ming
- O governo insiste: o que falta é demanda Furquim W...
- O fator Delta Fernando Gabeira
- Minto, logo existo Nelson Motta
- O bom combate - MIRIAM LEITÃO
- As facetas da CPI - MERVAL PEREIRA
- Bancos ainda na retranca - VINICIUS TORRES FREIRE
- Meias soluções — Celso Ming
- Comércio, perdemos a luta? Alberto Tamer
- Carga pesada — Dora Kramer
- Sarkozy, o destruidor de mundos AutorDemétrio Magnoli
- O assalto - só por uns dias Carlos Alberto Sardenberg
- Contribuição à agenda rival José Serra
- Turbulências —Merval Pereira
- Mundo mudado Míriam Leitão
- Muito além do tsunami —Rolf Kuntz
- Estica e puxa —Dora Kramer
- Além da austeridade — Celso Ming
- Um populista no inferno Eliana Cardoso
- O 'santo' servil ao diabo e o grampeador no grampo...
- Manifesto da baixaria Roberto DaMatta
- Mais dos mais ricos Celso Ming
- Sem educação não há salvação José Pastore
- O jogo com os EUA Rubens Barbosa
- Já passou da hora de o STF tomar jeito Marco Anton...
- A industria mundial agradece - JOSÉ MÁRCIO CAMARGO
- Paris afetada pela apatia - GILLES LAPOUGE
- Poupança e anistia - DENIS LERRER ROSENFIELD
- Hora do show! - RICARDO NOBLAT
- : Sem oposição é mais fácil - CARLOS ALBERTO SARDE...
- Isso não vai dar certo - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Uma vocação - DANUZA LEÃO
- Mensalão - prisma técnico ou político? - GAUDÊNCIO...
- O cartel dos bancos - SUELY CALDAS
- Ajudar a Europa, por quê? - ALBERTO TAMER
- Beleza não tem época:: Ferreira Gullar
- Campeão escolhido:: Míriam Leitão
- Poupança e fundos perdidos:: Vinicius Torres Freire
- Dois homens e um destino:: Celso Ming
- Baixeza na Corte Dora Kramer
- Aproximações:: Merval Pereira
- O Cachoeira e a gota d'água :: Luiz Werneck Vianna
- O mensalão legalizou o caso Cachoeira Guilherme Fiuza
- Cuidado com a taxa de câmbio - LUIZ CARLOS MENDONÇ...
- Juros não são a causa da apreciação do real - CLAU...
- Malfeitos, mal feitos e bem feitos - NELSON MOTTA
- As paredes caem, uma a uma, em Pinheiros - IGNÁCIO...
- Ares argentinos - MIRIAM LEITÃO
- O pântano político - MERVAL PEREIRA
- Controle remoto - DORA KRAMER
- Dirceu e seus mensaleiros Autor(es): João Mellão Neto
- Falha de comunicação Celso Ming
- A verdadeira faxina ética - MERVAL PEREIRA
- O bate-bola dos bancos - CELSO MING
- Receita errada do FMI - ALBERTO TAMER
- Régua e compasso - DORA KRAMER
- Hora de dar nomes aos bois - EDITORIAL O GLOBO
- Próximo passo - MIRIAM LEITÃO
- Guinada no Supremo - ELIANE CANTANHÊDE
- Juros para inglês e Dilma verem - VINICIUS TORRES ...
- O Brasil de todos nós - ROBERTO DaMATTA
- Fingindo - ANTONIO DELFIM NETTO
- A aposta do jogo contra as instituições - EDITORIA...
- Cena da economia - MIRIAM LEITÃO
- Radicalismo e solidão - CELSO MING
- A luta dos juros, segundo assalto - VINICIUS TORRE...
- O surto populista de Cristina - EDITORIAL O ESTADÃO
- Repensar a Federação - MERVAL PEREIRA
- Em quem doer - DORA KRAMER
- Cristina, à la Chávez - CELSO MING
- O suicídio econômico da Europa - PAUL KRUGMAN
- Outros alvos - JOSÉ PAULO KUPFER:
- A falência múltipla dos órgãos públicos - ARNALDO ...
- A denúncia revisitada - DORA KRAMER
- A verdadeira operação abafa - EDITORIAL ESTADÃO
- Tango desafinado - MIRIAM LEITÃO
- A visão do Legislativo - MERVAL PEREIRA
-
▼
abril
(157)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA