O Estado de S.Paulo - 01/10/11
Duraram pouco os festejos pela aprovação, nos Parlamentos da Finlândia, da Alemanha e da Áustria, da nova versão ampliada do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), destinado a prover mais recursos para o socorro aos bancos e aos Tesouros soberanos da área do euro. Ontem foi mais um dia de apreensão.
O EFSF está sendo reforçado, expandido de 250 bilhões de euros para 440 bilhões de euros. E será dotado de mais funções que, em princípio, o tornarão mais ágil. Mas essas alterações chegaram tarde e, mais que tudo, são insuficientes.
É fortemente provável, por exemplo, que a Grécia aplique um calote de uns 50% na sua dívida de 350 bilhões de euros. Embora amplamente esperada, essa decisão tem tudo para deflagrar nova onda de rejeição de títulos públicos dos países mais enfraquecidos: Portugal, Irlanda, Itália e Espanha. Se o EFSF assumir mais atribuições e se puser a recomprar alentada parcela de títulos que ficarão largados no mercado secundário, em alguns meses, as reservas terão ido embora. Nessas condições, a conta será empurrada para o Banco Central Europeu (BCE), que terá de emitir moeda para exercer seu papel de tomador de última instância. E, com um panorama desses, sabe-se lá o que será da inflação do euro e que corcovadas mais darão as cotações das moedas nos mercados de câmbio.
Um dos motivos pelos quais os políticos europeus estão sempre atrasados é a visão distorcida que têm do mercado financeiro. Tendem a tomá-lo como rede de abutres, sempre prontos para tirar proveito próprio, sobretudo, nos momentos de maior vulnerabilidade do sistema. Mas, se pensam assim, por que então se tornaram reféns dele?
O mercado financeiro tem lá suas peculiaridades. Faz parte da sua natureza que os detentores do capital sejam covardes. Fogem ao primeiro sinal de perigo e deixam de dar cobertura aos que antes acolhiam. Mas isso é mais antigo do que a Sé de Braga. O fato é que os governos gastaram os olhos da cara antes, durante e depois da crise, viram-se obrigados a recorrer aos empréstimos bancários para financiar suas despesas correntes e, assim, ficaram altamente dependentes dos seus credores.
Isso não é tudo. Os calotes, que agora parecem inevitáveis, provocarão rombos nos bancos. Como não podem quebrar, sob pena de provocar colapsos sistêmicos e queima de depósitos, poupanças e aplicações do público, os bancos a perigo precisarão, de novo, de socorro oficial. Seria grave erro castigá-los e reduzi-los a fumaça, como aconteceu com o Lehman Brothers.
Dirigentes, políticos e chefes de Estado têm mostrado visão curta. Estão mais empenhados em dourar a pílula e a fazer o jogo do contente do que em identificar problemas e proporcionar soluções adequadas. E estão sempre a reboque dos fatos e do que tem de ser feito.
A propósito, o ex-presidente Lula fez observação especialmente lúcida ontem, durante a conferência promovida pela revista inglesa The Economist: "Nos encontros do Grupo dos 20 (G-20), parece que não existem problemas. Só percebemos que existem pela imprensa".
Entrevista:O Estado inteligente
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