Entrevista:O Estado inteligente
A lição inoportuna de Dilma EDITORIAL O Estado de S.Paulo
- 05/10/11
A visita da presidente Dilma Rousseff a Bruxelas não resultou em nada muito mais importante que um acordo sobre organização e gestão de museus, assinado durante a V Cúpula Brasil-União Europeia, mas não foi totalmente perdida. Ela aproveitou a oportunidade para ensinar ao primeiro-ministro demissionário da Bélgica, Yves Leterme, como administrar a crise e evitar uma nova recessão. Ele poderia repassar o ensinamento às demais autoridades do bloco, se não tivessem ouvido recomendações semelhantes, e formuladas com mais discernimento, de seus pares, de seus comissários e também dos dirigentes de entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ajustes fiscais muito fortes e recessivos podem agravar a situação em vez de ajudar a resolver os problemas, disse a presidente, lembrando, de forma um tanto imprecisa, a experiência brasileira dos anos 1980 e 1990.
Uma receita parecida, mas bem mais equilibrada e prudente, foi mencionada há duas semanas, na reunião anual do FMI, pelo comissário europeu para Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn. Países com espaço nas contas públicas devem adotar políticas para estimular a economia, mas sem abandonar os planos de ajuste fiscal de prazo médio. Países sem espaço para isso e muito sujeitos a pressões dos mercados devem concentrar-se na correção dos desequilíbrios fiscais e do endividamento excessivo. Aqueles em melhores condições devem ajudar os demais a sair do buraco A mesma recomendação foi feita por altos funcionários do FMI e pelo Comitê Monetário e Financeiro, o órgão político mais importante da instituição.
Além disso, governos da zona do euro, secundados por autoridades de organismos multilaterais, têm pressionado os Parlamentos da união monetária para aprovar a reforma da Linha Europeia de Estabilidade Financeira (EFSF), dando-lhe meios e poderes para socorrer governos em apuros e até para recapitalizar bancos. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, voltou a bater nesse ponto em pronunciamento, nesta terça-feira, no Comitê de Economia e Assuntos Monetários do Parlamento Europeu.
O BCE, disse Trichet, reativou a compra de papéis governamentais no mercado secundário, em agosto, com a expectativa de ser em breve substituído nessa tarefa pelo fundo de estabilização municiado pelos Tesouros nacionais. Quando isso ocorrer, o banco poderá retornar às suas funções normais de administrar a moeda e o crédito e supervisionar a operação do mercado financeiro. A maior parte dos Parlamentos já aprovou a reforma.
Também ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, falou sobre política econômica e perspectivas da economia americana a um comitê conjunto do Congresso. O banco central, isto é, o Fed, ainda pode dar alguma ajuda à reativação da economia, mas a tarefa principal, segundo ele, cabe agora à Casa Branca e ao Congresso. É preciso, disse Bernanke, tomar medidas orçamentárias para estimular a atividade a curto prazo, sem descuidar de um plano confiável para redução do déficit fiscal num período mais longo.
Ele mesmo havia apresentado essa recomendação mais de uma vez, em pronunciamentos diante de vários auditórios. O Executivo concorda e o plano enviado ao Congresso pelo presidente Barack Obama trata dos dois objetivos - a criação de empregos nos próximos meses e a arrumação das contas públicas num prazo mais extenso.
Medidas semelhantes foram cobradas da União Europeia, em discussões no Grupo dos 20 (G-20) e na assembleia do FMI, no mês passado. Esse tipo de sugestão, e até de cobrança, cabe perfeitamente em reuniões multilaterais de ministros ou de chefes de governo, durante discussões de temas de interesse comum. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aproveitou aqueles eventos para cobrar medidas tanto das autoridades americanas quanto das europeias. O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, pressionou os colegas europeus e chineses. Mas uma visita presidencial é uma circunstância muito diferente e requer outro comportamento. Os diplomatas brasileiros deveriam saber disso.
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
outubro
(224)
- Agnelo na mira REVISTA ÉPOCA
- Escândalo latente REVISTA VEJA
- À moda stalinista ROBERTO POMPEU DE TOLEDO
- Histórias e males da inflação – Parte 1 MAÍLSON DA...
- O Brasil vai ao Mundial desfalcado de Orlando Silv...
- Capitanias hereditárias no século 21 PAULO BROSSARD
- Esperando em vão PAULO GUEDES
- O primeiro grande erro de Dilma RENATO JANINE RIBEIRO
- E se a população mundial encolher? COLUM LYNCH
- Eles bebem. Você paga!
- Além da Indignação Carta ao leitor
- Não confesso que vivi LÚCIA GUIMARÃES
- Juventude sequestrada CARLOS ALBERTO DI FRANCO
- Lula, Dilma e o câncer JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
- Subsídio secular EDITORIAL FOLHA DE SP
- Deixem Aldo em paz RICARDO NOBLAT
- Do acaso à necessidade FERREIRA GULLAR
- Na crise, a indústria global se movimenta JOSÉ ROB...
- Travas à corrupção SUELY CALDAS
- Dexter entre a ciência e a religião MARCELO GLEISER
- Somos 7 bilhões CELSO MING
- A baderna a serviço do crime EDITORIAL
- República destroçada MARCO ANTONIO VILLA
- Copa - dinheiro, soberania e catarse GAUDÊNCIO TOR...
- Longe do prazer PAULO SANT’ANA
- Indignados e desanimados VINICIUS TORRES FREIRE
- Consertar é possível DORA KRAMER
- Coisas que nos unem DANUZA LEÃO
- Defendendo a pátria JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Argentina grau abaixo MAC MARGOLIS
- A lição que Tancredo deixou ZUENIR VENTURA
- Ainda faltam oito ministros LEONARDO CAVALCANTI
- Ajuda chinesa será limitada GILLES LAPOUGE
- E se não vier a tempestade? CELSO MING
- Um país melhor FERNANDO RODRIGUES
- As políticas do BC e nossas convicções ALBERTO GOL...
- Liberdade de cátedra, herança e ambiguidades CLAUD...
- Orlando, ocupe Wall Street! GUILHERME FIUZA
- Do Enem à OAB WALTER CENEVIVA
- O erro de Haddad HÉLIO SCHWARTSMAN
- Reprovado EDITORIAL FOLHA DE SP
- Mais uma cerveja RICARDO NOBLAT
- Economia e moral DENIS LERRER ROSENFIELD
- Corrupção e conflitos no vácuo do Legislativo PAUL...
- Deu errado ALON FEURWERKER
- As apostas entre o BC e o mercado estão na mes Mar...
- A lei inédita de Lavoisier Roberto Luis Troster
- A liberdade de expressão Renato Janine Ribeiro
- Fechar a torneira José Roberto de Toledo
- Trancos e barrancos DORA KRAMER
- O PNBC do Terceiro Setor GAUDÊNCIO TORQUATO
- Os Kirchners, uma vez mais SERGIO FAUSTO
- Sob a proteção de Lula JOÃO BOSCO RABELLO
- Nadir, Euripedes e Yuri MARTHA MEDEIROS
- Internautas do mundo todo, uni-vos! FERREIRA GULLAR
- O Brasil deve aprender mais ciência MARCELO GLEISER
- O poço que não tem fundo DANUZA LEÃO
- Nuvens no horizonte JOSÉ MILTON DALLARI
- As trapalhadas como IPI EDITORIAL O ESTADÃO
- De onde vêm as desigualdades SUELY CALDAS
- E falta o principal conserto CELSO MING
- Líbia não afeta petróleo ALBERTO TAMER
- PAUL KRUGMAN - O partido da poluição
- A anomalia das microssiglas FERNANDO RODRIGUES
- Além da faxina EDITORIAL DE SP
- Risco líbio REGINA ALVAREZ
- HÉLIO SCHWARTSMAN A maldição da abundância
- Fim de semana para ser lembrado LUIZ CARLOS MENDON...
- As provas pedidas EDITORIAL
- Vade retro, Luiz! JOÃO MELLÃO NETO
- Em jogo, o futuro do euro CELSO MING
- Partilha REGINA ALVAREZ
- Questão dos royalties virou escárnio EDITORIAL
- Conduta uniforme DORA KRAMER
- O fim da guerra ao verde NELSON MOTTA
- Combinação mortal HÉLIO SCHWARTSMAN
- O tempora o mores RICARDO NOBLAT
- Turquia versus Brics RUBENS RICUPERO
- Aposta perigosa do governo Dilma LUIZ CARLOS MENDO...
- A terceirização do governo JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
- Calamidade no DNIT ALAYR MALTA FALCÃO
- A maldição de Guadalajara VINICIUS MOTA
- Governo desmoraliza Camex e erra em comércio exter...
- Jornal, qualidade e rigor CARLOS ALBERTO DI FRANCO
- Na base do puxadinho CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- Martins, o barbeiro PAULO SANT’ANA
- O Ocidente entre a Grande Pedalada e a Grande Frea...
- Passeatas de feriado acabam em pizza GUILHERME FIUZA
- Direito à vida Ives Gandra da Silva Martins
- Mais um corte nos juros CELSO MING
- Quais os limites da guerra cambial? ROBERTO GIANN...
- PIB recua, inflação sobe. E daí? ALBERTO TAMER
- República de surdos DORA KRAMER
- Comércio e finanças na economia internacional CELS...
- O Iraque como modelo para o Oriente Médio JACKSON ...
- Roubalheira recorde EDITORIAL
- Política sem sonhos FERREIRA GULLAR
- A travessia MERVAL PEREIRA
- O filme da sua mente MARCELO GLEISER
- Greves infames PAULO SANT’ANA