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A troca de Nelson Jobim por Celso Amorim informa que Luiz Inácio Lula da Silva continua no comando, mas agora conjuga os verbosnomear e demitir com diferentes identidades. Quando nomeia, é Lula. Na hora de demitir, disfarça-se de Dilma Rousseff. Antonio Palocci, Alfredo Nascimento e Nelson Jobim culpam a afilhada pela perda do emprego que ganharam do padrinho. Alguém precisa contar-lhes que a ascensão e a queda foram determinadas pela mesma pessoa.
Em 1° de janeiro, quando fingiu entregar o cargo, a versão carnavalesca de Hugo Chávez festejou, simultaneamente, a proclamação da República Bipresidencialista do Brasil, o começo do terceiro mandato e a invenção do presidente com codinome. Lula é o chefe supremo, que tudo decide. Dilma é a gerente, que executa qualquer serviço. Nas páginas dos jornais e na imaginação da oposição oficial, todo fim de crise anuncia o início do novo governo. No mundo real, faz oito anos e meio que está no poder a metamorfose ambulante.
Há menos de uma semana, Lula enxergava em Jobim um gênio da raça. “Não tem um brasileiro que possa fazer o trabalho com a competência que ele está fazendo”, garantiu em 31 de julho. “Ele conduz o Ministério da Defesa com muita grandeza, está fazendo um trabalho excepcional”. Nesta quinta-feira, depois de autorizar Dilma Rousseff a mexer no time, explicou que “até o Pelé, se estiver jogando mal, o técnico tira, pô”. Jobim saiu de campo por ter constatado que Ideli Salvatti é fraquinha e Gleisi Hoffmann nem conhece Brasília.
Os dois gols convenceram o dono do clube de que o craque insubstuível da semana anterior poderia ser substituído por qualquer palerma diplomado em sabujice e imune a surtos de sinceridade. E então nomeou Celso Amorim.