FOLHA DE SP - 20/08/11
A agricultura orgânica é uma coisa ótima, mas seus preços, no mercado real, são 160% mais altos
OS BRASILEIROS sabem que temos uma agricultura moderna e eficiente. O que muita gente não sabe é que o desenvolvimento dessa agricultura enfrentou e ainda enfrenta grandes desafios.
A agricultura moderna, que desmentiu as previsões pessimistas de que a produção de alimentos não poderia acompanhar o crescimento da população, nasceu e se desenvolveu nos países de clima temperado.
Até bem pouco tempo atrás, era crença generalizada que os países tropicais não seriam capazes, em razão do clima e do ambiente, de repetir a experiência dos países desenvolvidos. A experiência brasileira foi a primeira demonstração prática de que aquela crença era um mito, como tantos outros disseminados pela má ciência.
Fazer uma grande agricultura nos trópicos não foi uma realização trivial. As novas variedades de plantas e as novas práticas agrícolas, que constituíram a revolução agrícola no mundo, foram desenvolvidas nas condições de solo e de clima da região temperada e não podiam simplesmente ser transplantadas para a faixa tropical. O Brasil teve de aprender sozinho como conviver e tirar proveito das nossas condições ambientais. Mas, enfim, soube fazê-lo, com o esforço conjunto da Embrapa, das grandes universidades rurais e dos nossos modernos agricultores.
Os solos da região tropical são mais pobres do que os anteriormente cultivados no país, e o clima quente e úmido dessas áreas produz, infelizmente, uma maior quantidade e variedade de insetos e de pragas, que atacam as plantas. O trópico é uma fonte excepcional de vida -mas de todas as formas de vida. Nossa agricultura só prosperou devido ao uso de insumos modernos, como fertilizantes e defensivos. Sem os fertilizantes, os rendimentos agrícolas no cerrado seriam muito baixos, e a agricultura comercial seria inviável. E, diante das inumeráveis doenças que acometiam as plantações, deveríamos desistir ou usar os recursos da tecnologia para combatê-las.
Com essas tecnologias o Brasil produz muito, e produz alimentos saudáveis, exportados para todo o mundo. Nosso principal comprador, destino de 27% de nossas vendas externas, é a União Europeia, o mais regulado e exigente mercado mundial em termos sanitários. O mundo todo consome os alimentos produzidos no Brasil, e a nossa própria população tornou-se visivelmente mais forte e mais saudável quando pôde consumir mais o que produzimos. E pôde consumir porque a tecnologia e a escala de produção reduziram os preços. A agricultura puramente orgânica é uma coisa ótima, mas seus preços, no mercado real, são em média 160% mais altos. A esses custos, como ficaria a fome no mundo?
Para nós, a questão mais sagrada é atender os interesses dos consumidores brasileiros. E, dentre esses interesses, o mais vital é a sua saúde. Com esse objetivo, lutamos em várias frentes. O esforço principal é incentivar a pesquisa agronômica para que se obtenham variedades de plantas resistentes às pragas e às doenças, sem a necessidade de aplicação de defensivos. Para isso, é indispensável ampliarmos a adoção de variedades transgênicas resistentes, que são uma resposta efetiva da ciência à necessidade de reduzir o uso de agroquímicos. Infelizmente, o licenciamento dessas novas variedades tem encontrado, às vezes, inexplicável oposição.
De outra parte, lutamos para que produtos mais modernos e mais amigos do ambiente sejam licenciados com mais presteza, para que possam substituir produtos mais tóxicos.
O esforço da pesquisa em todo o mundo está concentrado hoje na descoberta de princípios ativos com o mínimo de efeitos colaterais. E desejamos que se reforce a fiscalização, para que a aplicação de produtos químicos seja limitada e obedeça estritamente a nossa legislação, que é moderna, rigorosa e de padrão mundial.
Nesse assunto como em tantos outros, a ciência e a tecnologia são instrumentos mais eficientes do que a política. É perfeitamente possível e desejável conciliar grande produção e produção saudável, e assim alimentar os bilhões de seres humanos que habitam o planeta.
Entrevista:O Estado inteligente
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