FOLHA DE SP - 17/08/11
Presidente faz bem em avariar a nau da corrupção, mas cairia bem um plano de reforma administrativa
PARA O BEM da imagem da presidente, uma piada sobre as refregas de Dilma Rousseff com alguns saqueadores do dinheiro público caiu no gosto do público. Ao menos do público que toma conhecimento do que se passa no universo paralelo que é a política em Brasília. A piada, aliás, surgiu da reação escarninha da baixa política às demissões de alguns salteadores mais notórios do caixa do governo.
Como se sabe, Dilma tem sido chamada de "a diarista", a mulher da limpeza, referência também a um seriado brasileiro de TV sobre uma doméstica free-lance.
As vassouradas da presidente começaram quando Dilma Rousseff nem ainda o era. Desde o "governo de transição", em dezembro, a presidente vetava a indicação de alguns nomes com fichas corridas mais notórias. Além do mais, avisava que cancelaria a concessão de algumas capitanias hereditárias da bandalha, como em algumas estatais do setor elétrico.
Como se escrevia aqui em dezembro: "O PMDB está quieto demais depois de ter levado uma carraspana de Dilma [broncas e perdas de ministérios]. Quando virá o troco?". Quando estouraria o escândalo? Quando houvesse "...gente interessada em colocar documentos no ventilador. Tal interesse surge quando há bastante gente contrariada".
Dilma parece agora um tanto mais comedida na faxina. Como os escândalos começam a afetar o centro do PMDB, a presidente procura usar um espanador no lugar da vassoura. Difícil imaginar o PMDB "indignado", fora do governo. Mas o partido pode causar muito mais tumulto político que um PR, que já dá suficiente dor de cabeça.
Mas isso tudo é apenas o trivial sem variações da política -excetuada a hipótese remota de a presidente colocar o Congresso inteiro contra si e seu governo.
Por ora, talvez interesse mais pensar na metáfora da diarista, da faxina, da vassoura, e seu contraste com a ideia de reforma planejada da administração pública, reforma que contivesse a produção de lixo.
O "combate à corrupção" é o mote elementar dos políticos sem substância ou sem projeto maior. No pior dos casos, propagandas desse tipo acabam em populismos de direita, da espécie de Jânio Quadros e sua vassoura, coisa de mais de meio século de idade.
Ainda que o desejo de governar de modo mais limpo e eficiente chegue à prática, iniciativas "ad hoc", pontuais e eventuais, não dão conta dos imensos defeitos que permitem o florescimento da corrupção. No mais, é humanamente impossível catar corruptos como quem limpa o chão catando grãos de areia.
O governo brasileiro oferece oportunidades demais para desvios. Para começar, é grande e picotado demais. Não há controladorias, corregedorias, promotores, policiais e jornalistas bastantes para cobrir a oferta imensa de oportunidades.
Segundo, falta profissionalização. Pode ser que servidores de carreira em postos de chefia se mostrem tão tentados ao erro quanto os milhares de nomeados. Mas conviria fazer a experiência de profissionalizar a administração.
Dilma faz bem em dar um aviso geral aos navegantes da barca da bandalha. Mas ganharia mais apoio e seria mais bem-sucedida no médio prazo com um plano de reforma do Estado e da administração.
Entrevista:O Estado inteligente
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