FOLHA DE SP - 03/08/11
Política industrial de Dilma é um programa de defesa comercial disfarçado e um analgésico para o real forte
O TELHADO da casa está cheio de rombos. Chove. Em vez de trocar as telhas etc., o dono do imóvel adquire guarda-chuvas e os distribui para os moradores da casa.
Com perdão para algum exagero irônico, isso é o que parece o programa "Brasil Maior", o plano de política industrial lançado ontem pelo governo de Dilma Rousseff.
Nem se pode chamar o imenso e díspar conjunto de medidas de "política industrial", pois há de tudo ali -menos linhas-mestras de um plano sobre o que fazer da indústria nacional no médio prazo.
O grosso do pacote é um conjunto de medidas de defesa comercial.
Entre elas, há boas iniciativas explicitamente dirigidas ao combate de dumping (importações barateadas demais) e outras dedicadas a barrar importações fraudulentas e "competição desleal". Boas no papel, ao menos. Há pessoal capacitado para cuidar disso? Hoje, não.
As providências mais importantes, porém, são aquelas que procuram defender setores da indústria prejudicados pelo real forte (e outros nem tanto) por meio de redução de imposto e juros subsidiados.
A bem da justiça, diga-se que há pedaços do plano de Dilma que parecem algo mais com uma política industrial. Por exemplo, o dinheiro bom e extra para financiar pesquisas e inovação na Finep (orgão federal de apoio à inovação tecnológica). Ou o programa que vai obrigar o governo a dar preferência a compras de bens nacionais.
Mas o "Brasil Maior" é um remendaço do "Brasil Menor", o país que tem uma política econômica (macro e micro) muito disfuncional.
O governo tributa mal e demais, gasta demais, tem dívida alta demais e, por isso, tem juros altos demais, o que ajuda a valorizar o real, que avaria a indústria. O "Brasil Menor" causa feridas tratadas com esparadrapos pelo "Brasil Maior".
Os exportadores de manufaturados levarão grandes descontos de impostos, por meio do Reintegra etc. Pequenas empresas levarão juros subsidiados para capital de giro.
Setores agraciados na crise de 2008/09 com redução de IPI continuam sob esse guarda-chuva.
Alguns dos setores industriais que mais apanham desde a crise de 2008 (calçados, têxteis, móveis) vão pagar menos contribuição ao INSS. Mas algumas indústrias também avariadas ficaram de fora (máquinas, máquinas e equipamentos elétricos, eletrônicos, metalurgia, equipamento hospitalar).
Há um mal explicado programa de incentivo à nacionalização e à inovação na indústria automobilística, que exigiria supostas contrapartidas -a ver. As montadoras são craques em cavar privilégios.
A "desoneração da folha de pagamento" (redução da contribuição para o INSS) ficou para depois do apocalipse maia de 2012. Como previsto, o governo não tem dinheiro.
Enfim, como se dizia aqui nesta coluna, sobre o "pacote anticrise" de 2009, tio-avô do "Brasil Maior" (que aliás lembra "Brasil Grande", o que pega mal): o governo lança outro plano de "guerra comercial":
"Na falta de meios técnicos e/ou políticos para alterar a taxa de câmbio, os subsídios e as reduções de impostos localizadas fazem o papel de minorar a perda de competitividade das empresas num ambiente de guerra comercial planetária (de resto fazendo amizades políticas)."
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2011
(2527)
-
▼
agosto
(223)
- Três espantos - Míriam Leitão
- Muita sede ao pote Dora Kramer
- Agora nem confissão condena malfeitor José Nêumanne
- Cafezinhos e parábolas Roberto Damatta
- Embromação 29 Rolf Kuntz
- Falta de respeito Merval Pereira
- A hora dos juros Celso Ming
- Boa promessa MÍRIAM LEITÃO
- Governo poupa a loteria federal VINICIUS TORRES FR...
- É o novo mix Celso Ming
- Ilegal legitimado Dora Kramer
- A jabuticaba explicada Merval Pereira
- Bom, bonito... e barato? Adriano Pires
- Dize-me com quem andas Paulo Brossard
- Nova liderança no etanol EDITORIAL O ESTADO DE SÃ...
- Democracia e moralidade DENIS LERRER ROSENFIELD
- Não tem nada de mais CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- Adeus à faxineira RICARDO NOBLAT
- Não em nome do Brasil JOSÉ SERRA
- A sustentável leveza dos setentões GAUDÊNCIO TORQUATO
- Noivas em fuga MÍRIAM LEITÃO
- A César o que é de César SERGIO AUGUSTO
- Um programa de oposição radical VINÍCIUS TORRES F...
- Uma experiência radical FERREIRA GULLAR
- Jabuticaba eleitoral MERVAL PEREIRA
- Certos momentos DANUZA LEÃO
- Eles adiam o que a gente faz ALBERTO TAMER
- As voltas que o mundo dá SUELY CALDAS
- Arrumar sótãos e porões LYA LUFT
- Paixão oficial J. R. GUZZO
- O Poderoso Chefão REVISTA VEJA
- A classe média ganha força Celso Ming
- Pé na estrada Dora Kramer
- O problema Perry de Bernanke PAUL KRUGMAN
- A classe média ganha força CELSO MING
- Um erro perigoso MÍRIAM LEITÃO
- A presidente Dilma e o governo-conluio RUBENS FIGU...
- Distorções MERVAL PEREIRA
- Uma mão suja outra Dora Kramer -
- A nova Líbia MÍRIAM LEITÃO
- Faxina agrária XICO GRAZIANO
- Nova postura CELSO MING
- Mais do mesmo MERVAL PEREIRA
- De gestora a faxineira MARCO ANTONIO VILLA
- Ainda não é o fim do capitalismo ANTONIO DELFIM NETTO
- O voo do oligarca FERNANDO DE BARROS E SILVA
- De pipoca e refrigerante ALON FEUERWERKE
- A diversificada tecnologia da corrupção EDITORIAL ...
- Fruta de entressafra Dora Kramer
- O que houve? - Paulo Brossard
- Os sem-iPad LUIZ FELIPE PONDÉ
- Radiografia da corrupção CARLOS ALBERTO DI FRANCO
- O dilema de Dilma EDITORIAL O Estado de S.Paulo
- O herói e o antagonista-Ruy Fabiano
- Entrevista - Jarbas Vasconcelos:
- Sólido e vulnerável MÍRIAM LEITÃO
- O papel de Dilma MERVAL PEREIRA
- Em time que está ganhando... FERREIRA GULLAR
- Acelera, Dilma DANUZA LEÃO
- Gritos e sussurros na economia VINICIUS TORRES FREIRE
- Jogo de cena FERNANDO DE BARROS E SILVA
- O éden ao lado do inferno Gaudêncio Torquato
- Percepções do Brasil no mundo Celso Lafer
- Dedicação exclusiva a - O Estado de S.Paulo Editorial
- Receita de ex-presidente Ruy Fabiano
- Isso não vai dar muito certo João Ubaldo Ribeiro
- O modelo precisa mudar Suely Caldas
- Brasil pronto para o pior Alberto Tamer
- Remédio duvidoso Celso Ming
- Sem pai nem mãe Dora Kramer
- Economia dita tom político João Bosco Rabello -
- A crise de 2011 é a mais grave de todas LUIZ FELIP...
- Maré vermelha MÍRIAM LEITÃO
- Solução distante CELSO MING
- Seremos algum dia japoneses? RUTH DE AQUINO
- Agricultura tropical e saúde KÁTIA ABREU
- Mobilização MERVAL PEREIRA
- O Planalto, a PF e as prisões escandalosas FÁBIO T...
- Dilmuska FERNANDO DE BARROS E SILVA
- Crise, comida, ferro e petróleo VINICIUS TORRES FR...
- Copa do Mundo, entre laranjas e ONGs FERNANDO GABE...
- Apoios à faxina MERVAL PEREIRA
- Modo crise MÍRIAM LEITÃO
- Para valer? LUIZ GARCIA
- Quem demitiu o ministro? O Estado de S. Paulo-Edit...
- Um toque de pudor Dora Kramer
- Treme-treme Celso Ming
- Turismo de mosca é no lixo Nelson Motta
- A fantasia de ver a crise como solução Rogério L. ...
- ''Corrupção atinge níveis inimagináveis'', dizem d...
- EUA e a crise ANTONIO DELFIM NETTO
- Dilma, a diarista, e sua vassoura VINICIUS TORRES ...
- Verdadeira ameaça MÍRIAM LEITÃO
- Para que trocar o ladrão descoberto pelo incerto? ...
- Sem expectativa Merval Pereira
- Prova dos nove - Dora Kramer
- Pragas da política Rolf Kuntz
- Eurogovernança Celso Ming
- De cabeça para baixo Roberto Damatta
- Os erros argentinos MÍRIAM LEITÃO
-
▼
agosto
(223)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA