O Estado de S. Paulo - 02/08/2011
Quando afirmou que o acordo político obtido na tarde de domingo para elevar o teto da dívida do Tesouro não o agradou, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reforçou a percepção de que a sociedade americana está dividida.
É um erro culpar os radicais republicanos do Tea Party (cerca de 100 representantes no Congresso) pelo impasse e pelo problema mal resolvido. Também a esquerda do Partido Democrata (cerca de 70 representantes) ameaçou sabotar o acordo, por motivos opostos. Na Câmara dos Representantes os democratas votaram rachados.
O resultado da negociação, que provavelmente será aprovado também no Senado, ficou mais com a cara dos republicanos do que com a dos democratas. A elevação da dívida pública, do atual limite de US$ 14,3 bilhões, não será feita de uma vez. Fica condicionada a um escalonamento. Levará volumes equivalentes de cortes de despesas. Não exigirá aumento imediato de impostos. E a redução prevista das despesas de cunho social (especialmente na área da Saúde) será bem menor do que queriam os democratas.
Obama não foi de todo derrotado. Conseguiu adiar nova negociação de elevação do teto da dívida de 2012, ano eleitoral, para 2013. Essa é também só meia solução. Ainda que o acordo, que não agradou a ninguém, seja finalmente aprovado, o prognóstico para o desempenho da economia americana continua sombrio. O Índice da Atividade Industrial dos Estados Unidos (ISM Industrial) divulgado ontem apontou clara retração e despejou pessimismo, apesar do acordo.
O setor produtivo, que já vem mostrando desânimo mesmo diante do forte ritmo de despesas até aqui, tenderá a desacelerar ainda mais à medida que se impuser maior volume de cortes. Talvez não produzam desaceleração demais, pois a redução de despesas será também menor do que a inicialmente proposta pelo Partido Republicano. Em todo o caso, mesmo mais branda, essa queda das despesas se encarregará de provocar novo encolhimento de arrecadação tributária.
Ainda é preciso ver se a deterioração das finanças públicas apresentará proporções suficientes para que a qualidade dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos seja rebaixada pelas agências de classificação de risco. Se isso acontecer, o mercado global para esses ativos ficará mais estreito, porque bancos centrais e um bom número de instituições (fundos de pensão, seguradoras e carteiras de investimentos) não podem aplicar em títulos que não sejam 100% seguros. Caso isso se confirme, os retornos (yield) desses títulos subirão ainda mais e tenderão a puxar para cima os demais juros do mercado.
Falta saber qual será a reação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) diante da perspectiva de nova retração do emprego. O que dá para dizer é que crescerão as pressões para que volte a recomprar no mercado os títulos submetidos a certa rejeição. E, se forem retomadas essas recompras (operações de afrouxamento quantitativo), mais dinheiro vivo circulará nos mercados.
Certos analistas estão chamando a atenção para novas perdas de mercado para o produto brasileiro de exportação e para os eventuais despejos no mercado interno de produtos que encalharem no mercado americano. Esses efeitos poderão acontecer, mas, talvez, não sejam os mais relevantes. Se mostrar saúde melhor do que a dos países ricos, a economia brasileira ganhará a mais longo prazo.
CONFIRA
Despachos de álcool
Apesar da escassez interna, em julho as exportações de etanol nos sete primeiros meses do ano alcançaram 247 bilhões de litros.
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