"Se os meteorologistas cometem erro de um dia para o outro,
como posso confiar em seus prognósticos para 2050 ou,
pior ainda, para 2100?"
O que eu sei sobre o clima?
Eu sei que é um assunto para lá de aborrecido. Eu sei que Giorgione podia pegar uma tempestade e transformá-la numa obra de arte. Eu sei que William Shakespeare podia pegar uma tempestade e transformá-la em outra obra de arte. Eu, prosaicamente, só sei pegar disenteria com as tempestades, como a que cai agora, espalhando esgoto pela Praia de Ipanema. Sim: eu sou um Giorgione dos protozoários. Sim: meu intestino delgado é uma Stratford-upon-Avon dos adenovírus.
Meteorologistas do mundo inteiro reuniram-se em Copenhague para uns debates para lá de aborrecidos sobre o clima. Eles alardeiam que, se continuarmos a emitir CO2, a temperatura da Terra aumentará sem parar, causando uma catástrofe. O que eu sei sobre isso? Eu sei que, antes de ontem, os meteorologistas de O Globo calcularam que a temperatura mínima no Rio de Janeiro, ontem, chegaria a 22 graus. Na realidade, ela foi de 20,6 graus. Se os meteorologistas de O Globo, de um dia para o outro, cometem um erro desse tamanho, como posso confiar em seus prognósticos para 2050 ou, pior ainda, para 2100? Só esse erro de cálculo – de 1,4 grau – já seria suficiente para submergir os atóis de Tuvalu, na Polinésia.
Eu sei – e sei porque li em O Globo ou em algum outro jornal – que o alarme dos meteorologistas sobre o aquecimento global se baseia em um gráfico com a forma de taco de hóquei. A temperatura do planeta, segundo esse gráfico, teria se mantido igual por milhares de anos, subindo abruptamente – como a lâmina de um taco de hóquei – no último século, quando o homem passou a emitir uma grande quantidade de CO2. E como é que os meteorologistas sabem qual era a temperatura na Terra 1 000 anos atrás? Eles sabem porque um deles, professor de East Anglia, analisou doze troncos de pinheiros siberianos, colhidos na Península de Yamal. Agora os professores de East Anglia foram flagrados manipulando alguns desses dados.
Os meteorologistas associam o CO2 ao derretimento da calota polar ártica. Eu só associo o CO2 à água Prata. A calota polar ártica, de acordo com todos os cálculos, deveria estar diminuindo. O que mostram as imagens de satélite, nos últimos anos, é o oposto. Em 2009, há mais gelo do que em 2008. Em 2008, havia mais gelo do que em 2007. Em 2007, havia mais gelo do que em 2006. A calota polar ártica, neste momento, cobre praticamente a mesma área de 1996, exceto por um ou dois pontos, confirmando a teoria de Lula de que a Terra é quadrada.
Os leitores de jornal, alguns dias atrás, foram amedrontados pela imagem de um urso polar canibal. O que eu sei sobre o assunto é que, nos tempos de Giorgione e de William Shakespeare, talvez houvesse menos CO2, mas nós brasileiros já comíamos uns aos outros.
Um dado que ninguém tem, só eu: no segundo turno, de acordo com a última pesquisa eleitoral do Ibope, José Serra teria 51 pontos e Dilma Rousseff, 25. Descontando os votos brancos e nulos: 67 a 33. Ao contrário da calota polar ártica, Dilma Rousseff continua a derreter.