O ESTADO DE S PAULO
Desta vez, o Banco Central não pode evocar nem mesmo seu costumeiro gradualismo. A crise não chegou como a marolinha imaginada pelo presidente Lula. Veio de repente e forte como um vagalhão.
Se é assim, ficou difícil argumentar que os juros têm de cair a conta-gotas, apenas 0,25 ponto porcentual de cada vez, a partir da reunião agendada para esta quarta-feira. Para responder a um vagalhão, em princípio os juros têm de cair mais fortemente.
Há várias semanas, sumiram os três principais argumentos que levaram o Banco Central a manter os juros nos 13,75% ao ano: o risco de inflação de demanda; o risco de repasse da alta do dólar sobre os preços internos; e o risco do repasse das matérias-primas (commodities), também para os preços internos.
A queda do consumo é notória e relevante. Desde outubro, já havia a percepção de que comércio e indústria estavam operando num mercado mudado, diferente do "crescimento robusto do consumo", tão frequentemente evocado pelo Banco Central no Relatório de Inflação e nas Atas do Copom. Os números da evolução do mercado varejista divulgados pelo IBGE mostram queda do consumo de 4,1% no período de 12 meses terminado em novembro.
O consumo caiu um tanto porque o mercado ficou saturado depois de dois anos de rápida expansão do consumo e outro tanto porque, com medo da crise, o assalariado ficou mais conservador. Mas não foi só o consumo que se retraiu. Também houve expansão da oferta, em grande parte porque a desacelaração das exportações deixou encalhe de mercadorias que tiveram de ser desovadas no mercado interno.
Também não se confirmou o tão temido repasse da desvalorização do real sobre os preços internos. A alta do dólar nos cinco últimos meses de 2008 foi de 49% e, no entanto, não se viu o impacto desse movimento sobre a inflação, provavelmente porque o grande volume de estoques e o encalhe de mercadorias impediram o empresário de fazê-lo.
A derrubada dos preços na área das commodities também é impressionante. O mais respeitado índice, o CRB, acusa queda de 52% também nos cinco últimos meses de 2008. E esse tombo só não tem mais impacto no Brasil porque a Petrobrás continua fazendo caixa à custa do consumidor de combustíveis. Pelos cálculos do Banco do Brasil Investimentos, os preços da gasolina no Brasil estão 59% mais altos que no resto do mundo.
No mais, os países ricos vivem processo notório de deflação, os grandes bancos centrais estão operando a juros cada vez mais próximos de zero, a recessão global se aprofunda, o aumento do desemprego lá fora e aqui dentro tende a reduzir mais o consumo, parece improvável que o real sofra nova forte desvalorização.
Nas últimas semanas, os mesmos empresários que há anos batalharam pelo maior espaçamento das reuniões destinadas ao reexame dos juros, de modo a evitar a chamada TPC (tensão pré-Copom), agora pedem reuniões mensais, pois acham que podem apressar o processo de baixa. Esse encurtamento não parece necessário se o Banco Central optar por cortes a doses mais altas. Além disso, a política dos juros leva de 6 a 8 meses para mostrar efeito. Não vai ser o aumento das reuniões do Copom de 8 para 12 a cada ano que fará a diferença.
Entrevista:O Estado inteligente
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