É um erro examinar as condições econômicas sem levar em conta sua natureza política. A ciência econômica não existe autonomamente. Não foi à toa que seus fundadores lhe deram o nome de Economia Política e será sempre política, na medida em que envolve sempre relações de poder.
Por isso, é equivocado pensar as projeções da economia pesando apenas dados econômicos. O fator político segue entranhado.
O Brasil político de 2009 vai ser desenhado de olho em 2010. Nenhuma importante decisão de governo deixará de ter seu peso eleitoral. E a atual paisagem das eleições 2010 mostra uma enorme deficiência das forças que apoiam o governo Lula: falta-lhes um candidato forte. O presidente imaginava levar suas bases a aceitar com alegria a candidatura Dilma Rousseff. E ela bem que se esforça para mostrar serviço, mas enfrenta duas deficiências: nunca disputou eleição e não tem carisma natural.
Lula imaginava que essas limitações poderiam ser compensadas com dois estrondosos sucessos: o PAC e o pré-sal. Foi por isso que, de repente, apareceu a mãe do PAC e os mirabolantes planos da exploração de petróleo, tudo bem amarrado à candidatura.
A crise internacional vai solapando a estratégia. A falta de financiamento externo tem tudo para não só manter o PAC empacado, como também para atrasar os investimentos no pré-sal. Até mesmo a Petrobrás não vem conseguindo abastecer-se de crédito lá fora e essa foi a razão pela qual vem sendo obrigada a aspirar financiamentos da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, operação que está deixando tanta empresa carente de financiamento de capital de giro.
E há outro problema. A recessão externa (queda do crescimento interno) está derrubando a arrecadação esperada, o que significa que o governo Lula vai ter de enfrentar uma escassez de recursos maior do que a prevista. Essa é a principal razão pela qual o governo quer agora avançar até mesmo sobre o patrimônio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Para o PT, as eleições de 2010 apontam um risco adicional: o de que a vitória da oposição possa deixar desempregados 22 mil militantes que hoje ocupam posições na administração federal.
Do ponto de vista das manobras estritamente políticas, Lula terá de atrair o eterno fiel da balança, o PMDB, que vai para onde está o controlador do Diário Oficial. E isso deve aumentar a demanda por verbas para projetos eleitorais, o que tende a aumentar as pressões das despesas públicas sobre os indicadores econômicos. Os artifícios usados para assegurar R$ 14,2 bilhões para o Fundo Soberano mostram do que o governo é capaz quando as aperturas sobrevêm.
O fator político não se restringe ao terreiro do governo. A oposição também vai puxar cordinhas que têm tudo para produzir solavancos. O governador José Serra é um dos candidatos fortes da oposição. Desde os primeiros anos do governo Fernando Henrique, Serra é crítico feroz da política econômica mantida desde 1995. Ele não esconde que colunas importantes da economia têm de ser demolidas, sabe-se lá com que resultado. À medida que aumentar a probabilidade de vitória em 2010, as forças econômicas tenderão a pôr em marcha manobras defensivas cujo resultado no câmbio e no mercado financeiro é de difícil previsão.
Confira
Trajetória de afirmação - O euro completou dia 1º seu décimo aniversário de lançamento. Aí está a valorização em relação ao dólar. Mas a crise está mostrando que o euro ainda não conquistou o status de moeda de reserva de primeira grandeza.
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