O que fica agora para ser discutido não é mais se os juros básicos (Selic) vão ser cortados, mas quanto vão ser cortados. Uma redução de 0,25 ponto porcentual agora parece pouco diante da força do recuo da inflação.
Os números do IPCA vieram dentro da expectativa, mais para melhor do que para mais ou menos. A inflação de dezembro, de 0,28%, é significativamente mais baixa do que o 0,36% de novembro e fechou o ano com acumulada de 5,9%, portanto abaixo dos 6,5%, o teto tolerado pela meta (4,5% mais 2% de área de escape).
O Banco Central comemora a proeza de ter entregado a inflação dentro da meta, num ambiente de enorme turbulência. Mas ficam ostensivamente enfraquecidos os argumentos que sustentam a necessidade de manter juros altos, nos 13,75% ao ano.
Em primeiro lugar, já há elementos suficientes para assegurar que ficou baixo o risco de inflação de demanda - a que justificava juros altos, com objetivo de reequilibrar oferta e demanda. (Apenas para tirar poeira da memória, inflação de demanda é aquela provocada quando o consumo é mais forte do que a capacidade de oferta da economia.) As vendas do comércio já estão mais fracas, a queda das exportações físicas deixa mais produto disponível no mercado interno e a indústria está desacelerando a rotação de suas máquinas.
Além disso, o repasse da alta do dólar para a inflação (pass through) não está acontecendo na proporção temida pelo Banco Central, provavelmente porque produtor e comerciante absorveram essa alta para evitar encalhe de mercadoria. E a cotação do dólar em reais voltou a cair. Ou seja, se o fator câmbio não foi significativo para o avanço da inflação, agora tende a ser ainda menos.
O terceiro elemento que vem achatando a inflação brasileira é a baixa das commodities e principalmente dos alimentos. Em seis meses, caíram 50% de acordo com o que ficou medido pelo Índice CRB, um dos mais importantes aferidores da evolução dos preços das commodities. É o que explica o impacto menor da alimentação no custo de vida, que em junho foi de 2,11% e em dezembro não passou dos 0,36%.
A economia global enfrenta um processo de deflação. É a queda geral de preços determinada pela recessão (queda do consumo) e pela derrubada dos preços das commodities. Embora a economia brasileira esteja vivendo outro ritmo, parte da queda global de preços acabará ajudando a conter a inflação aqui dentro.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está carregado de razão quando sustenta que o excessivo spread bancário (diferença entre o custo de captação e de aplicação de recursos pelos bancos) é fator que contém mais a produção do que a Selic elevada. No entanto, à parte o fato de que o governo pouco ou nada vem fazendo para derrubar o spread, a queda mais acentuada da Selic emitiria um sinal positivo para o setor produtivo.
Na última reunião do Copom (10 de dezembro), o Banco Central já deixou claro que a tendência é de corte dos juros. O que precisa ser decidido agora é o tamanho disso. Diante do atual ritmo de desaceleração do consumo e da perda de força da inflação, não se deve descartar nem mesmo uma redução mais agressiva dos juros de 1 ponto porcentual. A conferir dia 21, quando se reunirá o Copom.
Entrevista:O Estado inteligente
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