A constatação de que o que o ministro Guido Mantega considerava em junho "uma piada" é simplesmente uma triste realidade, o crescimento do PIB brasileiro este ano por volta de 1%, talvez menos até, dá a dimensão da crise em que estamos metidos, sem aparentemente haver uma luz no fim do túnel.
O governo parece perdido em suas ações pontuais, e se aparentemente está fazendo tudo para criar um ambiente favorável ao crescimento econômico - redução de juros, desvalorização do Real, redução do custo da energia elétrica, desoneração da folha de pagamentos de alguns setores, investimento em infraestrutura – é justamente a maneira como age para alcançar esses objetivos que cria um clima de desconfiança no empresariado e inibe os investimentos.
As intervenções no sistema bancário para abaixar os juros, e agora a negociação na base da mão de ferro com as concessionárias de energia elétrica para conseguir uma redução de 20% na casa do consumidor já anunciada por uma cadeia de televisão nacional, são exemplares dessas intervenções governamentais que, se têm objetivos louváveis e desejáveis até, representam bem o espírito controlador deste governo, que assusta quem tem que investir e receia ficar exposto aos humores da "presidenta".
Ao mesmo tempo, quem se coloca contra as investidas governamentais, corre o risco de ser execrado como responsável pelas altas taxas de juros ou pelo custo estratosférico das tarifas de energia. É o uso desse sistema de pressão na opinião pública que faz com que a imagem da presidente Dilma para alguns se aproxime da de Cristina Kirchner na Argentina, embora a comparação seja tão exagerada quanto comparar Lula a Chavez.
Mas o relacionamento quase amigável com figuras tão caricatas de nossa política regional e, mais que isso, certas proximidades de pensamento, fazem com que as comparações não sejam tão descabidas ao final, embora longe de se tornarem realidade. Mesmo que se anuncie um governo pró-mercado, é através de intervenções setoriais e não de negociações e reformas que tenta alcançar os objetivos.
Da mesma maneira, quase manipulando a inflação atuando pontualmente para segurar o preço da gasolina ou para baratear o preço da energia elétrica, o governo vai tentando equilibrar mal e porcamente o tripé que tem sido a base da economia brasileira desde o segundo governo de Fernando Henrique.
Apesar de tudo, a inflação está acima da meta já há algum tempo, o equilíbrio fiscal fica vulnerável com a não realização do superávit primário e o câmbio está sendo monitorado pelo governo para um nível que os empresários supõem seja de R$ 2,30, mas não há certeza quanto a isso.
Para os investidores, nacionais e estrangeiros, o fundamental é transparência e "regras do jogo" estáveis. A manutenção dos contratos já firmados na exploração do petróleo pelo sistema de concessão, como decidiu ontem a presidente Dilma, é um passo importante nessa direção, muito embora toda essa celeuma em torno do novo sistema de partilha esteja prejudicando a exploração do pré-sal, paralisada desde que se mudou o marco regulatório desnecessariamente.
Os prejuízos que a Petrobrás vem tendo devido à politização de suas atividades são demonstrações claras do caminho equivocado. O recente escândalo envolvendo nomeações para agências reguladoras é outro exemplo de precariedade de nossa organização econômica. O governo petista não gosta de privatizações e muito menos de agências autônomas, fora do controle da máquina estatal. Por isso transformou as agências em cabides de empregos subordinadas aos ministérios.
Também as obras de infraestrutura nos portos e aeroportos estão prejudicadas pela indefinição do governo, que privatiza dizendo que está apenas fazendo concessões à iniciativa privada, e ainda tenta colocar estatais como a Infraero controlando os investidores privados.
A expectativa não é de um cenário de ruptura para a economia brasileira, mas, certamente, o País deve continuar atrás em relação ao crescimento de países emergentes como Chile, Peru e Colômbia, que caminham no sentido de aperfeiçoar a gestão macroeconômica e melhorar o ambiente de negócios, além de formalizarem contratos bilaterais de comércio com grandes economias.
Nós, por outro lado, estamos destruindo o tripé de política econômica, piorando o ambiente de negócios, com as alterações tributárias e intervenções setoriais, e, além disso, persistimos com o Mercosul com Argentina e Venezuela. A situação só não está pior porque o consumismo, das famílias e dos governos, cada vez mais endividados, segurou vendas, mas estas descolam da produção de hoje, e de amanhã, porque investimento despencando hoje significa menor capacidade de produção amanhã.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sábado, dezembro 01, 2012
Triste piada MERVAL PEREIRA
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
dezembro
(93)
- 27/12/12
- Furúnculos - PAULO BROSSARD
- Na corda bamba - RICARDO NOBLAT
- A lógica desastrosa de Lula sobre a imprensa - EUG...
- 2013, o ano da volta ao passado - MAÍLSON DA NÓBREGA
- Ladrões de cofres e de instituições - REINALDO AZE...
- O voto distrital torna mais fácil escolher polític...
- CELSO MING-Prometeu e não entregou
- VEJA Edição 2300 • 19 de dezembro de 2012
- Época
- Foco no mensalão - MERVAL PEREIRA
- DORA KRAMER-REDOMA DE AÇO
- A conta sempre chega - MIRIAM LEITÃO
- Tendências do mercado de gás natural - ADRIANO PIRES
- Pró-mercado? - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- A inflação redescoberta - ROLF KUNTZ
- Bolívar dá sinais de cansaço - MIRIAM LEITÃO
- Uns mais iguais - MERVAL PEREIRA
- Língua nos dentes - DORA KRAMER
- A primeira vítima - DORA KRAMER
- Direitos e deveres - MERVAL PEREIRA
- Em marcha a ré - MIRIAM LEITÃO
- Impaciências - JOSÉ PAULO KUPFER
- Uma nota de três reais - EDITORIAL O ESTADÃO
- O humanista que amava Stalin - RODRIGO CONSTANTINO
- Lula deu 'ok' a empréstimos do mensalão e recebeu ...
- A confissão de Chávez - EDITORIAL O ESTADÃO
- Mais investigações sobre a máfia dos pareceres - E...
- Remendo federativo - EDITORIAL FOLHA DE SP
- A identidade brasileira no exterior - RUBENS BARBOSA
- Poder paralelo - VEJA
- O instinto animal da fuga - CARTA AO LEITOR - VEJA
- Eis a questão - DORA KRAMER
- BRASIL E CORRUPÇÃO - MERVAL PEREIRA
- Demite Mantega. E daí? - SUELY CALDAS
- A decisiva segunda metade - PEDRO MALAN
- Quem ama mata - ou morre - DANUZA LEÃO
- Ficou difícil, Guido... - EDITORIAL REVISTA ÉPOCA
- O Brasil se tornou craque na prática do "voo de ga...
- A base aliada na ilha - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- A guerra sem batalhas - FERREIRA GULLAR
- Operação Nacional Tapa-Buracos - GAUDÊNCIO TORQUATO
- Sem ajuda externa - MIRIAM LEITÃO
- A morte do arquiteto e FHC-Vitor Hugo Soares
- Como uma rocha - DORA KRAMER
- A última palavra - MERVAL PEREIRA
- Travas do investimento - MIRIAM LEITÃO
- Uma reforma política desnecessária EDITORIAL O GLOBO
- Abre o olho presidente - ADRIANO PIRES
- A idade do benefício - FABIO GIAMBIAGI
- França reverencia obras do artista - GILLES LAPOUGE
- A mão do gato - EDITORIAL O ESTADÃO
- ‘Rosegate’, o escândalo da vez - ROBERTO FREIRE
- Duro choque de realidade - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK
- Parceria na infraestrutura - EDITORIAL ZERO HORA
- O paradoxo egípcio - EDITORIAL O ESTADÃO
- Acordo possível - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Crise institucional na Argentina - EDITORIAL O GLOBO
- CLAUDIO HUMBERTO
- Retrocesso evitado - MERVAL PEREIRA
- Privilégio às avessas - DORA KRAMER
- Privilégio às avessas - DORA KRAMER
- Superação no varejo - MIRIAM LEITÃO
- Histórias da história - CORA RÓNAI
- Pró-mercado? (1) - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
- A dúvida do ministro sobre o trabalho do IBGE - ED...
- Quarto do riso - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
- Por uma nova política econômica - PAULO R. HADDAD
- Quando o réu é padrinho - DEMÉTRIO MAGNOLI
- Conto da carochinha - EDITORIAL O ESTADÃO
- Novos paliativos- EDITORIAL FOLHA DE SP
- Blecaute de sensatez - EDITORIAL ZERO HORA
- Governo é que politizou redução da tarifa de eletr...
- CLAUDIO HUMBERTO
- Vidas paralelas: Dilma y Cristina Por Mariano Gron...
- Ano perdido - MERVAL PEREIRA
- Cordas vocais - DORA KRAMER
- Fórmula perdedora - CELSO MING
- Carências sociais - SUELY CALDAS
- Melancolia e revolta - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
- Só críticas ao País na OMC - ALBERTO TAMER
- Brasil, caro e ruim - VINICIUS TORRES FREIRE
- O erro supremo - FLÁVIO TAVARES
- O dilema da gerentona Dilma - ELIO GASPARI
- Deformações das MPs - EDITORIAL O ESTADÃO
- Estagnação com inflação - EDITORIAL O ESTADÃO
- Calote parlamentar - EDITORIAL FOLHA DE SP
- O preço da honra - GAUDÊNCIO TORQUATO
- A herança maldita - FERREIRA GULLAR
- Seguremos as pedras - JOÃO UBALDO RIBEIRO
- Coisas em geral - DANUZA LEÃO
- Decepção - CELSO MING
- Triste piada MERVAL PEREIRA
-
▼
dezembro
(93)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA