O Estado de S.Paulo - 02/12
Diante de mais um desempenho decepcionante do PIB no terceiro trimestre, a tentação recorrente do governo Dilma é reforçar suas políticas anticíclicas pelo lado errado; é returbinar o consumo com o aumento das despesas públicas, com mais renúncias tributárias, mais crédito, mais queda dos juros e mais desvalorização cambial (alta do dólar).
Isso é insistir na fórmula que está dando errado. O orçamento das famílias está excessivamente comprometido com dívidas e compras antecipadas - conforme mostram os índices de inadimplência, altos demais. Mais queda dos juros sem derrubada mais forte da inflação afastará ainda mais os aplicadores e prejudicará a rolagem da dívida do Tesouro, como já está acontecendo.
Para isso, terá de reduzir de maneira mais determinada a dívida bruta por meio de sobras mais alentadas de arrecadação (superávit primário). Implica mais disciplina orçamentária - e não o contrário. Há hoje uma enorme disponibilidade de recursos do setor privado à procura de aplicações de longo prazo, mas, com raras exceções, seus administradores não sentem firmeza nas atuais regras do jogo.
Se fosse verdade - como aponta o ministro da Fazenda, Guido Mantega - que é o desempenho insatisfatório do setor de serviços que está segurando o PIB, então os estímulos não teriam de ser concentrados na indústria de transformação, e, sim, no segmento de serviços - que hoje corresponde a 67% do PIB (veja o Confira) e é o maior criador de empregos no Brasil.
Existe, de fato, um campo enorme a desenvolver nessa área. Em especial, nas comunicações, na logística e nos transportes urbanos. As grandes cidades estão paralisadas nos congestionamentos, a peça chega atrasada à indústria e o produto final não tem como ser escoado. No entanto, o fato é que, embora com estímulos, a indústria não está dando conta do recado.
Enfim, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tem razão ao afirmar que o motor do crescimento econômico precisa deixar de ser o consumo e passar a ser o investimento. O problema aí é que o governo Dilma tem enormes dificuldades para superar suas próprias travas.
Uma delas é a baixa disposição para empreender as reformas destinadas a derrubar o custo Brasil. Outra, é a forte instabilidade nas regras do jogo. E a seguinte, o baixo nível do gerenciamento público - que atrasa sistematicamente o cumprimento dos projetos de desenvolvimento. "O atraso é a regra do jogo", já reconheceu a ministra.
Do ponto de vista do investimento, por exemplo, que depende cada vez mais de capital externo, as intervenções no câmbio destinadas a provocar desvalorizações artificiais da economia são novo obstáculo. O investidor externo carece de previsibilidade. Quando corre o risco de, na saída, receber menos dólares por reais do que entregou na entrada no País, tenderá a pular fora.
O empresário brasileiro está errado quando insiste em que sua baixa competitividade se deve ao câmbio fora do lugar e aos juros ainda muito elevados. O problema está no altíssimo custo Brasil - que não se supera com um dólar mais caro, com juros subsidiados do BNDES para os favoritos da hora nem com desonerações cosméticas dos encargos trabalhistas para um punhado de setores.
Diante de mais um desempenho decepcionante do PIB no terceiro trimestre, a tentação recorrente do governo Dilma é reforçar suas políticas anticíclicas pelo lado errado; é returbinar o consumo com o aumento das despesas públicas, com mais renúncias tributárias, mais crédito, mais queda dos juros e mais desvalorização cambial (alta do dólar).
Isso é insistir na fórmula que está dando errado. O orçamento das famílias está excessivamente comprometido com dívidas e compras antecipadas - conforme mostram os índices de inadimplência, altos demais. Mais queda dos juros sem derrubada mais forte da inflação afastará ainda mais os aplicadores e prejudicará a rolagem da dívida do Tesouro, como já está acontecendo.
Para isso, terá de reduzir de maneira mais determinada a dívida bruta por meio de sobras mais alentadas de arrecadação (superávit primário). Implica mais disciplina orçamentária - e não o contrário. Há hoje uma enorme disponibilidade de recursos do setor privado à procura de aplicações de longo prazo, mas, com raras exceções, seus administradores não sentem firmeza nas atuais regras do jogo.
Se fosse verdade - como aponta o ministro da Fazenda, Guido Mantega - que é o desempenho insatisfatório do setor de serviços que está segurando o PIB, então os estímulos não teriam de ser concentrados na indústria de transformação, e, sim, no segmento de serviços - que hoje corresponde a 67% do PIB (veja o Confira) e é o maior criador de empregos no Brasil.
Existe, de fato, um campo enorme a desenvolver nessa área. Em especial, nas comunicações, na logística e nos transportes urbanos. As grandes cidades estão paralisadas nos congestionamentos, a peça chega atrasada à indústria e o produto final não tem como ser escoado. No entanto, o fato é que, embora com estímulos, a indústria não está dando conta do recado.
Enfim, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tem razão ao afirmar que o motor do crescimento econômico precisa deixar de ser o consumo e passar a ser o investimento. O problema aí é que o governo Dilma tem enormes dificuldades para superar suas próprias travas.
Uma delas é a baixa disposição para empreender as reformas destinadas a derrubar o custo Brasil. Outra, é a forte instabilidade nas regras do jogo. E a seguinte, o baixo nível do gerenciamento público - que atrasa sistematicamente o cumprimento dos projetos de desenvolvimento. "O atraso é a regra do jogo", já reconheceu a ministra.
Do ponto de vista do investimento, por exemplo, que depende cada vez mais de capital externo, as intervenções no câmbio destinadas a provocar desvalorizações artificiais da economia são novo obstáculo. O investidor externo carece de previsibilidade. Quando corre o risco de, na saída, receber menos dólares por reais do que entregou na entrada no País, tenderá a pular fora.
O empresário brasileiro está errado quando insiste em que sua baixa competitividade se deve ao câmbio fora do lugar e aos juros ainda muito elevados. O problema está no altíssimo custo Brasil - que não se supera com um dólar mais caro, com juros subsidiados do BNDES para os favoritos da hora nem com desonerações cosméticas dos encargos trabalhistas para um punhado de setores.