FOLHA DE S. PAULO
Emprego formal novo na indústria continua em baixa; serviços e final da temporada agrícola sustentam mercado
NUM DOS COLAPSOS da economia brasileira dos anos 1980 ou início dos 1990, uma reportagem da "Economist" sobre o Brasil era ilustrada por uma foto de um congestionamento em que todos os carros, menos um ou dois, eram táxis. A reportagem, como seria clichê naqueles anos, citava engenheiros sem emprego, que se tornavam motoristas de praça ou "viravam suco" (na época, fez sensação a lanchonete aberta por um engenheiro, na avenida Paulista, com esse nome: "O engenheiro que virou suco"). A legenda da foto dizia: "Eles vão virar todos motoristas de táxi?".
Em meados de 2008, eram comuns as reportagens sobre a falta de engenheiros. Em breve, vamos nos preocupar de novo com esse, digamos, bom problema? Essa memória toda vem a propósito dos incômodos dados de emprego com carteira assinada, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Mais que a perspectiva dos engenheiros industriais, preocupa o resultado do emprego formal nas fábricas: não se move, ao contrário do caso dos serviços (os "taxistas", na metáfora).
Entre empregados e demitidos, o saldo de empregos industriais de maio foi 700 (ante 36.701 em maio de 2008). O resultado geral apenas aparentemente bom, 131 mil empregos a mais (sem ajuste sazonal), deveu-se ao setor de serviços e à temporada de contratações agrícolas (que se encerra em agosto).
Os dados espelham os do PIB. O "valor adicionado" (crescimento de fato) da indústria de transformação caiu 12,6% em relação ao início de 2008. O dos serviços cresceu 1,7%, no total.
Serviços de informação, finanças e "outros serviços" cresceram entre 5% e 7%. "Outros serviços" são aqueles do dia a dia: educação, saúde, reparos e manutenção, alimentação etc.
Em educação e saúde, foi contratada mais gente do que em 2008 (de janeiro a maio). Fora finanças, todos os demais serviços estão com saldo positivo no ano, apesar de inferior ao de 2008. No caso da indústria, foram perdidos 146 mil empregos em 2009. Tal crise, de resto, pressiona os salários dos empregos restantes para baixo.
Não podemos nos tornar todos "motoristas de táxi", profissionais de saúde e educação ou montarmos lojas de consertos e restaurantes por quilo. E nosso setor de serviços não é composto de "Googles", mas de muita informalidade e ineficiência.
Um relatório dos economistas do Bradesco nota que o setor de serviços vai se "manter relativamente bem nos próximos meses...; diante da crise, está em curso uma mudança no "mix" de consumo das famílias para itens mais dependentes de renda (bens não duráveis e serviços) em detrimento de itens mais dependentes de crédito (bens duráveis)".
De onde vem a renda? Os economistas da consultoria MB Associados têm mostrado o grande efeito de INSS, Bolsa Família e salário de servidores na manutenção do nível de consumo (reforçado pela queda do preço da comida). Melhor isso do que um colapso geral puxado pela indústria exportadora. O reforço estatal do mercado doméstico foi relevante (mas tem limite); quem consome mais serviços viu seu nível de vida subir, decerto. Mas, a cada crise, a indústria fica menor; é muito cedo, num país "atrasado" como o Brasil, para vermos a indústria encolher.
Entrevista:O Estado inteligente
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