FOLHA DE S. PAULO
O Fed começou a construir a estratégia de saída dessa parte menos convencional de sua intervenção no mercado
NA ÚLTIMA quarta-feira, o mundo econômico parou na expectativa do resultado da reunião do Fed. Embora até as pedras soubessem que seria mantida a política de taxas de juros próximas de zero, havia uma grande expectativa quanto às palavras que ele utilizaria para comunicar sua decisão. Qualquer mudança seria lida e interpretada com muito cuidado pelos especialistas, pois poderiam esconder informações preciosas sobre o futuro da política monetária na maior economia do mundo.
Existem hoje três leituras principais sobre o futuro da economia nos Estados Unidos. A primeira, herdada da crise bancária que estamos vivendo, chama a atenção para o risco de uma verdadeira depressão econômica, com risco de deflação, como a ocorrida nos anos 30 do século passado. Foi leitura dominante nos meses que se seguiram ao colapso do banco Lehman Brothers. Hoje, ela está um pouco desprestigiada, devido à recuperação da atividade econômica nos últimos dois meses, mas ainda faz sucesso em certos meios acadêmicos.
Uma segunda leitura incorpora essa recuperação e trabalha com a volta de crescimento moderado já no último trimestre deste ano. Em 2010, ajudado em parte pelo vigor dos países emergentes, o mundo voltaria a crescer 4%. Mas, no chamado G7, a atividade econômica seria ainda débil, e o desemprego continuaria a subir nos primeiros meses do ano.
Somente a partir de 2011 é que a atividade econômica chegaria perto do potencial. A inflação continuaria baixa, permitindo a lenta reversão dos estímulos monetários adotados para combater a crise. Finalmente, outro grupo de analistas que olha para o futuro com extrema preocupação de uma volta súbita da inflação, devido à política monetária extremamente expansionista, pedia uma mudança já na atitude do Fed.
O Fed tem mantido até agora uma política agressiva e fora dos padrões de expansão monetária para lidar com o primeiro cenário. Ela incorpora, além de um compromisso com juros muito baixos, instrumentos não convencionais na tentativa de substituir os bancos privados nos mercados de crédito. Para atingir esse objetivo, comprometeu-se a comprar até US$ 1,6 trilhão em títulos públicos e em papéis hipotecários.
Como resultado dessas iniciativas, o volume de dólares em circulação nos mercados financeiros atingiu números extremos. Nesse movimento, o total de ativos do Fed passou de algo como US$ 800 bilhões para mais de US$ 2 trilhões. Mas, com a redução do risco de deflação, o mercado passou a especular sobre o momento em que o Fed terá de voltar a um comportamento mais convencional. Não por outra razão, tivemos um agressivo movimento de elevação dos juros mais longos nos Estados Unidos nas últimas semanas. Mas é importante separar os problemas. Uma coisa são as taxas de juros muito baixas, que devem continuar, pois a recuperação ainda é muito frágil. Isso foi reforçado pelo Fed no comunicado desta semana. Outra coisa são os mecanismos de expansão quantitativa de moeda, que foi adotada de forma emergencial há alguns meses e que começa a perder seu sentido.
O Fed começou a construir, de forma eficiente, a estratégia de saída dessa parte menos convencional de sua intervenção. Sem se comprometer com datas e valores, a autoridade monetária deu um sinal claro, ao mencionar que ajustará esses mecanismos de forma adequada ao cenário dos próximos meses. Os mercados reagiram muito bem a esse movimento, mostrando que Ben Bernanke e sua equipe sabem o que estão fazendo.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
junho
(349)
- SAMBA DE UMA NOTA SO'- MODERN JAZZ QUARTET
- EDITORIAIS
- Clipping de 30/06/2009
- Celso Ming E agora, Kirchner?
- Joseph Stiglitz,Acordo sobre a crise é um pequeno ...
- Míriam Leitão Bolsa Juros
- Vinicius Torres Freire O grande pacotão de Lula
- Yoshiaki Nakano A recuperação da crise e as diverg...
- Dora Kramer Socialização do prejuízo
- A alternância redundante Wilson Figueiredo
- Merval Pereira Sem controle
- Reinado Azevedo
- Bolsa Ditadura
- Golpe? Onde?
- Traído pela arrogância petista
- Clipping de 29/06/2009
- O cara
- EDITORIAIS
- Carlos Alberto Di Franco Simbiose - oligarquia e p...
- Roberto Romano Lulla, o porta voz dos aiatolás e d...
- Eis aqui, leitor, um intelectual de verdade
- Sarney não deverá renunciar, diz historiador
- Vinicius Torres Freire Gasto público em ritmo elei...
- EDITORIAIS
- José Serra Uma visão latino-americana da crise
- Dora Kramer Jogo dos sete erros
- Celso Ming Sem anestesia
- Sérgio Fausto Problemas na vizinhança
- O fracasso da greve na USP
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ La muerte se coló en medio de...
- MARIANO GRONDONA ¿Cómo explicar el disenso entre M...
- Miriam Leitão Lento regresso
- Merval Pereira A voz rouca das ruas
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Não se salva ninguém?
- Míriam Leitão Contas amarelas
- Celso Ming BCs mais poderosos
- EDITORIAIS
- Villas-Bôas Corrêa Exemplar secretário- geral da C...
- Cesar Maia:Ken Starr e Joseph McCarthy
- Rompendo a censura Zuenir Ventura
- Dora Kramer Cerimônia do adeus
- O governo não sabe... (Giulio Sanmartini)
- Nelson Motta Questão de estilo
- Merval Pereira O joio e o trigo
- VEJA Carta ao Leitor
- Veja Entrevista Leonardo Nascimento de Araújo
- Diogo Mainardi Dois mil anos depois...
- Roberto Pompeu de Toledo Politicolíngua, série Sarney
- Maílson da Nóbrega O incrível Lula e o BC
- Lya Luft
- MILLÔR
- Panorama
- Senado Hora de esvaziar as lixeiras
- Araguaia Curió fala das execuções sumárias de guer...
- Irã Mulheres lideram os gritos por liberdade
- A morte de Michael Jackson
- Distúrbio fronteiriço: a vida à beira do abismo
- HPV: teste detecta a atividade do vírus
- O transplante de Steve Jobs, da Apple
- Casa Opções de aquecimento para o inverno
- Alex e Eu, a cientista e o papagaio
- A Criação da Juventude, de Jon Savage
- VEJA Recomenda
- da Veja-Livros mais vendidos
- Celso Ming Decolando e descolando
- Clipping de 26/06/2009
- EDITORIAIS
- Merval Pereira Por um fio
- Dora Kramer Dupla face
- Fernando Gabeira Futuro do Senado
- Luiz Carlos Mendonça de Barros Fed, saindo à francesa
- Vinicius Torres Freire Banca estrangeira segura cr...
- Míriam Leitão Nervos de aço
- CELSO MING Aperto adiado
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Dinheiro dado
- Clipping de 25/06/2009
- Vinicius Torres Freire Polícia para o golpe no Senado
- Míriam Leitão O incomum
- Demétrio Magnoli Revolução na revolução
- EDITORIAIS
- Dora Kramer Débito de confiança
- Merval Pereira Esperteza demais
- PODCAST Diogo Mainardi
- José Arthur Giannotti* - A baderna e a esclerose d...
- Vale a pena ver de novo
- Miriam Leitão Clima frio
- Editoriais
- Clipping de 24/06/2009
- Celso Ming Para os pobres
- José Nêumanne A diferença entre servir à Pátria e ...
- Roberto DaMatta Coluna em pedaços: o problema da p...
- Dora Kramer O que não tem remédio
- Merval Pereira Santo de casa
- Dora Kramer Um pontapé no rapapé
- Momento de decisão Merval Pereira
- Clipping de 23/06/2009
- EDITORIAIS
- Governança global Celso Ming
- Engenheiros, taxistas e empregos Vinicius Torres F...
- Irã: As muitas faces Míriam Leitão
-
▼
junho
(349)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA