Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 13, 2009

Diogo Mainardi Eugh!

DA VEJA

"Agora há menos socialistas na Europa do que na
assessoria de imprensa da Petrobras. Os imigrantes
beijam, tocam e cutucam a unha do pé. Os europeus 
fizeram uma escolha. Entre os socialistas, que acolhem
os estrangeiros, e os direitistas, que prometem 
mandá-los embora, eles preferiram os direitistas"

Um dos concorrentes do Big Brother do Reino Unido é nosso – é do Brasil. Os redatores do programa o caracterizaram da seguinte maneira:

"Ele abraça! Ele beija! Ele toca! É um fato cultural. Ao menos é o que ele diz...".

Além de beijar e de tocar, Rodrigo Lopes – esse é seu nome – também sonha em ficar preso no elevador com a rainha Elizabeth, tira meleca do nariz e cutuca a unha do pé. Comentário enojado dos redatores doBig Brother:

"Eugh!".

Como foi que ele, Rodrigo Lopes, acarinhando um, molestando o outro, tirando meleca do nariz e cutucando a unha do pé, acabou com o socialismo na Europa? Aconteceu de uma hora para a outra. A Europa tolerante, a Europa miscigenada, a Europa tomada por imigrantes de todas as partes, decidiu se fechar. Rodrigo Lopes é só um dos concorrentes estrangeiros do Big Brother do Reino Unido. Há também uma cantora russa, um estudante indiano, um estilista iraniano. Os ingleses, os franceses, os espanhóis, os italianos, os holandeses olharam essa gente toda e disseram:

"Eugh!".

Eleitoralmente, esse "Eugh!" representou, na última semana, a perda de 56 deputados socialistas – ou social-democratas – no Parlamento Europeu. Agora há menos socialistas na Europa do que na assessoria de imprensa da Petrobras. Só os lituanos ainda elegem socialistas. Os imigrantes beijam, tocam, tiram meleca do nariz e cutucam a unha do pé. Eles se dedicam também a um monte de outras besteiras. A maioria delas, ilegal. Os europeus fizeram uma escolha. Entre os socialistas, que acolhem os estrangeiros, e os direitistas, que prometem mandá-los embora, eles preferiram os direitistas, acabando – e acabando para sempre – com os socialistas.

Quando o poder público é tolerante com a ilegalidade, ele alimenta os intolerantes. Mas é uma palermice imaginar que o eleitorado europeu, rejeitando os imigrantes, tenha se tornado mais racista. Ele só tentou recuperar um certo sentimento de ordem que se perdeu nas últimas décadas. Num momento em que todos aplaudiam a retórica internacionalista de Barack Obama, com seus pressupostos de elasticidade moral, os eleitores europeus foram para o lado oposto, desafiando o dogma do multiculturalismo e reafirmando sua identidade local. Que mal há nisso? Nenhum.

Assim como a Europa repudiou os grandes planos de engenharia social, ela repudiou também os grandes planos de engenharia financeira. Nada de perder o controle do gasto público. Nada de imprimir dinheiro. Nada de zerar o juro. A receita europeia para recuperar a economia é mais simplória, mais caseira: aperto monetário e rigor fiscal. No ano passado, na ONU, Lula anunciou o triunfo do estatismo sobre o mercado, decretando a morte do neoliberalismo. Mas quem morreu primeiro foi o socialismo. "Eugh!"

 


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