Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 17, 2009

Economia doméstica faz sucesso no Fantástico

VEJA

Televisão
Comédia financeira

As dívidas da família Amorim dão audiência ao Fantástico

Renato Rocha Miranda/TV Globo
SEM MEDO DA CÂMERA
Wellington e família: renda de 2 000 reais e água clandestina


O quadro Manda Quem Pode, Obedece Quem Tem Juízo, que o Fantástico exibe nos quatro domingos deste mês, não tem nada de original. Inspira-se numa série da BBC sobre adolescentes usuários de drogas e repete a fórmula didática de dissecar e organizar o orçamento de uma família utilizada com frequência pelo programa. No entanto, o quadro é campeão de cartas e, nas duas vezes em que foi ao ar, a audiência do Fantástico, que registra média de 26 pontos, subiu 6 pontos. Isso se deve a Wellington Amorim, sua mulher, Mônica, suas filhas, Ingryd e Bruna, e sua sobrinha Jéssica. Moradores do subúrbio carioca de Santíssimo, eles têm renda familiar de 2 000 reais, estão endividados até o pescoço e são um daqueles achados que fazem a alegria da produção de qualquer reality show. Wellington, sócio de uma oficina mecânica, sustenta as quatro mulheres e dois cachorros, Jorge e Mel. Além destes, acaba dando comida também a um cão de rua negro, sugestivamente batizado de Obama, que não sai da porta da casa porque Mel está no cio. Mônica, a mãe, passa as manhãs cantando e dançando músicas de Claudia Leitte. Quem faz comida e passa roupa é o mecânico.

Ingryd, de 15 anos, a filha consumista que ficou responsável por colocar ordem no orçamento da casa, tem crises de choro quando falta dinheiro para as contas e se queixa do programa. "Comer macarrão com alguém te filmando é horrível", diz ela, de prato na mão, com uma espontaneidade que impressiona Luiz Nascimento, o diretor do Fantástico. "Eles não se intimidam diante das câmeras", afirma. É fato. Os Amorim expõem seus sonhos de consumo em rede nacional com candura comovente: comprar bijuteria na praia, pedir no restaurante um prato de peixe frito com limão, adquirir uma daquelas raquetes que eletrocutam mosquitos. Só não esperavam que tamanha sinceridade acabasse acrescentando uma despesa ao orçamento. O diretor da companhia de água e esgoto do Rio notou que a conta de água não aparecia entre as despesas da casa e mandou fiscais ao local. Descobriu que a família e mais dezoito vizinhos faziam ligação clandestina de água. Agora, todos terão de regularizar a situação.




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