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quinta-feira, maio 19, 2011

Dados do BC não permitem dizer que a inflação cairá EDITORIAL O ESTADO DE S PAULO


19 de maio de 2011 |O Estado de S.Paulo

O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,51% em março, sobre fevereiro, em dados dessazonalizados. E, no 1.º trimestre do ano, cresceu 1,28% sobre o 4.º trimestre do ano passado. A esses dados se acrescentaram os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostram, para os quatro primeiros meses do ano, uma geração de empregos 20% menor do que no mesmo período de 2010. Daí se conclui que estamos diante de uma desaceleração do crescimento.

Isso era previsto, e até desejado, para aliviar a pressão inflacionária - e, ao crescimento do PIB de 2010 de 7,5%, as previsões do Banco Central (BC), mais realistas que as do governo, acrescentam 4% para o presente exercício. O que se pergunta é se essa taxa permite um controle efetivo da inflação.

Os dados do 1.º trimestre apontam para um crescimento anualizado de 5,2%, ante 4,2% apontado no 4.º trimestre de 2010. É preciso reconhecer que, por enquanto, o IBC-Br não sinaliza uma desaceleração do crescimento, embora se possa admitir que a inflação deverá levar as famílias a refrear seus gastos.

Parece-nos arriscado relacionar essa perspectiva a uma redução do ritmo de criação de empregos com carteira assinada, assim como a um ligeiro aumento do desemprego. Sabemos que, numa situação de quase pleno emprego, em que a falta de mão de obra especializada é patente, a interpretação dos dados relativos ao emprego deve ser muito cautelosa. O que interessa para o rumo da economia é, antes de tudo, a evolução da folha salarial que se define a partir da multiplicação do número de empregados pela sua remuneração. No caso da indústria, no 1.º trimestre, essa folha real apresentou crescimento de 6,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os dados do Caged mostram que o setor que mais cresceu em abril foi o dos serviços, justamente aquele em que os salários reais mais aumentam.

Não podemos também negligenciar o fato de que os maiores dissídios serão realizados no 2.º semestre, num período em que a inflação estará em seu nível máximo, isto é, fundamentando maiores reajustes salariais para categorias numerosas e fortes no plano sindical, como a dos metalúrgicos.

Essa perspectiva de um forte aumento da renda se traduzirá por uma elevação da demanda, isto é, da produção, mas também das pressões inflacionárias.

Parece-nos arriscado acreditar que a desaceleração da economia vá forçar um recuo da inflação, embora possamos esperar uma ligeira queda do preço das commodities. 

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