O Estado de S. Paulo - 14/04/2010
Faz 12 dias que Dilma Rousseff deixou de ser ministra, virou pré-candidata à Presidência da República, soltou a mão do presidente Luiz Inácio da Silva e de lá para cá sua vida de política tem sido uma desventura em série.
Criou problemas com partidos seus aliados, errou nas duas viagens aos Estados que visitou, arrumou confusão com a esquerda toda tratando involuntariamente os exilados da ditadura nos mesmos termos usados pelo mais brucutu dos generais, ouviu cobranças públicas de correligionários sobre a maneira errática de se movimentar e para todos os seus atos precisou providenciar uma explicação.
Na política vigoram várias regrinhas básicas. Uma delas reza que o que precisa ser explicado não tem explicação; está, na origem, equivocado.
Dilma Rousseff não tem necessariamente obrigação de estar em dia com o manual do político profissional. Sua formação ao longo da vida adulta foi outra. Técnica. Burocrata, sem intenção pejorativa no termo. A experiência política da juventude na luta armada não se presta exatamente às sutilezas do embate político pela via eleitoral democrática.
Portanto, de certa forma é até natural que incorra em equívocos. Por inexperiência no ramo e por questão de personalidade, item que já derrubou outros bem mais experimentados.
O que não é normal é que nenhum dos vários senhores e senhoras experientes nas atividades em jogo, política e comunicação, e que fazem parte da grandiosa estrutura montada para sustentar a candidatura de Dilma, não tenham sido minimamente capazes de, se não prever, ao menos parar e corrigir o rumo das coisas aos primeiros sinais do desastre que já se avizinhava amazônico em Minas Gerais.
Ela prossegue, os tropeços vão sendo atribuídos à má-fé das interpretações, a mal-entendidos sabe-se lá de quem, pois quem tem reclamado são exatamente os aliados, e toca-se o barco na base do vamos que vamos com Dilma trocando o pneu do avião em pleno voo.
A candidata atira no que vê, acerta no que não deve, promove uma quebradeira por onde passa e ainda paga a conta sozinha. Onde os conselheiros? Onde os marqueteiros? Onde os articuladores aos quais caberia ajeitar as questões políticas locais antes de a candidata desembarcar, ou melhor, cair sem paraquedas?
Onde o presidente Lula? Dizem que Dilma é arrogante. Mas dizem também que é dócil "para cima". O que significa que seguirá à risca as orientações do chefe. Tempo há de sobra.
Foi ele quem a inventou. Quem avaliou as possibilidades e a capacidade de sua então ministra e que outro dia mesmo disse que se soubesse antes que ela seria tão boa candidata ele mesmo nem teria se candidatado a presidente deixando a vaga para ela. Pois então, deve saber como acionar suas habilidades.
Se não souber, e esses tropeços iniciais representarem de fato um quadro de inaptidão para o exercício do ofício a que Dilma foi designada, o inepto terá sido Lula em sua avaliação na escolha da candidata.
Ou, então, foi proposital a displicência. Talvez o presidente Lula tenha o entendimento de que sua presença em cena baste. Antes, durante e depois da eleição. E que para o Brasil o importante é que alguém o represente. Tanto faz como tanto fez se não o faça a contento. Isso como candidata. Se vencer, a conferir como presidente.
Toma lá. Enquanto o presidente Lula falou sozinho, sem a companhia do contraditório, inaugurou-se e vistoriou-se de tudo sem a menor preocupação.
Agora o Palácio do Planalto toma a precaução de evitar que o presidente inaugure obras inacabadas para não fornecer munição de graça para a oposição.
Pesquisa. Ante o empate entre Dilma e Serra apontado pelo Instituto Sensus, o governo comemora e a oposição prefere aguardar as pesquisas do Ibope e Datafolha previstas para o fim da semana. É que o "campo" das duas últimas foi feito depois do lançamento do tucano.
Entrevista:O Estado inteligente
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