Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 13, 2009

Europa Vitória eleitoral da direita

da Veja

Na hora do aperto...

...os europeus, que foram às urnas para as eleições
do Parlamento da União Europeia, escolheram a direita
para livrá-los da crise econômica


Thomaz Favaro

Susana Vera/Reuters
Sumiço do emprego Fila de desempregados em Madri: um em cada seis espanhóis está sem trabalho

As eleições para o Parlamento da União Europeia são marcadas pela predominância dos temas de interesse nacional, o que torna difícil interpretar seus resultados. Na votação da semana passada, no entanto, os eleitores deram um sinal uníssono e inequívoco: a vitória esmagadora da direita. Os políticos de esquerda, quer no governo, quer na oposição, não conseguiram aproveitar a oportunidade criada por uma crise econômica que parece ter sido feita sob medida para os críticos do liberalismo. A história se repetiu na maioria dos países do bloco: o eleitorado votou nos conservadores, que conquistaram 264 das 736 cadeiras do Parlamento, e os partidos socialistas e social-democratas amargaram derrotas históricas. O Partido Trabalhista da Inglaterra, com a reputação manchada pela farra com dinheiro público promovida por parlamentares, ficou em terceiro lugar – derrota que quase custou a cabeça do primeiro-ministro Gordon Brown. Na Alemanha, onde a votação europeia foi encarada como uma prévia das eleições nacionais, o Partido Social Democrata teve apenas 21% dos votos. Na Itália, nem mesmo os escândalos na vida pessoal de Silvio Berlusconi (a divulgação de fotos de modelos nuas em sua villana Sardenha foi o mais recente) impediram a vitória de seu partido. "É uma noite triste para a social-democracia na Europa", resumiu o deputado alemão Martin Schulz, líder da esquerda no continente.

O NEO-HITLER INGLÊS Nick Griffin, líder dos neonazistas britânicos: xenofobia no Parlamento Europeu

A eleição do Parlamento é a única oportunidade que os europeus têm de escolher diretamente seus representantes na União Europeia. Mesmo assim, a apatia se instalou. Foi o mais alto índice de abstenção desde a primeira eleição, em 1979. Somente quatro em cada dez eleitores compareceram às urnas. Poucos europeus sabem o que fazem os deputados, exceto que recebem salários polpudos e torram 300 milhões de euros por ano para traduzir discursos e documentos para 23 línguas. O desinteresse não é só dos eleitores. O Parlamento é tratado como uma espécie de "geladeira" política, repleta de políticos iniciantes ou em fim de carreira, aos quais se acrescentaram, agora, 33 neonazistas eleitos em vários países. Esse rebotalho de ideias passadas, com suas plataformas habituais – antissemitismo, pureza da "raça" branca –, pegou carona na rejeição aos imigrantes ilegais na Europa, que tomou impulso com a crise econômica.

O inglês Maurice Fraser, da London School of Economics, aponta duas razões principais para o avanço da centro-direita no continente. A primeira é a incapacidade dos partidos socialistas de superar as disputas internas e construir lideranças fortes. Em comparação com Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e Silvio Berlusconi, a esquerda europeia possui nomes de pouca expressão. A segunda é o fato de a centro-direita ter cumprido bem o seu papel até agora nos países onde governa. "Os conservadores têm mostrado liderança firme e implementado políticas econômicas intervencionistas para lidar com a crise", disse Fraser a VEJA. A recessão é o principal desafio do velho continente. O FMI estima que os bancos europeus tenham mais títulos podres que os americanos. O desemprego na zona do euro chegou a 9,2%, o maior dos últimos dez anos. A situação é ainda pior na Espanha, onde um em cada seis trabalhadores não tem emprego. A projeção da União Europeia é que o PIB do bloco deve encolher 4% neste ano e só voltará a crescer, com sorte, em 2011.


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