Armínio Fraga assume a presidência da BM&FBovespa com
planos de aproveitar a economia em baixa para ganhar mercados
Eduardo Anizelli/Folha Imagem |
NO PREGÃO A BM&FBovespa é a quarta maior bolsa do mundo em valor de mercado |
A BM&FBovespa, empresa que nasceu com a fusão da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), já se consolidou como uma das mais importantes entre suas similares de países em desenvolvimento. Em valor de mercado, é a quarta maior do mundo. Agora a empresa vê a crise financeira como uma oportunidade para ampliar sua liderança na América Latina e preparar o terreno para conquistar novos mercados. Um passo significativo nessa direção foi dado na terça-feira passada, 28, quando o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Gávea Investimentos, assumiu a presidência do conselho de administração da companhia. No cargo, Fraga não lidará diretamente com o dia a dia dos negócios, mas cuidará das estratégias de longo prazo. "Podemos aumentar nossa presença no mercado internacional dentro e fora", afirmou ele, referindo-se às perspectivas de atrair maior participação de capital estrangeiro nos negócios aqui no Brasil assim como de lançar a BM&FBovespa em projetos internacionais. A esse plano, Fraga emprestará sua credibilidade, não só aqui como também lá fora.
Fraga disse a VEJA que aceitou o convite porque considera o mercado financeiro um ingrediente essencial na modernização da economia brasileira. "Acredito que a bolsa tem um papel fundamental no financiamento das empresas e no estímulo ao crescimento do país", afirmou. "Além disso, é uma empresa excelente, muito bem administrada." A BM&FBovespa busca agora atrair novos investidores e ampliar os acordos com bolsas de outros países. Existe também a ideia de lançar novos produtos financeiros. "Podemos negociar contratos de ativos que hoje estão fora do ambiente de bolsa, como alguns contratos de agronegócio, derivativos e créditos de carbono."
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CONFIANÇA Armínio Fraga, o novo presidente: busca de novas oportunidades de negócios |
Mas não haveria conflito de interesses no fato de o sócio de uma empresa de investimentos presidir a bolsa? Responde o próprio Fraga: "Essa foi a minha primeira preocupação quando recebi o convite. Não faria nada que arranhasse a imagem da bolsa nem a de minha própria empresa. Tomou-se cuidado para que não houvesse nenhum tipo de favorecimento". Segundo a avaliação de Heloisa Bedicks, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o respeito à legislação afasta o risco de acionistas serem prejudicados. Diz ela: "Todos os trâmites foram feitos em conformidade com as instruções da Comissão de Valores Mobiliários e com a Lei das Sociedades Anônimas". O fato de o mercado brasileiro ser extremamente regulado já foi visto como uma desvantagem no passado. Agora o apego às regras é justamente um dos elementos que a bolsa vai usar para atrair mais investidores de todo o mundo.