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O Estado de S. Paulo |
9/4/2008 |
Pelo andar das carruagens palacianas, o plebiscito vem aí. O Congresso deve autorizar a sua convocação. O governo dispõe de ampla e submissa maioria parlamentar. Vai ser fácil de convencer e fácil de comprar. Esse plebiscito pode bem ser realizado lá pelo primeiro semestre do ano que vem. A maior dificuldade surgirá na escolha dos quesitos. Qual será pergunta-chave desse plebiscito? Em busca de que respostas ele será formulado? É óbvio que os atuais ocupantes do Planalto buscarão uma base legal para continuarem no poder após as eleições de 2010. Mas eles estão muito inseguros quanto ao desempenho de seus candidatos e acham que só Lula mostra força eleitoral para isso. Como resolver o impedimento constitucional dessa sua terceira candidatura consecutiva? Se for um mandato novo, por novas regras, ele poderá pleitear o posto, de novo, em 2014? Muitos acham que a questão, posta assim, não seria bem aceita pelo País. Por isso, vão dourar a pílula. Agora, é apenas uma mudança no prazo do mandato presidencial. Embora as sugestões não satisfaçam os muitos grupos, todas exibem o mesmo objetivo: usar ao máximo a popularidade de Lula para ficar no poder por mais tempo. Mas esse sonho de permanência no Planalto não poderá esbarrar em inesperadas traições, má condução na campanha, riscos mundiais insuperáveis e até (Deus o livre disso!) morte repentina do candidato? Para mim, o ideal seria aproveitar o atual momento político, que tem trazido à tona todas as fraquezas, deficiências e engodos do nosso presidencialismo apodrecido, corroído, incapaz e atrasado, e nessa consulta ao povo buscar a solução correta, madura e moderna para o gerenciamento de nosso país. Por que ficar remendando tecido estragado, se podemos adotar um sistema saudável, robusto, praticado pelas democracias mais desenvolvidas? Acho que o plebiscito deveria autorizar o Congresso a adotar a Monarquia parlamentar. Isso mesmo, Monarquia parlamentar! Usar o modelo de Espanha, Inglaterra, Japão, Suécia, Holanda, Dinamarca, Noruega e outros. As vantagens seriam imediatas. O Brasil continuaria a ser uma Federação. O voto continuaria a ser direto, universal, periódico - e, aí, sim, distrital. Os direitos e garantias individuais continuariam os mesmos. A chefia do governo caberia ao primeiro-ministro, apoiado por maioria parlamentar. A chefia do Estado caberia ao rei. O Brasil voltaria a ser o que já foi: Monarquia parlamentar, constitucional, guardiã de todos os valores políticos conquistados ao longo dos anos. A História da América do Sul ensina que os líderes, populares e populistas, só se preocupam em ficar no poder. Essa é a tendência de todos eles. Até mesmo quando chegam lá pelo voto, são derrubados por golpes, voltam nos braços do povão e, em seguida, dão novos golpes... Uma chatice! Sempre a mesa conversa fiada... Foi pensando nisso que tive uma idéia. E se eles forem coroados reis? E se o plebiscito autorizar o País a adotar a Monarquia constitucional? O exemplo de Pedro II é maravilhoso! Por que não repetir ? Por que não ficarmos livres dessas terríveis eleições presidenciais e desses líderes populistas, que trazem no sangue o vírus de ditadores? E quem poderia ser o rei? Não deveríamos buscá-lo nas nobrezas antigas. Ao povo caberia essa escolha. E digo mais: no caso de Luiz Inácio Lula da Silva vencer a votação, ele deverá ocupar o trono do Brasil, com coroa e tudo. Será um sossego para o País, durante muitos anos. Ele não se ocupará com partidos, eleições, etc. Fará só o que gosta: andará pelo País, fará discursos. Enfim, abraçará o povão e viverá em modesta mordomia, com todos os cartões corporativos devidamente esclarecidos e vigiados. Por sua morte, assumirá o herdeiro. Será a dinastia mais popular do planeta: a dinastia Silva! Pode haver solução mais democrática? Acho que, se a adoção da Monarquia parlamentarista trouxer para o Brasil o sistema de Gabinete e o voto distrital, só isso já vale uma missa, como diria lá o outro coroado... O brasileiro desconfia do parlamentarismo porque não tem a menor confiança nos parlamentares. Pois esse é o grande engano. O sistema parlamentarista é o maior adversário do mau parlamentar. Nossos parlamentares adoram o presidencialismo exatamente porque nele eles ficam à vontade. Mandatos fixos. Impunidade. Mordomias. Nenhum desses escândalos que nos matam de vergonha duraria mais de 24 horas! Na Monarquia parlamentar o rei não precisa comprar a consciência de ninguém. Diante de escândalos que venham a ocorrer no governo, quem responde é o primeiro-ministro. O rei não estará mentindo quando disser que não sabe de nada. O primeiro-ministro, antes que abra a boca, ou seu Gabinete já caiu e/ou vai ter de dar explicações ao Parlamento e ao partido. O voto distrital, por sua vez, acaba com os custos vergonhosos das campanhas, com caixa 2 e mensalões. A fidelidade partidária passa a ser vivida em cada votação no Parlamento, graças à necessidade de garantir a maioria que governa. Por favor, caros leitores, não pensem que faço estas sugestões na base da gozação. Imaginem! Gozação é o que fazem conosco, todos os dias, essas figuras que nos consideram suficientemente idiotas para levá-las a sério. Minha sugestão é séria, sim. Cheguei à conclusão de que precisamos de um bom rei, que só reine e goste de reinar. Mas precisamos deseperadamente de um Parlamento vivo, representativo da vontade do povo. E se a Monarquia e um bom rei nos trouxerem isso, o preço do trono é até barato! Bem mais em conta do que a falsa corte de Brasília, com seus falsos soberanos, com um povo humilhado e enganado, de joelhos, prestando-lhes vassalagem. Portanto, plebiscito já! Monarquia parlamentarista constitucional já! E viva o rei! |
Entrevista:O Estado inteligente
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