O Estado de S. Paulo |
9/4/2008 |
No informe sobre a crise financeira global que acaba de apresentar, o Fundo Monetário Internacional (FMI) é um analista de fatos consumados e não um identificador de problemas da economia. Não há grande reparo que se possa fazer à sua análise e as recomendações vão na direção correta. Também parece razoável a conclusão de que as perdas potenciais do sistema financeiro possam chegar a US$ 945 bilhões. Mas esses acertos escondem o principal, que é sua incapacidade de se antecipar às crises e de evitar que elas aconteçam, que é afinal o principal objetivo para o qual o Fundo foi criado em 1944, na reunião de Bretton Woods. Ontem, o diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn, que tomou posse em novembro, chegou a reconhecer que o FMI não foi capaz de denunciar a tempo o que estava acontecendo nem de sugerir medidas que pudessem reverter a crise antes que fosse tarde demais. Nove meses depois do estouro da bolha hipotecária nos Estados Unidos e depois que tantas instituições e analistas se dedicaram a autopsiar a crise e seus desdobramentos, ficou bem mais fácil apontar a “falha coletiva” das instituições de supervisão em diagnosticar a excessiva exposição ao risco tanto dos bancos quanto das instituições financeiras não bancárias (bancos de investimento, seguradoras de crédito e fundos de hedge). Já há pouca divergência em que dois foram os principais fatores do problema. O primeiro deles foi a política monetária (política de juros) leniente, de 2001 a 2004, levada adiante pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deixou dinheiro demais para todos os tipos de aventura financeira. O outro foi a gastança do governo Bush, também encorajada (ou não suficientemente reprimida) pelo Fed, que ajudou a deixar as rédeas excessivamente soltas. E, no entanto, o Fundo, que durante todo esse tempo se dedicou a exigir disciplina fiscal dos países emergentes, permaneceu omisso e não estendeu essas recomendações aos Estados Unidos, nem antes do estouro da crise nem agora. O informe também não faz nenhuma observação sobre a diferença de tratamento dado a crises dos países da periferia e à atual, cujo epicentro está nos Estados Unidos. Quando se trata de crise originada em países em desenvolvimento, o FMI não vacila em exigir austeridade fiscal de seus governos, ainda que à custa da destruição de empregos e de patrimônio. No entanto, sobre a farta distribuição de créditos pelo Fed e o despejo de um pacote fiscal de US$ 165 bilhões dos cofres públicos decidido pelo governo Bush, o Fundo não manifesta uma única opinião. Aliás, um tanto camufladamente, o informe reconhece que é dos fundos soberanos de países emergentes que provém parte da vitamina que está recapitalizando os bancos enfraquecidos pela crise. A conclusão é a de que o Fundo Monetário Internacional já não consegue desempenhar suas funções. Não atua como organismo de prevenção de crises e não consegue atuar para revertê-las quando elas acontecem. Hoje, os países periféricos dispensam seus empréstimos de emergência. E, se o grande necessitado é um país rico, como agora, o Fundo também não tem recursos suficientes para bancar uma operação de socorro. O FMI é parte da crise. Confira Segue a alta - Esta é a trajetória dos preços dos dois principais grãos que reflete o fato de que os asiáticos estão comendo mais e melhor. Está aí o principal fator de pressão sobre a inflação no mundo, que tão cedo não tem como ser revertido. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, abril 09, 2008
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