Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 08, 2007

RUY CASTRO Krypton vai explodir

RIO DE JANEIRO - Qualquer criança de peito sabe como surgiu o Super-Homem, mas não custa relembrar. Krypton, um planeta para lá de Bagdá no Sistema Solar, começou de repente a esquentar. Um cientista, Jor-El, tentou alertar seus pares para o risco de uma iminente explosão. Mas os sábios, tolos e soberbos, não o escutaram.
Então Jor-El construiu um foguete onde depositou seu filho recém-nascido, Kal-El, e mandou-o para o espaço, para que se salvasse e reconstruísse a avançada civilização de Krypton em outro lugar. Como Kal-El iria fazer isto sem uma parceira e por que Jor-El escolheu logo a Terra, é matéria para os entendidos. O fato é que, enquanto Krypton explodia lá atrás, o foguete com Kal-El viajou de mansinho rumo à Terra, e o resto é história.
A saga do Super-Homem foi criada por dois jovens, Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1938. Na época, havia fumaça de guerra na Europa, mas ninguém diria que o mundo estava em perigo de acabar. Setenta anos depois, e sem nenhuma guerra mundial à vista, a Terra pode acabar como Krypton -não com uma explosão, mas como um ovo que, estalado em água fervente para ficar pochê, passou, e muito, do ponto.
Com o aquecimento global, as geleiras vão derreter, encher os mares e inundar as cidades. Estas, por sua vez, conhecerão temperaturas insuportáveis, assim como o campo, cujas terras férteis se tornarão desérticas. Espécies animais e vegetais se extinguirão. Prevêem-se incêndios terríveis. A fome sobrevirá e, com ela, doenças como a malária e a febre amarela atingirão a Europa. O Primeiro Mundo será rebaixado a Terceiro e o Terceiro, a Quinto. E isso é para daqui a pouco, quase já.
Falta-nos um Jor-El para mandar um bebê para o espaço, a fim de reconstruir a Terra em outro lugar. Pensando bem, é melhor assim.

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