Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Eliane Cantanhede - Sossega, Leão!



Folha de S. Paulo
20/12/2007

Antes de a CPMF ir para o vinagre, o governo ameaçou duramente tucanos, senadores, gregos e troianos com aumentos de impostos, implosão do crescimento e fim do mundo.
Pois ontem, com igual ênfase, mas em sentido contrário, o mesmo governo tranqüilizou os mercados, daqui e de acolá, dizendo que não vai ter aumento de impostos coisa nenhuma e que, com um ajustezinho daqui, um cortezinho de gastos dali, uma boa gestão de lá, tudo volta ao normal gradativamente.
Ou seja: passada a votação no Senado, Lula reúne cinco ministros e seu líder no Congresso para... dar razão ao DEM e à parte vitoriosa do PSDB. Acabar com a CPMF não era, como não está sendo, o fim do mundo. Só serviria, como está servindo, para que o governo finalmente pusesse a cabeça para funcionar e se obrigasse a ser mais eficiente, mais rigoroso com a gestão.
O que todos concordam é que a saúde brasileira já é o que é e não pode mais ser castigada. O fundamental, portanto, é recompor as receitas desse setor vital. Bons técnicos sabem como fazer. Bons governos também. Será que agora o governo federal, as oposições, os Estados e os municípios não serão obrigados a sentar e pactuar uma reforma tributária? Sei, sei, isso é o blablablá de sempre. Mas parece que é agora ou nunca.
O pacote completo de compensação da perda da CPMF só deverá sair em fevereiro -evidentemente sem o carimbo de "pacote", coisa tão velha, tão rançosa. Até lá, o que o governo vai tentar fazer? Simplificar a cobrança dos impostos, discutir a redução da carga tributária e, como admitiu o líder Romero Jucá, enxugar as contratações.
Taí. Aparentemente, fez-se a paz, e ninguém pode reclamar. O governo está falando igualzinho ao DEM, e os cidadãos deixaram de pagar um imposto, mas não vão pagar mais por outro. Se é que, passado o Natal, o discurso vai continuar o mesmo.

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