Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, janeiro 03, 2012

Compras pela internet - CELSO MING



O Estado de S.Paulo - 03/01/12


Se nos shoppings e no resto do varejo as vendas de Natal decepcionaram, a incorporação de novos consumidores à internet e ao comércio eletrônico trouxe resultados melhores.

Enquanto a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping aponta crescimento de apenas 5% em suas vendas de Natal em relação às do ano anterior; o e-commerce brasileiro elevou em 20% seu faturamento entre 15 de novembro e 24 de dezembro do ano que passou ante o mesmo período de 2010 - como aponta a consultoria E-bit.

O volume ainda é relativamente pequeno. Corresponde a 18% do faturamento dos shopping centers. Ao longo de todo o ano de 2011, o total (recorde) não deve ter ultrapassado os R$ 18,7 bilhões (veja o gráfico). Mais significativo foi o fato de que, em 2011, nada menos que 9 milhões de brasileiros (50% são da classe C) fizeram sua primeira compra pela web.

Para Cristina Rother, diretora da E-bit, cresceu em 2011 o número de consumidores que antes recorriam aos crediários das grandes redes (como Casas Bahia, Magazine Luiza e Ricardo Eletro) e migraram para seus sites. Além do mesmo parcelamento, encontram lá preços quase sempre mais baixos.

Os segmentos online mais procurados em 2011 foram: eletrodomésticos; informática; saúde, produtos de beleza e medicamentos; livros e assinaturas de jornais e revistas; e eletrônicos. Neste ano, com novas padronizações, a área de moda e acessórios tende a se juntar a esse grupo. Uma camisa M, por exemplo, terá sempre a mesma medida, seja de qual marca for. Ou seja, provar algo antes de levar não será mais tão necessário e essas vendas devem ser alavancadas.

Por outro lado, os tão badalados downloads pagos de músicas e filmes ainda são inexpressivos - e assim devem ser por um bom tempo. Lojas virtuais como Itunes Store (da Apple) ou Netflix (de filmes), recém-chegadas por aqui, servem só a uma fatia ínfima das classes A e B.

Para o presidente executivo da Livraria Cultura, Sergio Herz, a internet ajuda a suprir a grande carência do varejo, que é a incapacidade de se reinventar. No entanto, a venda de livros virtuais (e-books) ainda é irrisória, correspondem a somente 0,5% de todos os livros comprados.

Um dos problemas ainda à espera de solução é a baixa eficiência nas entregas. Em novembro, o Procon tirou do ar por 72 horas os sites Americanas, Submarino e Shoptime.

O presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Ludovino Lopes, reconhece que as falhas nos despachos são um dos grandes entraves do setor. Em todo o caso, maiores investimentos em logística reduziram os atrasos nas entregas de final de ano de 17% (em 2010) para 13% (em 2011), mesmo com o crescimento de 27% dos pedidos - garante Lopes.

Mas o obstáculo mais importante ainda não foi removido. Nada menos que 58% dos clientes dos bancos que não se sujeitam a fazer operações financeiras pela internet não se sentem seguros em passar dados pessoais pela rede. / COLABOROU GUSTAVO SANTOS FERREIRA

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