O Estado de S. Paulo - 05/01/2012 |
Primeiros dias com certa calmaria no cenário internacional em um início de ano que será difícil. Há menos tensão depois de o Banco Central Europeu oferecer, no dia 21 de dezembro, 489 bilhões a juros reais negativos por três anos, fato inédito, pensando que os bancos iriam usá-los nas linhas de crédito. Não foi isso que aconteceu. Eles aceitaram o empréstimo e depositaram quase tudo nas suas contas (uma espécie do nosso compulsório) no próprio BCE, mesmo pagando juro maior. Até a noite de terça-feira, haviam recolhido ao BCE 446 bilhões dos 489 bilhões recebidos. Estão lá, prontos para serem usados quando a incerteza passar. Nem empresas nem consumidores estão dispostos a se endividar enquanto nada se definir. E essa definição, mais recursos para o fundo europeu socorrer os países em dificuldade, se choca frontalmente com a política meio suicida dos governos, Paul Krugman afirma, de atacar a dívida soberana aplicando um severo plano de austeridade fiscal. Uma política que levou à recessão atual e vai prolongá-la por mais dois trimestres.
Para os europeus, Keynes, que defendia a ação dos governos num momento de crise, está morto. Só que eles podem morrer antes de chegar na praia. Só a Alemanha se anima por enquanto, mas porque continua exportando para os países da zona do euro e para a China.
Eles viram. Mas ninguém viu isso? Todo mundo viu. Christine Lagarde se cansou de alertar. Na mensagem de fim de ano não poderia ter sido mais pessimista. A situação é grave e exige ação. Até Angela Merkel admitiu em sua mensagem de fim de ano que "2012 será sem dúvida pior que 2011". Nicolas Sarkozy não vai tão longe, afinal tem eleição pela frente e quer se reeleger, mas concorda que a situação está cada vez mais difícil.
O teste de janeiro. De acordo com levantamento da agência Bloomberg, os países da zona do euro têm de rolar títulos no valor de 215 bilhões - há outras estimativas, mas os valores giram em torno disso. Vai ser difícil. O primeiro teste vem hoje, quando a França vai propor ao mercado renovar 8 bilhões; o segundo, no dia 12, com a Espanha precisando rolar 3 bilhões. E tem Grécia, Itália. Ao todo, mais de 1 trilhão.
Os analistas do mercado não veem outra saída a não ser o BCE comprando títulos dos países endividados e não se limitando apenas a dar liquidez ao sistema. Mas nada se resolverá enquanto, ao mesmo tempo, a economia não voltar a crescer estabelecendo a confiança que empresas e consumidores perderam nos governos e nas instituições.
Brasil até aproveita. O Brasil navega bem nesse mar em que os investidores buscam porto seguro. Saem do euro, correm para nós, onde há apenas pequenas marolas e céu azul. Os dólares e os euros continuaram entrando em dezembro e neste início de ano. Na terça-feira, o Tesouro captou mais US$ 750 milhões para vencer em 2021(!), pagando a menor taxa de juros da história. Houve mais procura do que oferta e ele pode voltar ao mercado. Para grande surpresa do governo, a demanda por papéis do Tesouro chegou a US$ 3,6 bilhões.
Superávit mais superávit. De acordo com dados do Banco Central, o Brasil encerrou o ano com um saldo cambial de US$ 65,2 bilhões. Um aumento de nada menos que 168% sobre o ano passado. Foi o melhor ano desde 2007. E isso apesar da saída de dólares nos últimos meses por empresas internacionais que foram socorrer as sedes. Houve superávit financeiro, comercial e entrada recorde de investimentos diretos com empresas atraídas pela expansão do mercado interno.
Chega. A coluna não vai cansar o leitor com mais números. Estão todos aí, muito bem mostrados, com detalhes, no Estado. O Brasil não está sentindo falta de investimentos externos. Os dólares entram via captação, mercado financeiro, investimentos em produção. O ano passou, outro se inicia e tudo indica que para nós, vai continuar assim porque o governo, a presidente, o BC e a equipe econômica reafirmam que vão continuar e até intensificar a política que deu certo. Há razão, leitores, para confiar.
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Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, janeiro 05, 2012
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