DVD
A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO (La Classe Operaia Va in Paradiso, Itália, 1971. Versátil) • Lulu é algo boçal e muito cansativo, mas é um operário-modelo: produz muito mais do que qualquer outro na fábrica em que trabalha. Tem também fama de ser "pelego", dificultando a vida dos colegas junto aos patrões. Por uma série de circunstâncias, porém, Lulu repentinamente se vê alçado à condição de pivô de uma crise sindical e a símbolo da "luta socialista". Um dos mais influentes filmes italianos dos anos 70, A Classe Operária é uma criação incisiva e sardônica do grande diretor Elio Petri, que denuncia as incoerências e hipocrisias de todos os lados dessa história (e aproveita também para satirizar sem piedade o movimento estudantil). Com toda a verve de Petri, entretanto, o que dá ao filme sua ferocidade decisiva é a interpretação de Gian Maria Volontè, uma daquelas caracterizações destemidas que com muita justiça passam à história.
DISCO
SECRET, PROFANE & SUGARCANE, Elvis Costello (Universal) • Em 2005, o cantor e compositor inglês Elvis Costello foi contratado pela Ópera Real da Dinamarca para criar um espetáculo baseado na vida do escritor de contos infantis Hans Christian Andersen. O projeto não vingou, mas Costello usou parte das canções em seu novo disco,Secret, Profane & Sugarcane. E o que era para ser ópera virou música country, gênero que Costello visitou pela primeira vez no álbum Almost Blue (1981). A produção do guitarrista T-Bone Burnett (o mesmo do estupendo Raising Sand, que reuniu Robert Plant e Alison Krauss) buscou a sonoridade crua do country, com uso de banjo, mandolim e acordeão. É um prato cheio para Costello destilar suas letras sobre paixões e desilusões. Boa parte delas tem como tema o triângulo amoroso entre Andersen, a soprano sueca Jenny Lind e o empresário circense P.T. Barnum.
LIVRO
VIDA VADIA, de Richard Price (tradução de Paulo Henriques Britto; Companhia das Letras; 492 páginas; 59 reais) • Roteirista de cinema e televisão – escreve para a série policial The Wire – e consagrado romancista (agora em seu oitavo livro), o americano Richard Price, de 59 anos, é um arguto observador das mudanças e deslocamentos da vida urbana. Vida Vadia faz a crônica de uma região de Manhattan, em Nova York, que já foi lar de imigrantes pobres, especialmente judeus, tornou-se uma vizinhança mal-afamada e assombrada pelo crime, e então começa a fazer a transição para bairro afluente e supostamente seguro. O herói do romance é Eric Cash, um administrador de restaurante que também tenta a vida como escritor. Aos olhos da polícia, ele se torna o principal suspeito do assassinato do bartender Ike Marcus – que, alega Cash, foi morto por um assaltante. À parte seu minucioso retrato urbano, Vida Vadia é também um romance policial com os diálogos tensos que fazem a melhor tradição noir. Leia trecho.
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