DVDs
OS INVENCÍVEIS (The Good, the Bad and the Weird, Coreia do Sul, 2008. Califórnia) • Na tradição sempre audaz (e meio doida) do moderno cinema sul-coreano, o diretor Kim Ji-woon faz aqui uma criativa homenagem aos faroestes-espaguete – algo assim como um faroeste-lámen. Na Manchúria dos anos 40, três renegados disputam um mapa de tesouro, em cujo encalço estão também forças chinesas e japonesas. Da mesma forma que outros bons cineastas coreanos, Ji-woon é um virtuose da ação; chega a sustentar tiroteios que se estendem por quase vinte minutos, sem se repetir nem cansar. Mas, também como eles, tem uma angústia primordial a exprimir com todo esse movimento: o mal-estar por um país tantas vezes ocupado e há tanto tempo dividido. O resultado, como em outros ótimos títulos vindos da Coreia do Sul (por exemplo, O Hospedeiro), é um híbrido instigante de entretenimento e cinema autoral.
LIVE IN RIO, Diana Krall (ST2) • A cantora e pianista canadense Diana Krall não é uma artista ousada. Não se arrisca a gravar novos compositores ou a dar sua versão para canções pop. Gosta mesmo é de revisitar os standards do jazz. Mas Diana trata esse repertório com tanto esmero que não há como não se encantar com suas interpretações. Em Live in Rio, gravado na capital carioca no fim do ano passado, ela celebra seu caso de amor com a bossa nova, que jura ouvir desde que era pequena. Diana interpreta So Nice (Samba de Verão, de Marcos Valle) e Quiet Nights (Corcovado, de Tom Jobim) com a mesma reverência que dedica a clássicos da canção americana como Cheek to Cheek, de Irving Berlin. Como extra, o DVD traz um documentário com as andanças de Diana no Rio de Janeiro e um bate-papo com artistas da bossa nova.
LIVROS O MAIOR DIA DA HISTÓRIA, de Nicholas Best (tradução de Patricia de Queiroz Zimbres; Paz e Terra; 328 páginas; 59 reais)
ASSUNTO ENCERRADO, de Italo Calvino (tradução de Roberta Barni; Companhia das Letras; 384 páginas; 49,50 reais) • Em livros como O Cavaleiro Inexistente e As Cidades Invisíveis, o escritor italiano Italo Calvino (1923-1985) explorava as consequências lógicas de premissas fantasiosas, absurdas. Essa combinação resultava em uma obra ficcional única, ao mesmo tempo cerebral e acessível. Seus ensaios também promovem esse tipo de festa do intelecto, como prova esta coletânea de textos sobre literatura e crítica. Cobrindo o período de 1955 a 1978, o livro documenta a evolução intelectual do autor. De início um comunista preocupado com o engajamento intelectual, Calvino se converteria em um crítico da linguagem, capaz de paralelos inusitados entre o comediante Groucho Marx e o escritor Vladimir Nabokov, ou de observações agudas sobre o caráter repressivo e moralista dos palavrões. Leia trecho.
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