FOLHA DE S. PAULO
Se houver uma reversão prematura das políticas monetária e fiscal, novas crises poderão ocorrer
A MAIOR PARTE das economias apresenta hoje sinais de que o pior já passou. Houve desaceleração no ritmo de deterioração econômica nos EUA e na Europa, e retomada do crescimento, ainda que em ritmo muito menor, na China e na Índia. No Brasil, os indicadores são ainda ambíguos. Estamos entrando em um momento perigoso, com o surgimento da sensação de que o pior já passou, o que pode levar ao relaxamento e à reversão nas ações de políticas anticrise, ou ao retorno das práticas financeiras que desencadearam a própria crise.
Além do mais, não há ainda informações suficientes para crer que tenhamos passado o ponto de inflexão nas citadas economias e iniciado uma recuperação duradoura. Muito menos que a crise financeira esteja se resolvendo. Nesse quadro, novas crises ou deteriorações tanto financeiras como econômicas poderão ocorrer, pois a sensação de otimismo infundado fortalecerá os grupos que se opõem, ideologicamente, às medidas intervencionistas dos governos, forçando a reversão prematura das políticas monetária e fiscal.
Em resposta à crise, os governos injetaram trilhões de dólares de recursos fiscais. O crescente déficit e o endividamento público já começaram a pressionar a taxa de juros. Nos EUA, o Estado é hoje dono de empresas-símbolo como a GM, dos principais bancos, da maior seguradora e das duas maiores e mais importantes instituições de crédito imobiliário. Isso fere os valores de um cidadão típico americano e tem forte oposição ideológica dos republicanos. Num país onde há forte consciência tributária, a sensação de que o pior já passou pode levar a população a pressionar para que esses programas de socorro sejam interrompidos -e os recursos injetados sejam recuperados pelo Tesouro.
Os bancos centrais, para evitarem o colapso do sistema financeiro, provocaram forte expansão monetária em todo o mundo. Nos EUA, a base monetária chegou a se expandir em mais de 350%. Assim, se depois de iniciada a recuperação não houver o recolhimento rápido dessa injeção monetária, a inflação certamente retornará. Com a sensação de que o pior já passou, não faltarão pressões para que a política monetária se torne contracionista. Se as políticas monetária e fiscal forem revertidas e se tornarem contracionistas, poderemos assistir a um novo agravamento do setor real das economias. Isso aconteceu em 1936 nos EUA, em plena crise de 30, levando sua economia à profunda depressão.
Aconteceu também em 1997, na crise financeira japonesa dos anos 90.
Podemos ter uma nova crise financeira dentro da crise atual, causada pelas próprias reações dos governos. Com a injeção de trilhões de dólares pelos BCs, com as taxas de juros muito baixas e com a sensação de calma, o mercado já volta a especular com algumas moedas e nas Bolsas dos países emergentes. Isso poderá resultar em novas bolhas e em novas crises dentro da crise.
Só com a reestruturação do sistema financeiro, de modo que se evitem os excessos das últimas décadas, com a redução dos desequilíbrios globais e com a definição de novas ondas de inovação e de investimentos, a economia mundial iniciará a verdadeira retomada do crescimento.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2009
(3759)
-
▼
junho
(349)
- SAMBA DE UMA NOTA SO'- MODERN JAZZ QUARTET
- EDITORIAIS
- Clipping de 30/06/2009
- Celso Ming E agora, Kirchner?
- Joseph Stiglitz,Acordo sobre a crise é um pequeno ...
- Míriam Leitão Bolsa Juros
- Vinicius Torres Freire O grande pacotão de Lula
- Yoshiaki Nakano A recuperação da crise e as diverg...
- Dora Kramer Socialização do prejuízo
- A alternância redundante Wilson Figueiredo
- Merval Pereira Sem controle
- Reinado Azevedo
- Bolsa Ditadura
- Golpe? Onde?
- Traído pela arrogância petista
- Clipping de 29/06/2009
- O cara
- EDITORIAIS
- Carlos Alberto Di Franco Simbiose - oligarquia e p...
- Roberto Romano Lulla, o porta voz dos aiatolás e d...
- Eis aqui, leitor, um intelectual de verdade
- Sarney não deverá renunciar, diz historiador
- Vinicius Torres Freire Gasto público em ritmo elei...
- EDITORIAIS
- José Serra Uma visão latino-americana da crise
- Dora Kramer Jogo dos sete erros
- Celso Ming Sem anestesia
- Sérgio Fausto Problemas na vizinhança
- O fracasso da greve na USP
- JOAQUÍN MORALES SOLÁ La muerte se coló en medio de...
- MARIANO GRONDONA ¿Cómo explicar el disenso entre M...
- Miriam Leitão Lento regresso
- Merval Pereira A voz rouca das ruas
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Não se salva ninguém?
- Míriam Leitão Contas amarelas
- Celso Ming BCs mais poderosos
- EDITORIAIS
- Villas-Bôas Corrêa Exemplar secretário- geral da C...
- Cesar Maia:Ken Starr e Joseph McCarthy
- Rompendo a censura Zuenir Ventura
- Dora Kramer Cerimônia do adeus
- O governo não sabe... (Giulio Sanmartini)
- Nelson Motta Questão de estilo
- Merval Pereira O joio e o trigo
- VEJA Carta ao Leitor
- Veja Entrevista Leonardo Nascimento de Araújo
- Diogo Mainardi Dois mil anos depois...
- Roberto Pompeu de Toledo Politicolíngua, série Sarney
- Maílson da Nóbrega O incrível Lula e o BC
- Lya Luft
- MILLÔR
- Panorama
- Senado Hora de esvaziar as lixeiras
- Araguaia Curió fala das execuções sumárias de guer...
- Irã Mulheres lideram os gritos por liberdade
- A morte de Michael Jackson
- Distúrbio fronteiriço: a vida à beira do abismo
- HPV: teste detecta a atividade do vírus
- O transplante de Steve Jobs, da Apple
- Casa Opções de aquecimento para o inverno
- Alex e Eu, a cientista e o papagaio
- A Criação da Juventude, de Jon Savage
- VEJA Recomenda
- da Veja-Livros mais vendidos
- Celso Ming Decolando e descolando
- Clipping de 26/06/2009
- EDITORIAIS
- Merval Pereira Por um fio
- Dora Kramer Dupla face
- Fernando Gabeira Futuro do Senado
- Luiz Carlos Mendonça de Barros Fed, saindo à francesa
- Vinicius Torres Freire Banca estrangeira segura cr...
- Míriam Leitão Nervos de aço
- CELSO MING Aperto adiado
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Dinheiro dado
- Clipping de 25/06/2009
- Vinicius Torres Freire Polícia para o golpe no Senado
- Míriam Leitão O incomum
- Demétrio Magnoli Revolução na revolução
- EDITORIAIS
- Dora Kramer Débito de confiança
- Merval Pereira Esperteza demais
- PODCAST Diogo Mainardi
- José Arthur Giannotti* - A baderna e a esclerose d...
- Vale a pena ver de novo
- Miriam Leitão Clima frio
- Editoriais
- Clipping de 24/06/2009
- Celso Ming Para os pobres
- José Nêumanne A diferença entre servir à Pátria e ...
- Roberto DaMatta Coluna em pedaços: o problema da p...
- Dora Kramer O que não tem remédio
- Merval Pereira Santo de casa
- Dora Kramer Um pontapé no rapapé
- Momento de decisão Merval Pereira
- Clipping de 23/06/2009
- EDITORIAIS
- Governança global Celso Ming
- Engenheiros, taxistas e empregos Vinicius Torres F...
- Irã: As muitas faces Míriam Leitão
-
▼
junho
(349)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA