O Estado de S. Paulo - 19/05/2009 |
O ajuste das montadoras americanas está quebrando velhas escritas e parece acentuar a tendência à migração da indústria dos países avançados para as economias periféricas. O Brasil não vai ficar alheio a esse movimento. O governo Obama, quem diria, tão comprometido com as centrais sindicais americanas, está agora tendo de optar por definições que contrariam os interesses imediatos dos trabalhadores. Da General Motors (GM), por exemplo, exige-se que feche mais 16 das suas 47 fábricas, 21 mil postos de trabalho e reduza drasticamente conquistas trabalhistas na área de seguro-saúde e aposentadoria. Além disso, para levantar recursos que se somarão aos US$ 15,4 bilhões já concedidos pelo Tesouro americano, a GM terá de abandonar ao menos 3 marcas, desistir de 1,1 mil concessionárias e importar modelos que serão produzidos em países com mão de obra a custo mais baixo, como China e México. Essas decisões parecem precipitar uma tendência que já vem se formando há anos de transferir boa parte da indústria para países menos desenvolvidos. É o que está acontecendo com setores inteiros: indústria eletroeletrônica, têxtil, de calçados, móveis, máquinas de baixa tecnologia, química e, naturalmente, montadoras. Basta ver o que já se passou com o setor de aparelhos domésticos. Nos anos 50 dominavam marcas americanas e europeias, como GE, Frigidaire, Telefunken, Philco, Philips. Depois, foram as japonesas que lideraram o mercado: Mitsubishi, Panasonic, Sharp, Sony. Agora parece ter chegado definitivamente a vez das coreanas e chinesas. Os países que até hoje são chamados de industrializados tendem a crescer em setores de serviços, segmentos de alta tecnologia ou em nichos especializados. No Brasil, o tratamento a ser dado à indústria é visto com ambiguidade e forte viés ideológico. Para um lado, puxa a necessidade de criar (ou de não perder) empregos internos e, desse ponto de vista, manter a indústria no Brasil. Para outro, a noção de que a indústria brasileira deve criar ou transferir unidades para o exterior para que possa ganhar mercado, escala e visibilidade. É o caso de Embraer, AmBev, Weg, Alpargatas, Coteminas e outras. O que ocorre na área de Acordos de Investimento mostra parte dessa dubiedade. O governo Lula vem encorajando a expansão da indústria brasileira para fora não só com apoio do BNDES, mas agora também com os futuros recursos do Fundo Soberano, cuja criação foi justificada como necessidade de ajudar a capitalização das empresas brasileiras no exterior. Mas ainda vê com desconfiança iniciativas que protejam os capitais. Segmentos inteiros ligados às esquerdas e aos sindicatos enxergam os acordos de investimento como distribuição de garantias a negócios de caráter neocolonialista. Quando o governo Evo Morales avançou sobre interesses da Petrobrás na Bolívia, Lula vetou o acionamento de cláusulas de proteção previstas no Acordo de Investimentos com a Holanda - porque, para todos os efeitos, os investimentos partiram da subsidiária da Petrobrás na Holanda. Mas a fragilidade a que estão sujeitos investimentos da indústria brasileira em outros países da América Latina, como Argentina, Equador e Venezuela já exige maior segurança. Mais cedo ou mais tarde será inevitável que dubiedades desse tipo sejam definitivamente superadas. CONFIRA Esperar para ver - A renúncia tributária do governo é, em parte, causa da quebra da arrecadação do primeiro quadrimestre. Nada garante que, revogada a redução de impostos, a arrecadação subirá. A atividade produtiva ainda está fraca. |
Entrevista:O Estado inteligente
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