Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 05, 2008

Idéias Chega às bancas a revista Interesse Nacional

O que quer o Brasil?

A revista Interesse Nacional convida pensadores
de todos os matizes políticos a discutir o país


Ricardo Stuckert/PR
O presidente Lula com outros chefes de estado: o interesse nacional ainda não está no vocabulário político brasileiro


Embaixador do Brasil nos Estados Unidos durante cinco anos, Rubens Barbosa sempre se impressionava com a freqüência com que o tema do interesse nacional aparecia nos debates políticos americanos. "Com o governo Bush, isso mudou muito. Mas, antes, as questões de interesse nacional sempre foram consideradas bipartidárias. Estavam acima da ideologia", diz Barbosa. De volta ao Brasil em 2004, já aposentado do Itamaraty, o ex-embaixador constatou que a expressão quase não comparece nas conversas políticas por aqui. Fala-se eventualmente em "projetos" para o Brasil, mas os homens públicos brasileiros não costumam se perguntar quais são os interesses da nação no cenário mundial. É para corrigir essa lacuna que Barbosa agora lança Interesse Nacional, revista cujo primeiro número chega às bancas nesta semana. Com freqüência trimestral, a publicação trará artigos sobre temas como política externa, economia, meio ambiente e direitos humanos.

Rogério Montenegro
Rubens Barbosa: inspiração americana


O texto de apresentação do primeiro número observa que a discussão do interesse nacional se fará pelo "contraste de pontos de vista diferentes": "A revista não defenderá esta ou aquela visão. Não promoverá convergências de opiniões". Fiel a esse espírito plural, o conselho editorial da publicação é bastante eclético: inclui, por exemplo, André Singer, ex-secretário de Imprensa e porta-voz do governo Lula, e o ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo, do DEM, além de cientistas sociais como Demétrio Magnoli. O conteúdo editorial do primeiro número é igualmente variado e traz ensaios do jurista Joaquim Falcão sobre as relações entre os poderes Executivo e Judiciário e do embaixador Everton Vargas sobre as posições brasileiras a respeito das mudanças climáticas mundiais. O ex-presidente da Radiobrás Eugênio Bucci discute a televisão pública brasileira, e o especialista em educação Claudio de Moura Castro, colunista de VEJA, analisa prós e contras de uma possível internacionalização do ensino superior no país. O mais interessante da revista, porém, são os confrontos. Os economistas Gustavo Franco, ex-diretor do Banco Central e um dos pais do Real, e Luiz Gonzaga Belluzzo, que integrou a equipe do cruzado, apresentam visões divergentes sobre o "consenso econômico" brasileiro. O próprio ex-embaixador Rubens Barbosa escreve um artigo muito crítico em relação aos equívocos ideológicos que orientam a política externa do Brasil na América do Sul – enquanto o assessor da Presidência da República Marco Aurélio "top top top" Garcia, como era de esperar, defende a aproximação com o desvairado Hugo Chávez.

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