editorial |
O Estado de S. Paulo |
26/1/2007 |
Entre os resultados que a economia brasileira apresentou em 2006, o do balanço de pagamentos foi o mais positivo, mas, essencialmente, graças à economia mundial, que permitiu um superávit da balança comercial de US$ 46,074 bilhões, 3,1% maior do que o do ano anterior, e também à liquidez do mercado internacional, que nos deixou um saldo positivo de US$ 16,408 bilhões, ante um negativo de US$ 10,127 bilhões em 2005. Essa situação confortável do balanço de pagamentos permitiu reduzir a dívida externa, com antecipação do reembolso dos empréstimos do FMI e dos títulos “Brady”, e, pela primeira vez na história, fez com que os investimentos brasileiros no exterior, da ordem de US$ 27,251 bilhões, superassem os ingressos de Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) no Brasil, que, apesar de ligeiro aumento (2,2%), ficaram em US$ 15,373 bilhões. Essas empresas multinacionais brasileiras, que estão investindo no exterior, com o tempo poderão contribuir para as receitas cambiais, com suas remessas de lucros e dividendos. As remessas do Brasil para o exterior representaram, no ano passado, um ônus não desprezível, com saídas de US$ 12,359 bilhões, que cresceram 26,7% sobre 2005. Em contrapartida, os juros sobre a dívida externa (renda fixa), de US$ 9,156 bilhões, caíram 1,6% em razão da redução do montante da dívida externa, que hoje representa 17,8% do PIB, a menor relação desde 1947, quando começaram a ser divulgados os dados do balanço de pagamentos. O que não se sabe é por quanto tempo teremos essa situação confortável. A maior preocupação reside na taxa cambial que dificulta as exportações e favorece as importações em detrimento da produção nacional. O crescimento das exportações foi de 22,9% em relação a 2005, enquanto o das importações foi de 50,7%, com uma tendência a aumentar que poderá ser dinamizada por eventual exacerbação do consumo interno, decorrente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já se registrou que as exportações, em volume, diminuíram no ano passado e que estamos perdendo terreno para a China em diversos mercados, notadamente no da Argentina. O governo precisa se compenetrar que pior do que uma taxa cambial valorizada é o peso da carga tributária, que reduz a capacidade de competição no mercado internacional. Sem falar numa queda da liquidez internacional que teria efeitos graves sobre nossa economia. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, janeiro 26, 2007
Economia mundial ajudou o Brasil
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