Jornal do Brasil |
28/12/2007 |
Pelo que deu para entender do vai-e-vem dos recados repassados pelo presidente Lula aos ministros que distingue entre os desconhecidos e omissos do maior ministério de todos os tempos, a linha tática para enfrentar o tranco do corte de R$ 40 bilhões nas verbas para a gastança como pranteado fim da CPMF - o imposto do cheque implodido pelo Senado - passa por diferentes estações da esperteza. Para começo de conversa, Lula passou por uma auto-revisão, caiu em si e partiu para outra, com a troca dos destemperos dos primeiros revides da derrota, quando ultrapassou os limites da grosseria e xingou a oposição de ser contra a prorrogação da cobrança da CPMF até 2011 porque era useira e vezeira na sonegação de impostos. Advertido para a fragilidade do argumento que ricocheteava na crônica do passado recente - precisamente nos dois mandados do antecessor, o presidente Fernando Henrique Cardoso, em que ele e o PT combateram a criação da Contribuição Provisória sobre a Mobilização Financeira com a ferocidade da oratória dos seus tempos de líder sindical - mudou da água para o licor. Na recauchutagem esperta, abriu a trégua para o alinhavo do acerto com a oposição, discretamente comemorado entre constrangimentos e recíprocas desconfianças. Nas rodadas internas para o balanço do estrago, o núcleo governamental que palpita, recomendou doses duplas de cautela e prudência para salvar os dedos arranhados e esquecer os anéis, que não eram assim tão valiosos. Lula saltou da fossa mal-humorada para a esfuziante descontração natalina com a conversão à prioridade para o reajuste dos planos oficiais. E os primeiros resultados que ganharam consistência nos pronunciamentos oficiais confirmam que Lula rendeu-se à evidência do possível e sepultou as quimeras dos sonhos do primeiro ano do segundo mandato. Os ministros liberados para anunciar os esquemas de reciclagem dos planos para 2008 confirmam as preliminares da sensatez. Na reunião com o primeiro time da coordenação política, Lula bateu o martelo na prioridade dos programas sociais, como a menina dos olhos do Bolsa Família e seus complementos e, entre os que também não sofrerão cortes nas verbas orçamentárias, mencionou os programas sociais nas áreas críticas da saúde e da segurança. Em recado direto à oposição, adiantou que enviará ao Congresso, no fim de janeiro, início de fevereiro, a proposta de reforma tributária. Sobre a reforma política, de idêntica urgência, nem um pio: o silêncio da matreirice que carimba o reconhecimento da inviabilidade de converter o Congresso a cortar na carne das mordomias, vantagens e demais desatinos para o esforço de recuperação da sua esfarrapada moralidade. Mas feitas as contas nos dedos e com os olhos no calendário do novo ano que arranha a porta, o governo não dispõe de mais que seis meses, a metade de 2008, para tocar as obras prometidas no Plano de Aceleração do Crescimento. Pois na folhinha política, as temporadas de bonança disputam espaço com os amargos períodos de tempo enfarruscado. Ora, como lembra o ministro das Relações das Relações Institucionais, José Múcio, com a realização das eleições municipais no próximo ano, o Congresso da semana de dois a três dias úteis ficará às moscas a partir do segundo semestre. Se o governo comemora êxitos inegáveis pela sua poderosa máquina de propaganda, não tem como esconder as deficiências em setores fundamentais como saúde, educação, segurança, nas redes ferroviária e rodoviária em estado de calamidade pública e no retrocesso da tímida e sinuosa atuação diante da calamidade da devastação da Amazônia. Bem, mas e 2010 e 2011? Ora, mal conseguimos enxergar o próximo ano, que dirá os dois últimos anos dos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. |
Entrevista:O Estado inteligente
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Villas-Bôas Corrêa : Segundo mandato espremido em seis meses
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