BRASÍLIA - Governo e oposição chegam ao final do ano contabilizando perdas e ganhos com o fim da CPMF. Lula tenta transformar a derrota em vitória, acusando a oposição de prejudicar a Saúde. DEM e PSDB querem cristalizar a vitória amplificando na sociedade a grita contra a carga tributária. Boa briga.
O fim da CPMF encerra um ciclo de aumentos de impostos. Agora, o movimento é pela redução, soprado por ventos internacionais favoráveis, crescimento da economia interna, explosão na arrecadação. E não dá para continuar esperando a reforma tributária decidida por União, Estados e municípios.
Para o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), que levantou a bandeira do "Xô, CPMF!", eles são um "clubão": "Quando esse clubão se reúne, é sempre para aumentar impostos, nunca para baixar".
Para surfar na onda do fim da CPMF e chegar a uma reforma tributária em dois anos, é preciso ampliar o debate do "clubão" para a sociedade que, pela primeira vez, tomou posição em relação a um imposto. O tema emergiu. O próximo passo da oposição será a favor de um projeto, De Olho no Imposto, que chegou ao Congresso pelas associações comerciais e com 1,5 milhão de assinaturas, determinando que as notas fiscais especifiquem o que vai para impostos e o que o consumidor paga de fato pelo produto ou serviço.
No Brasil, os impostos são abstrações. O camarada paga sem saber. Ouve falar que são escorchantes e nunca confere -nem se escandaliza. Se a nota fiscal deixar bem claro o golpe, vai servir de alerta, primeiro, e gerar pressão, depois.
A questão da transparência dos impostos pode chegar madura às eleições de 2010. O futuro presidente e o futuro Congresso serão compelidos a tomar providências. Não apenas sentados com governadores e prefeitos, mas ouvindo a voz dos contribuintes.
Taí, parece promissor.
Entrevista:O Estado inteligente
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domingo, dezembro 30, 2007
ELIANE CANTANHÊDE "De olho no imposto"
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