O Estado de S. Paulo |
28/12/2007 |
Na avaliação que faz sobre o comportamento da economia em 2008 em seu Relatório de Inflação, o Banco Central não consegue esconder que está mais para o pé no breque do que no acelerador. Para quem não sabe, este é um texto de 160 páginas onde o Banco Central expõe trimestralmente aos formadores de preços e a quem se interessar o comportamento de todos os fatores que direta ou indiretamente influenciam a inflação. Este é um jeito de levar o mercado a dançar conforme a música orquestrada por quem conduz a política monetária (política de juros). O pressuposto é o de que, bem coordenadas as expectativas gerais das pessoas e dos mercados, é mais fácil atingir a meta de inflação definida pelo governo e executada pela política de juros. Nessa tarefa, o Banco Central opera como cão de guarda. Está mais preocupado com eventuais predadores do que com sucessos do passado. Por isso, é natural que dê ênfase às ameaças. O Relatório de Inflação do quarto trimestre ontem divulgado aponta duas maiores ameaças à meta de 2008, que prevê inflação de 4,5%, admitido um desvio de 2% tanto para cima como para baixo. A primeira dessas ameaças são as incertezas que ainda prevalecem na economia mundial. O estouro da bolha das hipotecas de alto risco (subprime) nos Estados Unidos e a disparada dos preços, do petróleo e dos alimentos, são fatores que conspiram contra o controle global da inflação. Os bancos centrais dos países ricos estão no momento ocupados em combater a crise e, portanto, em injetar mais dinheiro e mais crédito nos mercados, fator que concorre mais para estimular o consumo do que propriamente para combater a inflação. Se os bancos centrais não conseguem segurar a inflação como seria preciso, o mercado também não consegue fazer o ajuste. Muitas projeções falam em recessão lá fora. No entanto, precisamente porque continua rolando dinheiro demais na economia global, é provável que o consumo mundial não se retraia tanto quanto alguns prevêem, especialmente levando-se em conta que a crise praticamente poupou as economias emergentes, que seguem crescendo com muita força e podem assumir funções de motores da economia global. Essa é também a razão pela qual a demanda por energia e alimentos pode continuar aquecida, ajudando a despejar lenha na fogueira dos preços. O comportamento da economia nacional também deverá refletir esse jogo. A segunda ameaça é interna. Empurrado por salários mais altos, pelo crédito e pelo aumento das despesas públicas (fato que o Banco Central preferiu não enfatizar), o consumo pode estar crescendo bem mais do que a capacidade de atendimento do setor produtivo, como mostra o gráfico. Por enquanto, as importações, que disparam a 30,8% ao ano, e o forte crescimento dos investimentos, que avançaram a 12,2% nos primeiros três trimestres, vêm impedindo o disparo da inflação de demanda, aquela que ocorre quando a procura é maior do que a oferta. Mas o risco de que isso aconteça não é desprezível, adverte o Banco Central. Fica subentendido que, se acontecer, a política de juros será acionada para o rebote. Confira Incógnita - O Relatório de Inflação não sabe como avaliar o impacto fiscal da extinção da CPMF. Deixa isso para quando se conhecerem os ajustes a serem anunciados pelo governo. “Há evidências de que a expansão do crédito estaria ajudando a sustentar a expansão dos investimentos”, diz. Mas não explica como projetou o déficit nas contas correntes de 2008, em US$ 3,5 bilhões. Aponta despesas com remessas de juros e dividendos. Não parece ter levado em conta o impacto do aumento do faturamento com minério de ferro, commodities agrícolas e petróleo. |
Entrevista:O Estado inteligente
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