RUBENS BARBOSA
O setor externo brasileiro continuou a apresentar um desempenho muito positivo em 2007, mas alguns indicadores já sinalizam uma situação mais difícil para os próximos anos.
O comércio exterior, em seis anos, mais que dobrou em valor. Em 2007, as exportações subiram a pouco mais de US$ 155 bilhões e as importações ao redor de US$ 115 bilhões, em virtude da expansão da economia e do comércio internacionais e do alto preço das commodities.
A taxa de crescimento das exportações vem caindo desde 2004. Em 2007, o crescimento deve ser de perto de 10% e as projeções para 2008 indicam aumento de apenas 8 a 10%. Por outro lado, em 2007, as importações aumentaram cerca de 30%. Em conseqüência disso, o superávit na balança vem diminuindo, devendo fechar 2007 ao redor de US$ 40 bilhões.
O superávit da balança comercial ainda persistirá por algum tempo, apesar da desaceleração do crescimento das exportações, dado o dinamismo do setor exportador brasileiro, a diversificação de mercados e, sobretudo, a demanda por produtos primários (agrícolas e minerais, em especial da China). Em 2008, o superávit comercial continuará a reduzir-se, podendo situar-se abaixo de US$ 35 bilhões.
A forte crise financeira do setor imobiliário que está afetando a economia dos EUA deverá ter um impacto negativo no crescimento global. Caso os EUA entrem em recessão, o impacto na economia global será muito agudo e o Brasil não será uma exceção. A China, contudo, deverá manter suas altas taxas de crescimento e manter sua posição de um dos principais mercados importadores mundiais.
A redução do saldo na balança comercial terá efeito sobre o saldo das transações correntes que, de superavitária (1,1% do PIB), provavelmente deverá ser negativa, em virtude da ampliação das remessas de lucro, dividendos e maiores importações.
A política cambial deverá ser mantida e o real, que se valorizou quase 20% em 2007 ( e 55% em relação ao pico de 3,99 em 10/10/2002) continuará volátil, mas tenderá a se estabilizar em torno dos US1,80/1,90.
O Banco Central vai continuar a comprar dólares, mas a acumulação das reservas internacionais, que fecham o ano com cerca de US$ 180 bilhões, deverá continuar a um ritmo mais lento, podendo superar US$ 200 bilhões.
A remessa de brasileiros no exterior, que representou US$ 7,7 bilhões em 2006, deverá reduzir-se em 2007 e nos anos seguintes, como reflexo da desaceleração da economia dos EUA.
Refletindo o bom momento da economia brasileira, o investimento externo deverá manter-se em nível alto, abaixo, contudo, dos US$ 33 bilhões alcançados em 2007, o que colocou o Brasil no 2º lugar entre os emergentes.
A internacionalização das empresas brasileiras continuará seu curso, mas o nível recorde de investimento no exterior, que atingiu US$ 28 bilhões, deverá reduzir-se significativamente.
O risco-país continuará a oscilar dependendo da evolução da economia doméstica e internacional, podendo situarse em 2008 abaixo dos cerca de 215 pontos no final de 2007.
Caso continue o círculo virtuoso da economia, para muitos, 2008 será o ano em que o Brasil conseguirá o investment grade, o que significará um aumento da captação de recursos externos especialmente de fundos internacionais e de financiamentos mais baratos.
Enquanto isso, na negociação comercial externa, como resultado de uma política equivocada, em 2008, o Brasil continuará sem perspectivas de juntarse, por acordos bilaterais de livre comércio, aos países que aproveitam esses instrumentos para expandir seu intercâmbio comercial e abrir mercados para seus produtos. Com o fracasso da Rodada de Doha e sem perspectivas de sua retomada antes de 2009, depois das eleições nos EUA, haverá pressão para que a atual estratégia de negociação comercial seja revista.
Em resumo, a exemplo do ocorrido em 2007, no próximo ano, a inserção externa brasileira continuará a aprofundarse.
A percepção externa sobre o comportamento da economia e do setor externo permanecerá positiva, na medida em que a desaceleração da economia americana não afete significativamente o cenário global. O aspecto mais controvertido continuará a ser a política comercial externa, conduzida pelo Itamaraty.
Entrevista:O Estado inteligente
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