Artigo - Villas-Bôas Corrêa |
Jornal do Brasil |
26/12/2007 |
O clima natalino deu a sua ajuda à conciliação nacional com o desejável desarmamento da belicosidade que azedava as relações entre o presidente Lula e o Congresso, enquanto o Judiciário recolhia as velas para escapar das sobras da borrasca. Reconheça-se a contribuição decisiva da reviravolta presidencial que é uma das melhores características do seu temperamento, aprimorada com a experiência de cinco anos de dois mandatos e que serão de grande utilidade para os três próximos anos que fecham o ciclo e empurram o sonho do terceiro para as lonjuras de 2016. Entre as muitas demonstrações da superação do trauma da sua maior derrota política com a rejeição pelo Senado da emenda constitucional que prorrogava a cobrança da Contribuição Provisória sobre a Mobilização Financeira (a CPMF, mais conhecida pelo odiado apelido de imposto do cheque), nenhuma mais comovente do que as com as quais privilegiaram os catadores de materiais recicláveis, recebidos em São Paulo para uma conversa sobre amenidades. Pois o presidente esteve num dos seus melhores momentos, para o encanto do auditório embasbacado com o privilégio do desabafo. É exato que o degelo começou com a aprovação amistosa pelo Senado no pacto da reconciliação nacional da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que permite ao governo gastar livremente 20% das receitas da União, o que não tampa o rombo, mas alivia a apertura da perda dos R$ 40 bilhões anuais do imposto do cheque. Sensato como um monge tibetano depois de semanas de meditação, o presidente teceu o pano da bandeira da paz com a obviedade simples da constatação da evidência. E foi didático e direto: "Estas coisas a gente não tem que decidir rapidamente". Tomou fôlego e foi em frente: "Primeiro tem que conversar com todos os atores da política, os ministros da Fazenda e do Planejamento, todos os ministérios". Novo intervalo e fecho irretocável: "Estou totalmente tranqüilo de que vamos encontrar uma solução". Para não perder a viagem, uma cutucada no antecessor FH: "Não fui eu quem criou a CPMF". Os catadores de papel das ruas paulistas ainda não tinham ouvido o melhor do recado, com endereço ao coração do eleitor. "Tem gente que pensa que é melhor do que vocês, mas são eles que jogam o lixo na rua, que não fazem a reciclagem direta. Se não houvesse os sugismundos, não precisava ter os catadores". No outro lado do campo, os presidentes do Senado, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), acertam os relógios para uma anunciada maratona de recuperação da autoridade e do prestígio do Poder Legislativo, que anda realmente por baixo, com humilhantes recordes de rejeição popular em todas as pesquisas. Mas convém mergulhar no molho da desconfiança as barbas da esperança. Afinal, que diabo, temos sido punidos com frustrações em série desde a temporada dos escândalos do mensalão para o financiamento de campanhas de candidatos com dinheiro mais sujo do que os papéis recolhidos pelos catadores paulistas e do caixa 2 para a aquisição de deputados para o bloco governista. Ora, se a rotina de trabalho do Congresso é vexaminosa, com a madraçaria da semana de dois a três dias úteis, e se o governo tranca as pautas com a enxurrada das medidas provisórias, a evidência que não se tapa com dribles de corpo é que a crise do Legislativo é ética. Quem não quer meter a mão no lixo, não pode prometer faxina. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, dezembro 26, 2007
Governo e Congresso driblam a ética
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