O GLOBO - 21/04
A ânsia do governo de tentar cortar pela raiz a ameaça que vê na candidatura da ex-senadora Marina Silva em 2014, impedindo que seu novo partido tenha direito a tempo de propaganda eleitoral na televisão, revela uma preocupação que não corresponde à larga vantagem que a presidente Dilma Rousseff tem atualmente nas pesquisas eleitorais, e, sobretudo, denota o receio de ter que enfrentar um segundo turno na disputa pela reeleição.
O que pode explicar essa incongruência é o temor de que a situação econômica se deteriore até lá, pois, a permanecerem as condições atuais, nada indica que Dilma tenha maiores dificuldades para se eleger ainda no primeiro turno.
Situação semelhante ocorreu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em sua reeleição em 1998. O governo chegou à eleição com a economia debilitada pela necessidade de desvalorizar o real frente ao dólar, e temia-se que, se houvesse segundo turno, o PT pudesse vencer. No primeiro mês do segundo governo do PSDB houve a desvalorização, e a partir daí foram sendo criadas as condições para a chegada do PT ao governo.
A presidente Dilma chega a ter uma popularidade mais homogênea que a de Lula nos melhores momentos, pois conseguiu colocar um pé no eleitorado de classe média que ainda a tem como a "faxineira" ética que não compactua com a corrupção.
Cabe à oposição conseguir explicar ao eleitorado que a "faxineira" abandonou a vassoura há muito tempo, trazendo de volta ao governo todos aqueles que havia enxotado em defesa do bem público.
O problema da oposição é que todos os candidatos estão procurando o apoio desses mesmos personagens da vida política brasileira, que pilotam partidos com robustos tempos de televisão e escassos compromissos com a ética.
Além da questão ética do PT, que aparentemente Dilma conseguiu superar com sua atuação isolada da cúpula partidária envolvida no mensalão, o governo tem a seu favor até o momento ações concretas que mexem no bolso do cidadão: redução das tarifas de energia, corte do IPI para automóveis e aparelhos domésticos, desoneração da cesta básica, tudo anunciado pela televisão num abuso eleitoral não impedido por nenhuma ação do TSE, mesmo porque ainda não estamos, em tese, em época eleitoral.
Apesar de todas essas vantagens, o governo não quer dar chance ao azar, e a manobra governista para impedir a criação de novos partidos, que até recentemente era negada, acabou chancelada pelo secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, que se declarou favorável à fidelidade partidária, como se esse dispositivo não houvesse sido questionado diversas vezes pelo próprio PT por ser um "entulho autoritário".
A ação desabrida do governo está provocando, porém, uma aproximação dos partidos de oposição, que pode levar a uma ação conjunta mais forte do que seria provável anteriormente.
A ex-senadora Marina Silva, considerada a grande atingida pela ação do governo, voltou a ter a força eleitoral presumida com base em sua eleição de 2010, o que lhe dá uma expectativa de 20 milhões de votos que já não constava das avaliações mais recentes.
O PSDB, a quem ela recusou o apoio no segundo turno, hoje é o partido que mais está empenhado em ajudá-la na luta para barrar a investida da maioria governista no Senado, para onde vai o projeto após a aprovação da Câmara. O senador Aécio Neves atua nos bastidores, seu melhor ambiente político, para garantir que a lei só valha para depois de 2014.
E até o governador Eduardo Campos, cujos correligionários do PSB diziam meses atrás que não apoiariam Marina, caso ela fosse para o segundo turno, mostra-se empenhado em vê-la na disputa, já tendo elogiado a sua atuação política. Aos três interessa que todos estejam na disputa, para aumentar a chance de haver um segundo turno, no qual cada um espera o apoio dos demais, considerandose o único capaz de vencer a presidente Dilma.
O que pode explicar essa incongruência é o temor de que a situação econômica se deteriore até lá, pois, a permanecerem as condições atuais, nada indica que Dilma tenha maiores dificuldades para se eleger ainda no primeiro turno.
Situação semelhante ocorreu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em sua reeleição em 1998. O governo chegou à eleição com a economia debilitada pela necessidade de desvalorizar o real frente ao dólar, e temia-se que, se houvesse segundo turno, o PT pudesse vencer. No primeiro mês do segundo governo do PSDB houve a desvalorização, e a partir daí foram sendo criadas as condições para a chegada do PT ao governo.
A presidente Dilma chega a ter uma popularidade mais homogênea que a de Lula nos melhores momentos, pois conseguiu colocar um pé no eleitorado de classe média que ainda a tem como a "faxineira" ética que não compactua com a corrupção.
Cabe à oposição conseguir explicar ao eleitorado que a "faxineira" abandonou a vassoura há muito tempo, trazendo de volta ao governo todos aqueles que havia enxotado em defesa do bem público.
O problema da oposição é que todos os candidatos estão procurando o apoio desses mesmos personagens da vida política brasileira, que pilotam partidos com robustos tempos de televisão e escassos compromissos com a ética.
Além da questão ética do PT, que aparentemente Dilma conseguiu superar com sua atuação isolada da cúpula partidária envolvida no mensalão, o governo tem a seu favor até o momento ações concretas que mexem no bolso do cidadão: redução das tarifas de energia, corte do IPI para automóveis e aparelhos domésticos, desoneração da cesta básica, tudo anunciado pela televisão num abuso eleitoral não impedido por nenhuma ação do TSE, mesmo porque ainda não estamos, em tese, em época eleitoral.
Apesar de todas essas vantagens, o governo não quer dar chance ao azar, e a manobra governista para impedir a criação de novos partidos, que até recentemente era negada, acabou chancelada pelo secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, que se declarou favorável à fidelidade partidária, como se esse dispositivo não houvesse sido questionado diversas vezes pelo próprio PT por ser um "entulho autoritário".
A ação desabrida do governo está provocando, porém, uma aproximação dos partidos de oposição, que pode levar a uma ação conjunta mais forte do que seria provável anteriormente.
A ex-senadora Marina Silva, considerada a grande atingida pela ação do governo, voltou a ter a força eleitoral presumida com base em sua eleição de 2010, o que lhe dá uma expectativa de 20 milhões de votos que já não constava das avaliações mais recentes.
O PSDB, a quem ela recusou o apoio no segundo turno, hoje é o partido que mais está empenhado em ajudá-la na luta para barrar a investida da maioria governista no Senado, para onde vai o projeto após a aprovação da Câmara. O senador Aécio Neves atua nos bastidores, seu melhor ambiente político, para garantir que a lei só valha para depois de 2014.
E até o governador Eduardo Campos, cujos correligionários do PSB diziam meses atrás que não apoiariam Marina, caso ela fosse para o segundo turno, mostra-se empenhado em vê-la na disputa, já tendo elogiado a sua atuação política. Aos três interessa que todos estejam na disputa, para aumentar a chance de haver um segundo turno, no qual cada um espera o apoio dos demais, considerandose o único capaz de vencer a presidente Dilma.