O GLOBO - 12/04
Por enquanto, a razão não consegue dominar a emoção dentro do PSDB, pelo menos na facção tucana paulista que ainda não se conforma com a candidatura do mineiro Aécio Neves à Presidência da República, depois de uma série de seis candidaturas paulistas com quatro candidatos: Mario Covas, Fernando Henrique, José Serra e Geraldo Alckmin. A dor de coluna de Serra é seletiva, o impediu de comparecer na mesma sessão do seminário do PPS em que o senador Aécio Neves estaria presente, mas tudo indica que dará trégua hoje, quando está previsto um pronunciamento seu.
Esse foi mais um exemplo claro da desunião partidária já criticada publicamente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas desta vez há esperanças de que ela seja superada pelo espírito de sobrevivência dos tucanos, que já teriam entendido que não têm nenhuma chance de disputar a volta ao poder central se continuarem sem aproveitar o fato de que nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, têm força partidária que poderia alavancar a candidatura tucana.
Num discurso em que pela primeira vez assumiu sua candidatura à Presidência da República em 2014, Aécio Neves dirigiu sua voz à união das oposições, num terreno em que um aliado quase automático como o PPS agora pretende servir de trampolim para reforçar a oposição ao governo petista, mas não necessariamente apoiando o PSDB no primeiro turno.
Esses primeiros movimentos da oposição se tornaram mais efetivos com a possibilidade, cada vez mais concreta, de o governador de Pernambuco Eduardo Campos sair candidato à Presidência da República pelo PSB. Embora não tenha querido afrontar o governo tão diretamente participando do seminário do PPS, Campos enviou seu líder Beto Albuquerque que, além do discurso oposicionista, deu uma indicação de como as forças podem estar juntas em um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff.
Ele criticou duramente a tentativa do PT e PMDB de aprovar uma legislação que dificultaria a criação de novos partidos, denunciando que essa manobra, que não deu resultado num primeiro momento, tem o objetivo de impedir que Marina Silva consiga formar seu partido Rede, com o qual pretende concorrer à eleição presidencial.
A manobra governista foi impedida por uma ação conjunta de PSDB, PSB e mesmo de partidos da base aliada, que se incomodam com a hegemonia dos dois partidos maiores na aliança governista.
A solidariedade oposicionista está sendo construída com muita dificuldade, pois há diferenças entre os partidos que precisam ser superadas, e algumas dificilmente o serão. A própria Marina não aceitou participar do seminário do PPS, embora a sigla já lhe tenha sido oferecida como abrigo caso não consiga viabilizar a Rede.
Há também diferenças conceituais importantes entre o PSB e a visão de Marina sobre o meio ambiente que terão que ser superadas para que os dois possam estar unidos num eventual segundo turno. Seria mais fácil, no entanto, para Marina fazer um acordo com o PSDB agora que o candidato será Aécio Neves, ao contrário do que aconteceu em 2010, quando Marina não apoiou Serra no segundo turno, permanecendo neutra.
Paradoxalmente, o governo, ao iniciar a campanha eleitoral mais cedo, prestou um serviço à oposição, que terá mais tempo para resolver seus problemas internos antes de se lançar à disputa. Esse foi o sentido do discurso de Aécio Neves ontem no seminário do PPS, e o do próprio seminário, que pretendia representar o pensamento de uma nova esquerda diante do que seria o fim de um ciclo político liderado pelo PT.
Mas a oposição só conseguirá decretar o fim do ciclo petista se, além de se unir, convencer o eleitorado de que tem um projeto alternativo melhor, o que ainda está para ser apresentado.
Esse foi mais um exemplo claro da desunião partidária já criticada publicamente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas desta vez há esperanças de que ela seja superada pelo espírito de sobrevivência dos tucanos, que já teriam entendido que não têm nenhuma chance de disputar a volta ao poder central se continuarem sem aproveitar o fato de que nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, têm força partidária que poderia alavancar a candidatura tucana.
Num discurso em que pela primeira vez assumiu sua candidatura à Presidência da República em 2014, Aécio Neves dirigiu sua voz à união das oposições, num terreno em que um aliado quase automático como o PPS agora pretende servir de trampolim para reforçar a oposição ao governo petista, mas não necessariamente apoiando o PSDB no primeiro turno.
Esses primeiros movimentos da oposição se tornaram mais efetivos com a possibilidade, cada vez mais concreta, de o governador de Pernambuco Eduardo Campos sair candidato à Presidência da República pelo PSB. Embora não tenha querido afrontar o governo tão diretamente participando do seminário do PPS, Campos enviou seu líder Beto Albuquerque que, além do discurso oposicionista, deu uma indicação de como as forças podem estar juntas em um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff.
Ele criticou duramente a tentativa do PT e PMDB de aprovar uma legislação que dificultaria a criação de novos partidos, denunciando que essa manobra, que não deu resultado num primeiro momento, tem o objetivo de impedir que Marina Silva consiga formar seu partido Rede, com o qual pretende concorrer à eleição presidencial.
A manobra governista foi impedida por uma ação conjunta de PSDB, PSB e mesmo de partidos da base aliada, que se incomodam com a hegemonia dos dois partidos maiores na aliança governista.
A solidariedade oposicionista está sendo construída com muita dificuldade, pois há diferenças entre os partidos que precisam ser superadas, e algumas dificilmente o serão. A própria Marina não aceitou participar do seminário do PPS, embora a sigla já lhe tenha sido oferecida como abrigo caso não consiga viabilizar a Rede.
Há também diferenças conceituais importantes entre o PSB e a visão de Marina sobre o meio ambiente que terão que ser superadas para que os dois possam estar unidos num eventual segundo turno. Seria mais fácil, no entanto, para Marina fazer um acordo com o PSDB agora que o candidato será Aécio Neves, ao contrário do que aconteceu em 2010, quando Marina não apoiou Serra no segundo turno, permanecendo neutra.
Paradoxalmente, o governo, ao iniciar a campanha eleitoral mais cedo, prestou um serviço à oposição, que terá mais tempo para resolver seus problemas internos antes de se lançar à disputa. Esse foi o sentido do discurso de Aécio Neves ontem no seminário do PPS, e o do próprio seminário, que pretendia representar o pensamento de uma nova esquerda diante do que seria o fim de um ciclo político liderado pelo PT.
Mas a oposição só conseguirá decretar o fim do ciclo petista se, além de se unir, convencer o eleitorado de que tem um projeto alternativo melhor, o que ainda está para ser apresentado.